A temporada de 1992 do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos / Copa Shell foi de longe a mais difícil e problemática da história de doze anos deste certame. O campeonato chegou a ser paralisado por quase três meses, por conta de constantes adiamentos de uma das etapas, em Goiânia, graças a uma recusa da federação local de não arcar com os custos para realização da corrida, com a alegação que esta responsabilidade estava à cargo da promotora American Promotions e também aos patrocinadores do evento, a Shell e a Onyx Jeans. A Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) chegou a afastar a American Promotions da promoção do evento e tomou as rédeas da organização, em busca de soluções para a continuidade do campeonato.
Além destes imbróglios, o campeonato sofreu com o êxodo de competidores por todo o ano. Em algumas etapas, tivemos a inscrição de 9 / 10 carros. Para rebater o esvaziamento dos competidores regulares, o grid chegou a ser preenchido com competidores do Grupo N Regional. Alheios a toda essa crise, os pilotos principais e competidores regulares fizeram um campeonato digno e bem disputado, com a legitimidade que o certame merecia.
Em relação ao regulamento técnico, finalmente foi aberta a possibilidade de utilização dos motores de 1.800 cm³ de capacidade volumétrica. Os Escorts voltaram a ser utilizados com por mais equipes, o Voyage permaneceu como o carro mais utilizado e o Apollo apareceu pela primeira vez no grid, utilizado pela dupla Jorge de Freitas e Paulo Sarmento e também por Toninho da Matta. Era esperado que o Chevrolet Kadett – por seu tamanho e peso e também pela disponibilidade do motor 1.8 – fosse preparado por alguma equipe, mas o hatch da marca da gravatinha não apareceu nos grids. A equipe Greco até chegou a ensaiar a construção de um Kadett, mas o projeto nunca foi adiante. Já a Fiat não teve representantes por todo o ano. Ao mesmo tempo, era criada no Brasil a categoria monomarca da Fórmula Uno, organizada pelo time de Luis Antonio Greco, que preparava os motores para a categoria e dava todo o suporte técnico. A Fórmula Uno teve sucesso imediato, o que corroborou para abocanhar uma boa fatia dos pilotos que, de forma contumaz, competiam na Copa Shell, atraídos pela exposição, competitividade e custos convidativos.
O peso regulamentar era de 750 quilos para motores de 1.600 cm³ e 800 quilos para motores dispostos na transversal. Os carros deveriam ser monobloco e modelos como VW Voyage e Apollo, Ford Verona e Escort, GM Chevette e Kadett eram aceitos. A potência dos motores ficavam por volta de 140 cavalos. Estimava-se que velocidade máxima ficava em torno dos 200 Km/h.
Outra novidade - polêmica - do regulamento técnico desportivo era a adoção do "troféu bigorna", um lastro distribuído para cada um dos três primeiros colocados em cada etapa. O primeiro colocado recebia 30 quilos de chumbo, o segundo 20 quilos e o terceiro, 10 quilos. A novidade gerou reclamação entre os competidores. Em entrevista para a Rede Globo de Televisão, Paulão Gomes deu a sua opinião: "é uma coisa sem nexo, a gente alivia todo o carro de corrida, tira banco, tira forração, tira um monte de coisa e mete 30 quilos de chumbo ali dentro". O câmbio com blocante foi proibido pelo regulamento, com vistas a reduzir os custos. Mas foi outra decisão que gerou polêmica e descontentamento. Guga Ribas falou para o Jornal do Brasil sobre este ponto: "agora, gastaremos mais dinheiro com pneus, porque eles vão se desgastar mais sem o blocante". A questão do menor desgaste de pneus fez muitas equipes optar pelo Escort, que tinha um melhor equilibrio e gastava menos composto de borracha. Outra mudança foi no tempo de duração das baterias, reduzido de 45 para 25 minutos - a alteração foi realizada durante a temporada.
Importante ressaltar que as mudanças no regulamento técnico foram anunciadas muito tarde, às portas do começo da temporada, o que fez com que muitas equipes iniciassem o ano com os carros do ano passado. Muitas duplas estrearam os carros novos já com o campeonato em andamento. Como muitos já tinham fechado os contratos de patrocínio, foi necessário refazer as contas e angariar recursos adicionais para a construção de carros alinhados com o novo regulamento, para manter a competitividade. Teve equipe que precisou de aporte de aproximadamente 40 mil dólares. Este foi um dos pontos que gerou o êxodo dos competidores na temporada de 1992.
Os cariocas Andreas Mattheis e Paulo Júdice construíram um Escort muito competitivo, que foi apelidado de "Flechinha de Prata"
Em relação às duplas para 1992, Andreas Mattheis e Paulo Júdice mantiveram a parceria e competiram com o Voyage e também utilizaram na metade do campeonato o Escort. Os cariocas Guga Ribas e Silvio Crema mantiveram a dupla e, com o bom entrosamento, disputaram o título até a última etapa. Ingo Hoffmann e Paulo Gomes se juntaram, com apoio da Freios Varga e também alternaram Voyage e Escort durante o ano. Toninho da Matta começou o ano ao lado de Gunnar Volmer mas o catarinense, infelizmente, teve um problema de saúde e abandonou as competições. Tivemos também a participação dos excelentes Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan, Castrinho / Waldir Buneder, Egon Hertzfeldt / Walter Soldan e Clemente de Farias / Vinicius Pimentel. A dupla Gastão Weigert e Claudio Girotto – que venceu uma corrida – fecha o pelotão de frente das feras que disputaram o campeonato.
1ª Etapa - Tarumã – 15/03/1992
Os treinos na pista gaúcha tiveram como mais rápidos a dupla Claudio Girotto e César Augusto Palhares, com Escort, que marcaram o tempo de 1m21s76. Andreas Mattheis e Paulo Judice vieram na sequência com a marca de 1m21s77. Guga Ribas, animado em melhorar no classificatório, falou ao Jornal O Globo: “fiz um novo acerto na suspensão e acredito que dará para superar Girotto e Palhares”.
A chuva apareceu no domingo em Viamão para dar mais emoção à corrida. E o show ficou por conta dos pilotos "da casa". Conhecedores de cada palmo do chão do Tarumã, a dupla Walter Soldan / Egon Hertzfeldt levaram o Escort para uma prova de recuperação, largando da última posição do grid. Os bons resultados nas duas baterias fizeram a dupla vencer a etapa. Outros gaúchos que brilharam foram Waldir Buneder e Castrinho, que terminaram a etapa na segunda colocação.
Soldan falou ao Jornal O Globo, depois da corrida, aspas para ele: "de fato, a chuva nos ajudou. No sábado fez sol e nem treinamos. Chegamos hoje, acertamos o carro de manhã e fomos confiantes. A dupla tinha motivos para comemorar com a vitória logo na primeira etapa mas também tinham de se preocupar em levantar patrocínios equivalentes a 36 mil cruzeiros para poder participar da próxima corrida em Curitiba.
Escort dos gaúchos vencedores, Walter Soldan e Egon Hertzfeldt
Resultado final:
1º - Walter Soldan / Egon Hertzfeldt – Ford Escort – 1h32m23s328 – 20 pontos
2º - Waldir Buneder / Luis Castro “Castrinho” – Ford Escort – 16 pontos
3º - Claudio Girotto / César Augusto Palhares – Ford Escort – 11 pontos
4º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice – Volkswagen Voyage – 8 pontos
5º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann - Volkswagen Voyage - 6 pontos
6º - Guga Ribas / Silvio Crema - 5 pontos
2ª Etapa - Curitiba - 26/04/1992
A etapa na capital paranaense trouxe algumas novidades entre os competidores. As duplas cariocas Guga Ribas / Silvio Crema e Andreas Mattheis / Paulo Júdice estrearam o Escort 1.8 em substituição ao Voyage até então utilizado pelas equipes. A gaúcha Maria Cristina Rosito passaria a fazer dupla com o goiano Laércio Justino. Egon e Soldan, a dupla vencedora da primeira etapa, conseguiu orçamento para seguir no campeonato.
Na classificação, a dupla Andreas Mattheis e Paulo Judice foi a mais rápida com a marca de 1m43s60. O acerto do Escort estava demais: a dupla foi dois segundos mais rápida que os demais concorrentes. Toninho da Matta e Gunnar Volmer levaram o VW Apollo à segunda colocação no grid com o tempo de 1m45s71. Egon e Soldan, os líderes da tabela de pilotos, marcaram o quarto tempo (1m46s11) e Claudio Girotto / Sérgio Palhares ficaram com a terceira posição com o tempo de 1m45s95, todos de Escort.
Andreas Mattheis revelou à equipe de reportagem do Jornal do Brasil que o segredo para o ótimo desempenho foi o trabalho realizado após a primeira etapa. O próprio Mattheis chegou a emagrecer quatro quilos de tanto trabalhar e virar a noite na oficina, na busca do melhor acerto do Escort. "Ele está andando como um foguete", disse Mattheis ao repórter, em referência ao Escort prata da equipe. Já Ingo e Paulão tiveram que pedir emprestado um Voyage da equipe Hot-Car, de Amadeu Rodrigues, uma vez que o carro da equipe teve um pivô da suspensão dianteira do carro titular quebrado ainda nos treinos livres.
Os mais rápidos na classificação de Curitiba:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Ford Escort - 1m43s60
2º - Toninho da Matta / Gunnar Volmer - Volkswagen Apollo - 1m45s71
3º - Claudio Girotto / Sérgio Palhares - Ford Escort - 1m45s95
4º - Walter Soldan / Egon Hertzfeldt - Ford Escort - 1m46s11
5º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - Ford Escort - 1m46s17
6º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - Volkswagen Voyage - 1m46s32
Na corrida, a supremacia de Mattheis e Júdice se confirmou. Andreas largou na primeira bateria, assumiu a ponta e não saiu mais dela, conquistando a vitória com 34 segundos de vantagem para o segundo colocado. "Foi a vitória do trabalho" disse Mattheis à reportagem do Jornal do Brasil. Com esse literal passeio dos vencedores, coube a Ingo Hoffmann protagonizar um belo pega contra o Apollo de Toninho da Matta. A ultrapassagem que garantiu a segunda posição ao "alemão" foi realizada na curva do pinheirinho. A briga na pista foi tão boa e prazerosa que Toninho e Ingo trocaram abraços ao saírem de seus carros.
O mesmo clima amistoso não esteve presente na disputa entre Castrinho e Oscar Chanoski. Os dois pilotos trocaram tinta na pista e a estamparia rolou solta. Os ânimos se alteraram e insultos foram trocados quando os pilotos desceram dos seus carros. "Ele é um demente, vou acusá-lo de homicídio culposo na delegacia mais próxima!", relatou Castrinho ao Jornal do Brasil. Ao mesmo veículo de imprensa, Chanoski rebateu: "esse cara é um inconsequente". Os azarados do dia foram Guga Ribas / Silvio Crema, que tiveram um dos pistões do motor furado e Soldan / Egon, que também tiveram problemas de motor no Escort. Na segunda bateria, Paulo Júdice até se deu ao luxo de arrefecer o ritmo e deixar Paulão Gomes vencer. Com a soma dos resultados, Mattheis e Judice sairam vencedores da etapa em Curitiba e líderes do campeonato de pilotos.
Resultado final:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Ford Escort - 1h32m28s66
2º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - Volkswagen Voyage
3º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - Ford Escort
4º - Toninho da Matta / Gunnar Volmer - Volkswagen Apollo
5º - Waldir Buneder / Luis de Castro "Castrinho" - Ford Escort
6º - Rogerio dos Santos / Oscar Chanoski - Volkswagen Voyage
7º - Claudio Girotto / Sergio Palhares - Ford Escort
8º - James Sztajn / Ivan Mendes - Volkswagen Voyage
9º - Jorge de Souza / Roberto Mourão - Volkswagen Voyage
10º - Jorge de Freitas / Paulo Sarmento - Volkswagen Voyage
Campeonato de pilotos até o momento:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 28 pontos
2º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - 21 pontos
3º - Waldir Buneder / Luis de Castro "Castrinho" - 21 pontos
4º - Walter Soldan / Egon Hertzfeldt - 20 pontos
5º - Claudio Girotto / Sergio Palhares - 15 pontos
6º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - 12 pontos
7º - Toninho da Matta / Gunnar Volmer - 11 pontos
8º - Guga Ribas / Silvio Crema - 5 pontos
9º - Rogerio dos Santos / Oscar Chanoski - 5 pontos
3ª Etapa - Goiânia - 24/05/1992
Os pilotos do Brasileiro de Marcas tiveram uma boa notícia para esta etapa. A Shell forneceria 180 litros de combustível grátis para cada equipe, além de seis litros do óleo TMO, da marca. Uma valiosa ajuda em tempos de crise financeira no país.
E o domínio de Mattheis e Júdice se estendeu para a terceira etapa do campeonato em Goiânia. Os cariocas não deram chance à concorrência e ampliaram a liderança na tabela de pilotos. Nesta etapa, o mineiro não mais teria a parceria de Gunnar Volmer, acometido por doença. O catarinense abandonou as competições e em seu lugar veio Gastão Weigert.
Resultado final:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Ford Escort
2º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - Ford Escort
3º - Toninho da Matta / Gastão Weigert - Volkswagen Apollo
4º - Guga Ribas / Silvio Crema - Ford Escort
5º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - Volkswagen Voyage
Classificação do campeonato de pilotos até o momento:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 48 pontos
2º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - 27 pontos
3º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - 27 pontos
4ª Etapa - Goiânia (GO) - 16/08/1992
Depois de três meses, a quarta etapa do ano foi realizada, novamente no Autódromo de Goiânia. O domínio ficou com a dupla carioca Andreas Mattheis e Paulo Júdice, com o Ford Escort. O resultado assegurou Mattheis e Júdice na liderança do campeonato de pilotos.
Resultado final:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 1h33min24s
2º - Toninho da Matta / Gastão Weigert
3º - Guga Ribas / Silvio Crema
4º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann
Classificação do campeonato até o momento:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 48 pontos
2º - Toninho da Matta / Gastão Weigert - 41 pontos
3º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann - 38 pontos
5ª Etapa - Tarumã (RS) - 13/09/1992
Em Tarumã, foi a vez de mais uma dupla carioca faturar uma etapa, mas desta vez coube a Guga Ribas e Silvio Crema levar o seu VW Voyage para a vitória. Paulão Gomes e Ingo Hoffmann conseguiram um ótimo segundo lugar de Ford Escort e Andreas Mattheis e Paulo Júdice, também com Escort. Amadeu Rodrigues e Paulo Quinan finalizaram a etapa na quarta colocação e Clemente de Farias / Vinicius Pimentel terminaram em quinto.
Resultado final:
1º - Guga Ribas / Silvio Crema - 1h31min30s
2º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann
3º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice
4º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan
5º - Clemente de Farias / Vinicius Pimentel
Classificação do campeonato até o momento:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 59 pontos
2º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann - 52 pontos
3º - Guga Ribas / Silvio Crema - 47 pontos
4º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - 44 pontos
5º - Toninho da Matta - 44 pontos
6º - Waldir Buneder / Luis de Castro "Castrinho" - 33 pontos
6ª Etapa - Cascavel (PR) - 11/10/1992
Em Cascavel, foi a vez da dupla carioca Andreas Mattheis e Paulo Júdice ampliarem um pouco mais a liderança no campeonato de pilotos de 1992, ao faturar a etapa em Cascavel, a sexta do ano.
Resultado final:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice
2º - Egon Hertzfeldt / Walter Soldan
3º - Clemente de Farias / Vinicius Pimentel
Classificação do campeonato até o momento:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - 79 pontos
2º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann - 57 pontos
3º - Guga Ribas / Silvio Crema - 55 pontos
4º - Toninho da Matta - 55 pontos
5º - Xandy Negrão - 55 pontos
6º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - 48 pontos
7º - Egon Hertzfeldt / Walter Soldan - 46 pontos
7ª Etapa - Jacarepaguá - 15/11/1992
Confirmando a boa fase e o excelente acerto para a pista de Jacarepaguá, a dupla Paulo Júdice / Andreas Mattheis conquistaram a pole position "no quintal de casa", com o tempo de 2m22s805. Para complementar o grid do Brasileiro de Marcas, os carros da Copa Rio-Minas de Divisão 1 tomaram parte desta etapa, totalizando um grid de 34 carros. Paulo Júdice falou à reportagem do Jornal o Globo depois dos treinos: "é bem melhor largar em primeiro do que lá atrás. Mas, nesse circuito, isto não representa muito, pois existem vários pontos de ultrapassagem. Esta prova vai ser decidida nos últimos dez minutos. Isso porque o calor e as condições da pista provocam um desgaste muito grande dos pneus".
Mattheis e Júdice largando na pole em casa
Seguem os primeiros colocados no grid de largada:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Volkswagen Voyage - 2m22s805
2º - Toninho da Matta / Xandy Negrão -Volkswagen Voyage - 2m22s875
3º - Guga Ribas / Silvio Crema - Volkswagen Voyage - 2m23s090
4º - Paulo Sarmento / Jorge de Freitas - Volkswagen Apollo
5º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan - Ford Escort - 2m23s438
6º - Ingo Hoffmann / Paulo Gomes - Ford Escort - 2m23s883
A festa em Jacarepaguá estava mais do que completa. O grid estava lotado, tínhamos ótimo público nas arquibancadas do autódromo, a atriz Isadora Ribeiro foi contratada para animar a festa e dar a bandeirada de largada. Tínhamos a presença das lindíssimas gaúchas Lilian, Renata e Marilise, as trigêmeas que ilustraram a capa da última revista Playboy. Estava tudo pronto para o espetáculo na pista. E ele aconteceu com muitas disputas e emoções.
Após a largada, Jorge de Freitas, que largara na quarta colocação, assumiu a ponta da prova. Mattheis, Xandy Negrão, Ingo, Guga Ribas e Amadeu Rodrigues. Na Divisão 1, Heuber Cimini, de Voyage, vinha liderando a categoria. Mais à frente, brigando pela quarta colocação, na freada do grande retão e tomada para a curva rápida à esquerda, lado a lado vinham Amadeu Rodrigues por dentro, Guga Ribas pelo meio e Ingo Hoffmann por fora. Amadeu se enroscou com Guga e guinou para a direita, acertando Ingo. Os dois Escorts sairam da pista pela grama à direita, o oposto da curva, com Ingo levando a pior e acertando o muro defornte às arquibancadas. Seu eixo dianteiro direito ficou destruído e o "alemão" abandonou a prova ali mesmo. Amadeu conseguiu escapar da grama e da terra e voltar para a pista. Guga Ribas foi quem se deu melhor neste episódio e sequer escapou da pista.
A sequência do enrosco entre Ingo Hoffmann (Escort #22), Amadeu Rodrigues e Guga Ribas no final da reta oposta - Ingo (abaixo, voltando para os boxes desanimado) levou a pior e abandonou a bateria e a etapa
Amadeu até chegou a protestar contra Guga Ribas, mas a reclamação não foi levada à diante. Guga comentou o fato à reportagem do Jornal O Globo: "Amadeu me conhece e sabe que jamais provocaria uma batida de propósito".
Nesta altura, Jorge de Freitas abria vantagem na frente com seu Apollo. A boa briga ficou pela segunda posição, entre Andreas Mattheis, Xandy Negrão e Guga Ribas, que havia caído para a sétima colocação depois do enrosco da primeira volta e fazia uma bela corrida de recuperação. Vinicius Pimentel de Voyage vinha mais atrás na quinta colocação, seguido do Escort de Waldir Buneder.
Jorge de Freitas vence a primeira bateria, seguido de Guga Ribas em ótima prova de recuperação. Andreas Mattheis fica em terceiro e Xandy Negrão na quarta posição. Na Divisão 1 a vitória ficou com Heuber Cimini, seguido de Ivan Mendes.
Jorge de Freitas faturou a primeira bateria no Rio, de Apollo
Na segunda bateria, na primeira curva após a largada um grande acidente envolve 8 carros da Divisão 1. A carambola bloqueou a pista e obrigou a direção de prova a decretar bandeira vermelha. Era preciso retirar os carros - alguns ficaram literalmente enroscados -, limpar a pista e atender os pilotos. O carioca Alexandre Cunha foi quem levou a pior: uma senhora pancada na lateral do seu carro. O piloto foi encontrado na grama, sentado, amparado pelo guard-rail, ainda zonzo com a batida. Ele não sofreu ferimentos.
As imagens da destruição do acidente da largada da segunda bateria
Após a relargada, ainda na primeira volta Silvio Crema assume a liderança. Toninho da Matta e Paulo Júdice brigavam pela segunda colocação. Mais atrás, vinham Paulo Sarmento de Apollo, Vinicius Pimentel e Castrinho. Na Divisão 1, Heuber Cimini continuava dominante com seu Voyage.
Cimini e seu Voyage - dominantes na Divisão 1
Paulo Sarmento recupera-se e assume a segunda colocação, com Toninho da Matta em terceiro. Mas infelizmente Sarmento abandona a prova mais à frente. A briga pela segunda colocação fica então entre Paulo Judice e Da Matta. Júdice também tem problemas - uma pena seca - e perde terreno. Toninho então assegura a segunda colocação. Na Divisão 1 a briga entre Cimini e Ivan Franco pela vitória foi emocionante e levantou a galera das arquibancadas em Jacarepaguá.
Ao final da segunda bateria a vitória ficou com Silvio Crema, seguido de Toninho da Matta e Castrinho. Com a soma dos resultados, Guga Ribas e Silvio Crema venceram a etapa. Na briga pelo título de pilotos, contaram com o azar de Mattheis e Júdice nesta etapa e empurraram a decisão para a última etapa em Interlagos, no mês de dezembro. A briga está apertada - 79 pontos para Mattheis / Júdice contra 75 pontos para Ribas / Crema.
Guga Ribas, confiante e contente, falou à equipe de reportagem do Jornal O Globo após o final da etapa: "eu disse que surpreenderia, pois conheço como ninguém este autódromo". Guga também fez questão de elogiar bastante o desempenho de seu parceiro, Silvio Crema, na segunda bateria e também revelar que o acerto da carburação foi um dos fatores decisivos para o bom desempenho no traçado carioca.
Uma excelente etapa para Guga Ribas e Silvio Crema
Resultado final da etapa:
1º - Guga Ribas / Silvio Crema - Volkswagen Voyage
2º - Xandy Negrão / Toninho da Matta
3º - Waldir Buneder / Luis de Castro "Castrinho" - Ford Escort
4º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Volkswagen Voyage
8ª Etapa - Interlagos - 06/12/1992
O Autódromo de Interlagos receberia no primeiro fim de semana de dezembro um verdadeiro festival de velocidade. Nomeado de "Racing Day", era o último grande evento automobilístico do ano. Além do Campeonato Brasileiro de Marcas - com disputa no título de pilotos - teríamos as finais da Fórmula 3 Sul-Americana, Fórmula Chevrolet além da Stock Car Brasil.
Boxes cheios no "Racing Day" em Interlagos
O grid do Brasileiro de Marcas teria um total de 45 carros inscritos. O Grupo 1 Regional foi convidado a compor o grid. A dupla Mattheis / Júdice, que disputava o título de pilotos e nesta etapa correria com o Escort, inscreveu dois Voyages adicionais para contar com ajudas extras na busca pelo triunfo. A equipe carioca convocou pilotos de peso: Maria Cristina Rosito / Fábio Greco e Claudio Girotto / Egídio "Chichola" Micci. A ideia era abocanhar espaço contra os rivais Guga Ribas e Silvio Crema.
E Ribas / Crema não tiveram um fim de semana fácil. Nos treinos, era nítida a falta de desempenho do motor do Voyage vermelho e amarelo, que perdia algo na ordem de 6,5 Km/h de velocidade na reta em relação aos concorrentes. O sexto lugar nos treinos classificatórios, com o tempo de 2m06s294, foi o máximo que a dupla conseguiu.
O Apollo de Jorge de Freitas / Paulo Sarmento cravou a pole position, tendo a vantagem de menor peso, por não ter recebido o lastro nas etapas anteriores. Mattheis e Júdice começaram bem o fim de semana e qualificaram-se na segunda posição.
Para Guga Ribas e Silvio Crema sagrarem-se campeões de 1992, teriam de vencer a etapa e torcer para que Andreas Mattheis / Paulo Júdice finalizassem no mínimo na quarta colocação na classificação geral.
As primeiras posições na classificação:
1º - Jorge de Freitas / Paulo Sarmento - Volkswagen Apollo - 2m05s613
2º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Ford Escort - 2m05s856
3º - Walter Soldan / Egon Hertzfeldt - Ford Escort - 2m05938
Na primeira bateria os líderes do campeonato de pilotos começaram bem, alcançado a liderança na pilotagem de Júdice, mas o Escort perdeu rendimento, fazendo com que o piloto carioca caisse para a sétima colocação. A bateria foi vencida pelo Apollo de Jorge de Freitas / Paulo Sarmento, com Jorginho ao volante. Para Guga Ribas, a vitória era o único resultado possível para abocanhar o título, mas o carro não rendeu o bastante e ele finalizou a primeira bateria atrás de Paulo Júdice, dando adeus ao título.
Na segunda bateria, Paulo Sarmento assumiu o volante do Apollo mas perdeu rendimento e foi caindo de produção, para além do sétimo lugar. Já Andreas Mattheis veio de trás galgando posições e logo assumiu a liderança. A briga pela segunda colocação foi emocionante entre Chichola e Fabio Greco, com os Voyages da equipe de Mattheis.
Disputa acirrada no "S" do Senna, com o Voyage de Girotto e Chichola puxando o pelotão
No cômputo geral das duas baterias, a vitória na etapa de São Paulo ficou com dupla Claudio Girotto e Egídio Chichola, a dupla inscrita de última hora para ajudar Mattheis e Júdice. Sarmento e Jorginho terminaram em segundo, mostrando evolução do Apollo. Destaque também para a dupla Maria Cristina Rosito e Fábio Greco, que com o Voyage da equipe de Mattheis terminou numa sólida quinta posição.
O campeão Andreas Mattheis falou à reportagem do Jornal O Globo depois da prova: "a atuação da equipe foi perfeita durante toda a temporada. Tivemos muita tranquilidade para disputar essa prova". Mattheis também elogiou o desempenho dos seus adversários, os cariocas Guga Ribas e Silvio Crema. De fato, foi uma disputa de altíssimo nível por toda a temporada de 1992.
O Escort "Flechinha de Prata" de Mattheis e Júdice - bom acerto levou a dupla ao primeiro título
Resultado final:
1º - Claudio Girotto / Egídio "Chichola" Micci - Volkswagen Voyage
2º - Jorge de Freitas / Paulo Sarmento - Volkswagen Apollo
3º - Clemente de Farias / Vinicius Pimentel - Volkswagen Voyage
4º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice - Ford Escort
5º - Maria Cristina Rosito / Fábio Greco - Volkswagen Voyage
6º - Guga Ribas / Silvio Crema - Volkswagen Voyage
Classificação final do campeonato de pilotos:
1º - Andreas Mattheis / Paulo Júdice – 87 pontos
2º - Guga Ribas / Silvio Crema – 75 pontos
3º - Toninho da Matta – 62 pontos
4º - Paulo Gomes / Ingo Hoffmann – 57 pontos
5º - Amadeu Rodrigues / Paulo Quinan – 48 pontos
6º - Waldir Buneder / Luis Castro “Castrinho” – 46 pontos
7º - Egon Hertzfeldt / Walter Soldan – 44 pontos
8º - Clemente de Farias / Vinicius Pimentel – 42 pontos
9º - Claudio Girotto – 35 pontos
10º - Gastão Weigert – 33 pontos
A Ford aproveitou o título de pilotos para fazer propaganda do Escort
Mais imagens da temporada de 1992:
Foto gentilmente cedida ao Blog do Carelli pelo jornalista Paulo "McCoy" Lava - Foto de autoria de Ayrton Mitczuck - Ford Escort da dupla Walter Soldan / Egon Hertzfeldt
Foto gentilmente cedida ao Blog do Carelli pelo jornalista Paulo "McCoy" Lava - Foto de autoria de Ayrton Mitczuck - Ford Escort da dupla Waldir Buneder e "Castrinho"
O Voyage que foi utilizado durante o ano pela dupla campeã, Mattheis e Júdice
Volkswagen Apollo de Toninho da Matta e Gunnar Volmer
Voyage dos cariocas Guga Ribas e Silvio Crema, vice-campeões entre os pilotos
O "Flechinha de Prata" dos campeões
O mineiro Toninho da Matta guiando o Apollo
Andreas Mattheis (dentro do carro) e Paulo Júdice
A beleza feminina na Copa Shell - as trigêmeas que foram capa da revista Playboy
Guga Ribas
O Ford Escort da dupla Ingo Hoffmann e Paulo Gomes
Paulo Sarmento na etapa do Rio
A beleza feminina na Copa Shell - a atriz Isadora Ribeiro em Jacarepaguá
A beleza feminina na Copa Shell
Paulão Gomes
Ingo Hoffmann liderando o pelotão no Rio com seu Escort
Volkswagen Apollo de Jorge de Freitas e Paulo Sarmento
O carioca Silvio Crema
Ford Escort de Castrinho e Buneder
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