Acidentes com incêndios no automobilismo são os eventos que mais trazem medo e preocupação para quem está envolvido com o esporte a motor. Quando se sobrevive a um acidente dessa natureza, as seqüelas são, na maioria dos casos, para toda uma vida.
O sobrevivente mais conhecido no mundo do automobilismo de um acidente com fogo é o austríaco Niki Lauda, que nos deixou em 2019. Lauda sofreu um acidente no Grande Prêmio da Alemanha de 1976, na ocasião correndo para a Ferrari. O austríaco ficou entre a vida e a morte e as marcas das profundas queimaduras em sua pele, principalmente em seu rosto, o acompanharam por toda a vida. Lauda voltou a pilotar e ainda conquistou mais dois títulos mundiais de Fórmula 1.
O jovem dinamarquês Kris Nissen
Mas temos o caso de um outro piloto que enfrentou um grave acidente seguido de incêndio e que também teve a sua vida alterada para sempre e, assim como Lauda, voltou bravamente para o mundo das corridas, ignorando o medo e os traumas que um incidente desta natureza invariavelmente pode trazer.
Estamos falando do dinamarquês Nils-Kristian "Kris" Nissen. Em 1988, no auge da sua carreira de piloto de competições, Nissen corria para a equipe Kremer Leyton House e sofreu um acidente com seu Porsche 962C em Fuji, no Japão, na ocasião da disputa de uma das etapas do campeonato japonês de Esporte Protótipos. O devastador acidente foi sucedido de um incêndio que marcou o corpo e o alterou a feição do dinamarquês para sempre. Foram mais de 8 meses de hospital entre a vida e a morte, alguns longos dias em coma, necessários para a plena recuperação do piloto.
As horríveis imagens do Porsche 962C destruído após o acidente de Nissen em Fuji
Depois de um ano de recuperação, muita fisioterapia e treinamentos, Nissen voltava para as competições no campeonato alemão de turismo, o DTM, pela BMW, em 1989. Em 1994, correndo para a equipe Schübel Engineering, vence a segunda bateria da etapa de Norisring do DTM com uma Alfa-Romeo 155 multi colorida. Nos boxes, sua mãe, ao lado dos engenheiros e técnicos da equipe, comemorava o triunfo com muita emoção. Na narração da corrida para a Rede Manchete, Edgard de Mello Filho resumiu perfeitamente o momento: "Kris Nissen, que saiu do inferno para a vitória em Norisring!".
A Alfa-Romeo 155 da vitória em Norisring
Nissen ainda disputou o STW, o campeonato alemão de superturismo pela Ford e pela Audi, foi diretor de competições da Volkswagen, com atuação no Rally Dakar quando a montadora alemã se aventurou de forma bem sucedida na prova mais difícil do mundo. Hoje, com 59 anos, Kris Nissen se afastou das competições e mora na aprazível Suiça.