Na primeira metade da década de 90 o brasileiro vivenciou a
chegada no mercado de diversos lançamentos de carros classificados como
“populares”. A redução na alíquota de imposto para modelos com motorização
abaixo de mil cilindradas foi o estopim para o movimento das fábricas em
direção a novos produtos voltados para este segmento.
A pioneira foi a Fiat, que botou um motor “mil” no Uno e
lançou o consagrado Mille. Na esteira, chegaram o Gol 1000, Chevette Junior,
Escort Hobby e o mais moderno da turma: o Chevrolet Corsa. O modelo da GM trazia da Europa o conceito de “city car”, ou
carro para uso na cidade. Pequeno em tamanho, bom espaço interno, desenho e
motorização modernos, o carro foi uma das principais apostas da marca da
gravata aqui no país, na década de 90.
E foi uma boa aposta. O carro cativou o público e os índices
de vendas aumentaram a cada ano. O Corsa tornou-se o que
pode ser chamado de “o carro da moda”.
Nessa época, as fábricas nacionais ainda desenvolviam e
lançavam modelos com proposta e desempenho esportivo. E com o Corsa não foi
diferente. Em 1995, a General Motors do Brasil lançava a versão GSi, que logo
lançou-se no embate pelo mercado fronte a modelos como o consagrado Gol GTi e o
apimentado Uno Turbo. Estes eram os “hot hatches” brasileiros na metade da
década de 90.
O GSi era empurrado por um motor de 1,6 litros de
deslocamento, que rendia 109 cavalos de potência. O bloco tinha cabeçote de 4
válvulas por cilindro e levava o pequeno Corsa a 195 Km/h, fazendo de 0 a 100 Km/h em pouco mais de 9
segundos. Um bom desempenho para um motor de 1.600 cm³.
Por falar em desempenho, o pequenino esportivo não fazia tão
feio. Nos testes realizados pela revista Quatro Rodas em outubro de 1994,o
hatch atingiu 193,2 Km/h e passou a ser o líder em aderência no ranking dos
carros nacionais da época, com 0,92g de aceleração lateral, creditada pelos
jornalistas da revista à nova calibragem da suspensão.
Externamente, o Corsa GSi caprichava no estilo: aerofólio
traseiro, spoilers laterais, rodas de liga leve de desenho esportivo e defletor
no pára-choque dianteiro. No pacote de equipamentos, o esportivo trazia bancos
com tecido exclusivo e encostos de cabeça vazados, banco do motorista com
regulagem de altura, volante de desenho e empunhadura esportiva, painel com
instrumentação completa, além de ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores
de comando elétrico e podia vir equipado opcionalmente com teto solar.
O Corsa GSi foi o último esportivo genuíno da General Motors
do Brasil. Até hoje, tem fãs que reverenciam o desempenho e o estilo do pequeno
“hot hatch”, que de vez em quando pode ser visto nas ruas, com sua desenvoltura
e o característico ronco grave do escape.