domingo, 27 de janeiro de 2019

Circuito Gran Turismo BPR Brasil 1996 - Etapas de Curitiba e Brasília





Registro de uma etapa do BPR no ano de 1996



Em 1994, três entusiastas europeus, amplamente envolvidos com o automobilismo, resolveram criar um campeonato que marcaria a história do esporte a motor. Em março de 1994, Jürgen Barth, que havia participado de diversas edições das 24 Horas de Le Mans, Patrick Peter, organizador de corridas clássicas como Tour de France e os 1.000 Km de Paris e Stéphane Ratel, que havia criado o Troféu Gentleman Venturi (e que muitos anos depois seria o idealizador do SRO, que disseminou os campeonatos de GT3 por todo o mundo, inclusive no Brasil) criaram o Global BPR Endurance Series.


A sigla BPR era a junção das primeiras letras dos sobrenomes dos três criadores. Os grandes motes do campeonato eram a participação de pilotos "gentleman drivers" com grana para bancar os custos, aliados a pilotos profissionais, que invariavelmente entravam com patrocínios pessoais e eram os responsáveis pelo "coach" técnico do parceiro e também pelo desenvolvimento do equipamento.


O campeonato veio estrategicamente ocupar um espaço deixado pelo Grupo C, o campeonato de esporte-protótipos criado e solidificado nos anos 80 e que foi extinto mais precisamente em 1993.


Os carros eram as grandes atrações do campeonato. Estava aberta a participação de Superesportivos Gran Turismo das categorias GT1 e GT2, com custo fixado em 1 milhão de dólares. Peças de reposição eram tabeladas e preços congelados, itens com freios e câmbio eram "standard" e as dimensões da carroceria tinham de ser as originais, tudo para evitar a "orgia eletrônica" que praticamente matou, por exemplo, o DTM/ITC em 1996.


Os principais modelos que disputaram o BPR foram o McLaren F1 GTR, Ferrari F40 GTE, Porsche 911 GT2, Dodge Viper GTS, Lotus Espirit, Jaguar XJ220, entre outros. A temporada de 1994 foi de experiência para equipes, pilotos e organizadores. A temporada valendo pontuação, e com status de certame mundial, começaria em 1995.


E foi em 1995 que tivemos a forte participação do brasileiro Maurizio Sandro Sala, o piloto nacional com o melhor desempenho no BPR. Correndo com um McLaren F1 GTR da equipe Gulf Racing GTC e tendo como parceiro o inglês Ray Bellm, o brasileiro venceu 5 das 12 provas do campeonato (4 Horas de Jerez de La Frontera (Espanha), 4 Horas de Paul Ricard (França), 4 Horas de Jarama (Espanha), 4 Horas de Nürburgring (Alemanha) e os 1.000 Km de Suzuka (Japão)), terminando o campeonato da terceira colocação no geral. Os campeões da temporada foram o alemão Thomas Bscher e o dinamarquês John Nielsen, com o McLaren F1 GTR da equipe inglesa David Price Racing.





Maurizio Sala à bordo do McLaren F1 GTR nas 4 Horas de Paul Ricard em 1995




O campeonato cresceu e em 1996 o BPR teve a participação de 65 equipes e aproximadamente 220 pilotos. Foram 11 etapas de longa duração (a maioria de 4 horas de prova).


Neste ano tivemos diversas participações brasileiras no BPR. Das 11 etapas do calendário, só não tivemos brazucas em disputas nos 1.000 Quilômetros de Suzuka (Japão) e nas 4h Zhuhai (China). Em Paul Ricard, André Lara Resende, em dupla com Toni Seiler, finalizou na décima terceira posição com um Porsche 911 GT2 da equipe Konrad Motorsports. Thomas Erdos, em parceria com Cor Euser, disputaram a prova mas não finalizaram, com problemas na caixa de câmbio do Marcos LM600.


Em Monza, Erdos e seu companheiro de equipe finalizaram na nona colocação. No circuito de Jarama, na Espanha, veio a primeira vitória do ano na categoria GT2, com uma sétima colocação na classificação geral.





O Marcos LM600 de Thomas Erdos e Cor Euser, em Monza (Itália)



Em Silverstone, praticamente a casa de Thomas Erdos (ele se radicou na Inglaterra desde o começo da década de 90), ele e Cor Euser finalizaram na décima posição na geral e conquistaram a segunda vitória na categoria GT2.


Foi em Silverstone que Nelson Piquet, convidado da equipe italiana Bigazzi (com quem o brasileiro tinha estreita ligação, inclusive tendo participado com eles de provas de longa duração em Spa-Francorchamps e Nürburgring em anos anteriores) participou da única prova oficial dele no BPR em 1996. Ao lado do inglês Steve Soper e a bordo de uma McLaren F1 GTR, Piquet terminou a prova na quarta colocação.


E teve mais Brasil em Silverstone. Na classe GT2, o trio André Lara Resende, Gualter Salles e Roberto Aranha infelizmente não terminaram a prova, após um acidente com o Porsche 911 GT2 da Konrad Motorsports, na volta 108.




Um "mar" de Prosches 911 GT2, o modelo mais utilizado no BPR




Na etapa de Nürburgring, a dupla Erdos e Euser abandonaram na volta 61 com problemas em uma das rodas do Marcos LM600. A sorte abandonou o brasileiro também na Suécia, em Anderstop, com um abandono logo no começo da prova (volta 16) com falhas no motor.


Thomas Erdos e Cor Euser espantaram a má fase em Brands Hatch, terminando em sétimo na classificação geral e em oitavo na Bélgica, em Spa Francorchamps. Por fim, a dupla teve um abandono com problemas no diferencial do Marcos na pista francesa de Nogaro. André Lara Resende e Roberto Aranha também correram na França, porém ao lado de Karel Dolejší, com o Porsche 911 GT2 da Konrad, porém abandonaram na volta 69 com avarias na caixa de câmbio.


Os campeões da temporada foram os ingleses Ray Bellm (o parceiro de Sala na temporada anterior) e James Weaver, com McLaren F1 da equipe Gulf Racing GTC. Aliás, o superesportivo inglês foi o modelo mais competitivo e bem sucedido nos dois campeonatos do BPR disputados. Este seria o último ano do BPR neste formato, com carros mais próximos dos originais e equipes essencialmente particulares. Para 1997, foi criado o FIA GT, com participação oficial de fábricas como Mercedes Benz, Porsche, Panoz-Ford, Lotus, Lister Storm, Marcos e Chrysler.




O BPR vem para o Brasil


Terminada a temporada de 1996, os brasileiros Nelson Piquet, entusiasmado com a sua participação no BPR na etapa de Silverstone, aliado a Antonio Hermann, conseguiram junto aos organizadores da categoria a realização de duas etapas extra-campeonato no Brasil, em dezembro. É fato que as principais equipes e pilotos do campeonato regular não compareceram, mas mesmo assim foi um grande acontecimento para o aficcionado por automobilismo no país. Ter a oportunidade de ver de perto os melhores superesportivos em versão de corrida foi, ao lado da vinda do ITC para uma etapa em Interlagos, em outubro do mesmo ano, os melhores acontecimentos do ano para o fã do esporte a motor brasileiro.







Foram escolhidos os autódromos de Curitiba, com a etapa no fim de semana do dia 8 de dezembro e Brasília, no fim de semana subseqüente. Cada prova teria duas horas de duração e a participação em cada carro seria de duplas. Ao todo, vieram 20 carros para o Brasil, sendo 5 da categoria GT1 (três McLaren F1 GTR e duas Ferrari F40 GTE) e 15 da categoria GT2 (um Corvette Callaway, um Dodge Viper GTS e o restante, Porsches 911 GT2). Pilotos brasileiros tivemos aos montes, inclusive muitos que disputaram algumas etapas da temporada regular: Nelson Piquet, Maurizio Sandro Sala, Antonio Hermman, Flávio Trindade, Luiz Garcia Júnior, André Lara Rezende, Mauricio Slavieiro, Luiz Amorim, Fernando Parra, Roberto Keller, Roberto Aranha, Hélio "Pingo" de Lima Saraiva, Alfonso Serra e Ângelo Giombelli.



2 Horas de Curitiba



A prova foi realizada com tempo bom, céu azul e sol na região dos pinhais. Nas provas de classificação, a pole position foi conquistada por Maurizio Sala / Fabien Giroix, com McLaren F1 GTR. Antônio Hermann e Max Angelelli, com Ferrari F40, partiriam da segunda posição. Nelson Piquet e o venezuelano Johnny Cecotto largariam em terceiro com McLaren F1 e em quarto, a dupla John Nielsen / Thomas Bscher, também com McLaren. Fechando os carros de frente - e da categoria GT1 -, na quinta posição largou a dupla Luiz Garcia Júnior e Luciano Della Noce. Na pole da categoria GT2 e sexta colocação no grid, largou o Porsche 911 GT2 da Konrad Motorsport, da dupla Jürgen Barth e o paranaense Flávio Trindade.





Antonio Hermann e sua Ferrari F40 GTE




Na largada lançada, Sala manteve a ponta, seguido pela Ferrari de Hermann. A Mclaren de Cecotto/Piquet manteve a terceira colocação. Ainda na primeira volta, Cecotto ultrapassou a Ferrari para galgar a segunda posição. Ao final da primeira volta, o venezuelano já conquistava a ponta da prova. Mais atrás, a McLaren de Nielsen/Bscher brigava com as duas Ferraris pela quarta posição.


Na categoria GT2, a briga estava polarizada entre os Porsches do brasileiro Flávio Trindade,  do francês Christophe Bouchut, da tradicional equipe Larbre. e Franz Konrad.





Fabien Giroix e Maurizio Sala



Nas paradas de boxes para reabastecimento, troca de pneus e mudança de pilotos, a equipe Bigazzi adiantou ao máximo o pit stop de Cecotto, mantendo o venezuelano na pista, com seguidas voltas rápidas, o que permitiu abrir vantagem em relação aos demais. Piquet assumiu a McLaren número 01 para finalizar a prova.


Sala entregou a McLaren para Giroix na segunda posição, sem que os terceiros colocados o ameaçassem. Porém o francês não conseguiu manter a vantagem e sofreu forte pressão de John Nielsen, que chegou a ultrapassar a Mclaren do time francês. Mais algumas voltas e Giroix assumiu a segunda posição para não mais perdê-la.




Corvette Callaway e Dodge Viper, lado a lado, descendo a reta de Curitiba



Nelson Piquet recebeu a bandeirada na primeira posição após 88 voltas, para a alegria do dono da equipe, Gabriele Rafanelli. Foi um pódio repleto de McLarens, com Sala/Giroix em segundo e Nielsen/ Bscher em terceiro. Hermann e Angelelli fizeram as honras da Ferrari e finalizaram na quarta posição, uma vez que Luiz Garcia Júnior abandonou com problemas na caixa de câmbio da sua F40. Na quinta posição, após um show de pilotagem, chegaram os vencedores da categoria GT2, Flávio Trindade e Jürgen Barth.




Flávio Trindade e Jürgen Barth foram destaque em Curitiba, vencendo na categoria GT2 com o Porsche 911 da equipe Konrad




Circuito Gran Turismo Brasil - 2 Horas de Curitiba (Autódromo Internacional de Curitiba - Circuito Raul Boesel) - 08 de dezembro de 1996 - Resultado Final:


1º - Nelson Piquet / Johnny Cecotto - McLaren F1 GTR #01 - Team Bigazzi - 88 voltas (Categoria GT1)
2º - Maurizio Sandro Sala / Fabien Giroix - McLaren F1 GTR #9 - Team Franck Muller Watch (Categoria GT1)
3º - John Nielsen / Thomas Bscher - McLaren F1 GTR #1 - Team West Competition (Categoria GT1)
4º - Antônio Hermann / Max Angelelli - Ferrari F40 GTE #28 - Euroteam (Categoria GT1)
5º - Flávio Trindade / Jürgen Barth - Porsche 911 GT2 #11 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
6º - Patrice Goueslard / Christophe Bouchut - Porsche 911 GT2 #96 - Larbre Competition (Categoria GT2)
7º - Franz Konrad / Bob Wollek - Porsche 911 GT2 #88 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
8º - André Lara Resende / Wido Rössler - Porsche 911 GT2 #107 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
9º - Michel Ligonnet / Andy Pilgrim - Porsche 911 GT2 #106 - Roock Racing (Categoria GT2)
10º - Kurt Huber / Toni Seiler - Callaway Corvette #74 - Team Callaway Schweiz (Categoria GT2)
11º - Mauricio Slavieiro / Luiz Amorim - Porsche 911 GT2 #65 - Roock Racing (Categoria GT2)
12º - Fernando Parra / Grant Tromans - Porsche 911 GT2 #111 - Team Chamberlain (Categoria GT2)
13º - Robetto Keller / Roberto Aranha - Dodge Viper GTS #95 - Team European Luigi Racing (Categoria GT2)
14º - Raymond Touroul / Jean-Louis Ricci - Porsche 993 RSR #59 - Team Raymond Touroul (Categoria GT2)
15º - Hélio "Pingo" de Lima Saraiva / Alfonso Serra - Porsche 911 GT2 #77 - Team Seikel Motorsport (Categoria GT2)
16º - Karl Augustin / Alfred Gramsel - Porsche 911 GT2 #16 - Team Karl Augustin (Categoria GT2)


Não finalizaram a prova:

- Luiz Garcia Júnior / Luciano Della Noce - Ferrari F40 GTE #27 - Euroteam (Categoria GT1)
- Günter Chrzanowski / H. G. Engels - Porsche 993 RSR - Team Chrzanowski (Categoria GT2)










2 Horas de Brasília



Com um intervalo de apenas uma semana, o circo do BPR desembarcou na capital federal para a segunda e última etapa extra-campeonato, do que foi chamado o "Circuito Granturismo BPR Brasil". A prova teria desta vez a transmissão pela Rede Globo de Televisão, no programa dominical "Esporte Espetacular". A narração ficou a cargo de Cleber Machado, comentários de Reginaldo Leme e reportagens de Ana Zimmerman.





A largada em Brasília




Na casa de Nelson Piquet, não seria diferente que o brasileiro, ao lado de Johnny Ceccoto conseguisse um ótimo desempenho. Com o venezuelano largando na prova, o time logo consolidou a liderança da corrida, com outra McLaren, na pilotagem inicial de Maurizio Sala comboiando na segunda posição. A dupla Wolfgang Kaufmann / Emmanuel Clérico, com Porsche 911 da categoria GT2, ocupava no começo da corrida uma ótima terceira posição, deixando a Ferrari F40 de Luiz Garcia Júnior / Luciano Della Noce e a McLaren de John Nielsen / Thomas Bscher para trás. Enquanto isso, Antonio Hermann imprimia uma prova de recuperação com a Ferrari F40, uma vez que largou no final do grid por conta de um forte acidente nos treinos. A equipe varou a madrugada, trabalhando duro para entregar o carro em perfeitas condições para a prova.


Com meia hora de prova, Cecotto teve um problema inusitado no seu "stint", quando a porca da roda dianteira esquerda se soltou, desprendendo a roda do cubo. O venezuelano teve perícia e calma para levar o McLaren aos boxes. O prejuízo foi razoável, perdendo a liderança e caindo para a décima colocação. Quem assumiu a ponta neste momento foi Maurizio Sala, que permaneceu por lá por um bom tempo. Mais atrás, Cecotto vinha descontando a diferença volta a volta. Foi muito bem e entregou o carro para Nelson Piquet, no pit stop, na liderança da prova.





Piquet e o McLaren F1 da equipe Bigazzi



A partir daí, foi administrar a liderança da prova, aproveitando-se da hegemonia da McLaren com motor V12 BMW, para receber a bandeirada e levar a segunda vitória na epopeia do BPR no Brasil. A dupla Maurizio Sala e Fabien Giroix, em que pese enfrentarem um problema de superaquecimento na caixa de câmbio, novamente conquistaram a segunda posição. Menção honrosa para Antonio Hermann e Max Angelelli, que largaram na vigésima posição e levaram a Ferrari F40 para a terceira posição ao final, podendo experimentar o sabor do champanhe. A vitória na categoria GT2 ficou com a dupla Michel Ligonnet / Andy Pilgrim, com Porsche 911 GT2 da equipe Roock Racing. Flavio Trindade e Jürgen Barth não tiveram melhor sorte e abandonaram com um estouro de motor no Porsche 911 GT2.





Momento em que o motor do Porsche 911 GT2 de Flávio Trindade e Jürgen Barth se entrega




Circuito Gran Turismo Brasil - 2 Horas de Brasília (Autódromo Nelson Piquet) - 15 de dezembro de 1996 - Resultado Final:


1º - Nelson Piquet / Johnny Cecotto - McLaren F1 GTR #01 - Team Bigazzi - 60 voltas (Categoria GT1)
2º - Maurizio Sandro Sala / Fabien Giroix - McLaren F1 GTR #9 - Team Franck Muller Watch (Categoria GT1)
3º - Antônio Hermann / Max Angelelli - Ferrari F40 GTE #28 - Euroteam (Categoria GT1)
4º - John Nielsen / Thomas Bscher - McLaren F1 GTR #1 - Team West Competition (Categoria GT1)
5º - Luiz Garcia Júnior / Luciano Della Noce - Ferrari F40 GTE #27 - Euroteam (Categoria GT1)
6º - Michel Ligonnet / Andy Pilgrim - Porsche 911 GT2 #106 - Roock Racing (Categoria GT2)
7º - Franz Konrad / Wido Rössler - Porsche 911 GT2 #88 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
8º - Mauricio Slavieiro / George Wadell - Porsche 911 GT2 #65 - Roock Racing (Categoria GT2)
9º - Wolfgang Kaufmann / Emmanuel Clérico - Porsche 911 GT2 #49 - Team Freisinger Motorsport (Categoria GT2)
10º - Karl Augustin / Alfred Gramsel - Porsche 911 GT2 #16 - Team Karl Augustin (Categoria GT2)
11º - André Lara Resende / Roberto Aranha - Porsche 911 GT2 #107 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
12º - Hélio "Pingo" de Lima Saraiva / Alfonso Serra - Porsche 911 GT2 #77 - Team Seikel Motorsport (Categoria GT2)
13º - Kurt Huber / Toni Seiler - Callaway Corvette #74 - Team Callaway Schweiz (Categoria GT2)
14º - Günter Chrzanowski / H. G. Engels - Porsche 993 RSR - Team Chrzanowski (Categoria GT2)
15º - Jean F. Veyroux / Jean-Louis Ricci - Porsche 993 RSR #59 - Team Raymond Touroul (Categoria GT2)
16º - Robetto Keller / Angelo Giombelli - Dodge Viper GTS #95 - Team European Luigi Racing (Categoria GT2)


Não finalizaram a prova:

- Flávio Trindade / Jürgen Barth - Porsche 911 GT2 #11 - Konrad Motorsport (Categoria GT2)
- Stéphane Ratel / Gerold Ried - Porsche 911 GT2 #51 - Team Proton Racing (Categoria GT2)
- Patrice Goueslard / Christophe Bouchut / Jack Leconte - Porsche 911 GT2 #96 - Larbre Competition (Categoria GT2)
- Fernando Parra / Grant Tromans - Porsche 911 GT2 #111 - Team Chamberlain (Categoria GT2)









Entrevista - Maurizio Sandro Sala


Para falar sobre o Global BPR Endurance Series e as provas realizadas no Brasil, conversamos com o piloto Maurizio Sandro Sala. Maurizio tem larga experiência em provas internacionais de longa duração e obteve 5 vitórias com McLaren F1 GTR na temporada de 1995 do BPR, consolidando-se como o melhor brasileiro a participar desse campeonato:


Blog: Você participou do Global BPR em 1995. Como surgiu esse convite?

Maurizio Sala: Bom, eu tinha participado das Mil Milhas aqui no Brasil, com a equipe do Franz Konrad (N.R.: Maurizio chegou na terceira colocação na edição de 1994, com Porsche 911, ao lado de André Lara Rezende e do alemão Ornuf Wirdheim). E lá tinha uma mulher, uma chefe de equipe, chamava-se Katy Wilson. Quando ela voltou para a Europa, para a Inglaterra, ela resolveu fazer uma equipe de BPR, que seria com carro da McLaren. Ela contatou um dos caras que tinham comprado uma McLaren, que foi o Raymond Bellm, e eles me convidaram para fazer as corridas com ele, o esquema era um piloto profissional e um piloto gentleman driver. Ela conseguiu o patrocínio da Gulf e eu consegui o apoio da Michelin.


Blog: Em 1995, vocês venceram 5 provas de 12 e terminaram em segundo no campeonato, certo?

Maurizio Sala: Nós acabamos ganhando mais provas de quem venceu o campeonato, mas nós tivemos duas quebras. Eu também escapei para fota da pista na Suécia e bati.





Sala em 1995, na França



Blog: Como era o carro McLaren F1?

Maurizio Sala: Basicamente era o carro de rua, que foi adaptado para a pista. Naquele ano o regulamento exigia um restritor de ar no motor para equalizar todos os carros. Então, o carro de corrida andava menos que o rua, justamente por conta desse restritor que tinha no motor. Não tinha muita diferença, pois o carro de rua também era de fibra de carbono, a única diferença era que o carro de corrida era um pouco mais leve, aliviado, e tinha a gaiola (santoantônio) que os carros de rua não tinham. O carro de rua era mais rápido e tinha mais potência que o carro de corrida.


Blog: E nesse ano de 1995 vocês ainda chegaram em quarto nas 24 Horas de Le Mans

Maurizio Sala: O que aconteceu é que, até então a McLaren não teria equipe oficial para participar em Le Mans naquele ano, a fábrica iria dar apoio para nossa equipe e para mais duas outras equipes que participavam do mesmo campeonato com a gente. Mas um mês antes da corrida, por algum motivo veio um patrocinador e exigiu que a McLaren fizesse um carro "semi-oficial" de fábrica, que foi o carro que acabou vencendo Le Mans naquele ano, com o J.J. Lehto, Yannick Dalmas e Masaroni Sekiya. Até então, o nosso carro estava muito bem na corrida, mas o dono do carro, o Ray Bellm, em um dos seus "stints", debaixo de chuva, bateu o carro. Com isso fomos obrigados a parar nos boxes e mudar a parte da frente do carro, a parte de carenagem, e com isso perdemos meia hora de corrida.


Blog: E nessa edição teve uma chuva tremenda.

Maurizio Sala: Foi, e eu andei, só à noite, 3 horas de prova, e nessas três horas foram todas embaixo de chuva!


Blog: Em 1996 você não participou da temporada regular do BPR, o que houve? 

Maurizio Sala: Eu ia montar uma equipe brasileira, com patrocínio da Hollywood. Então eu abri mão de guiar para a equipe Gulf. Eu ia fazer uma equipe brasileira, com McLaren F1 e patrocínio dos cigarros Hollywood. Mas chegou em fevereiro, o meu pacote não vingou e a Hollywood acabou fechando o patrocínio com o Mauricio Gugelmim, para correr na Fórmula Indy, e não fechou conosco na Europa. E nesse ponto eu não tinha mais como voltar a correr com a minha equipe antiga.


Blog: Quais pilotos iriam correr com você nesse esquema?

Maurizio Sala: O Walter Salles e o André Lara Rezende. O Walter Salles tinha envolvimento com a Hollywood por conta das propagandas que ele produzia para a marca. Como o esquema não vingou, eu não consegui andar mais com a equipe Gulf, e fui convidado posteriormente para andar de Lotus GT1 com motor Chevrolet, com um eventual patrocínio da Petrobrás. Comecei no meio da temporada, com esse Lotus com motor Chevrolet, esperando que se concretizasse esse patrocínio da Petrobrás, mas também não vingou e o patrocínio acabou indo para a equipe Williams de Fórmula 1. Daí eu parei em junho e voltei para o Brasil.
No fim do ano de 1996, o Nelson Piquet, em conjunto com o Antonio Hermann, organizaram duas etapas do BPR aqui no Brasil, foram corridas extra-campeonato, uma etapa em Brasília e outra em Curitiba.




O McLaren F1 GTR de Sala, Fabien Giroix e Jean-Denis Délétraz nas 24 Horas de Le Mans de 1996




Blog: E você correu com o Fabien Giroix

Maurizio Sala: Isso mesmo. Em 1996, me convidaram para participar das 24 Horas de Le Mans, com a equipe francesa e com McLaren F1, com Fabien Giroix, Jean-Denis Délétraz e com patrocínio da Franck Müller, que é um relógio suíço. Por conta dessa participação, eu os convidei para participar das duas últimas provas aqui no Brasil, com o patrocínio da Hollywood.
O carro da McLaren foi o grande carro do BPR. Porém, a partir daí, a McLaren tinha uma estreita relação com a Mercedes-Benz na Fórmula 1, por conta do fornecimento de motores, então não fazia mais sentido e pararam com o desenvolvimento do carro, uma vez que era equipado com motor BMW.


Blog: É verdade que esse motor BMW da McLaren F1 era uma junção de dois motores de 6 cilindros do BMW M3?

Maurizio Sala: Isso mesmo, era um motor especialmente encomendado pela McLaren para a BMW. Depois disso, o campeonato virou FIA GT em 1997, com participação oficial da Mercedes-Benz, McLaren F1 Longtail, Porsche, Panoz e muitos outros.




Sala à bordo do Lotus Elise GT1 com motor Chevy V8, na etapa do FIA GT de Hockenheim em 1997





Os carros do Global BPR Endurance Series:


Para finalizar esta matéria especial, vamos apresentar as fichas técnicas e fotos de todos os carros utilizados no Global BPR Endurance Series:

- McLaren F1 GTR
Categoria: GT1
Fabricação: Inglaterra
Motor: BMW V12, 6 litros
Potência: 635 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 371 Km/h





- Ferrari F40 GTE LM
Categoria: GT1
Fabricação: Itália
Motor: Ferrari V8 Bi-turbo, 2,9 litros
Potência: 700 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 367 Km/h




- Porsche 911 GT2 Evo 993
Categoria: GT2
Fabricação: Alemanha
Motor: Boxer 6 cilindros Biturbo, 3,6 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 301 Km/h




- Venturi 600 LM
Categoria: GT2
Fabricação: França
Motor: V6 Renault PRV Biturbo, 3 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h




- Callaway Corvette Supernatural LM GT2
Categoria: GT2
Fabricação: Estados Unidos
Motor: V8 LT-1 Chevy, 6,2 litros
Potência: 475 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: N/D




- Jaguar XJ220
Categoria: GT1
Fabricação: Inglaterra
Motor: V6 Biturbo Jaguar, 3,5 litros
Potência: 550 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 352 Km/h




- Marcos Mantara LM600
Categoria: GT2
Fabricação: Inglaterra
Motor: V8 Chevy, 6,1 litros
Potência: 430 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: N/D




- Chrysler Viper GTS-R
Categoria: GT2
Fabricação: Estados Unidos
Motor: V10 Dodge, 8 litros
Potência: 620 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 331 Km/h




- De Tomaso Pantera
Categoria: GT1
Fabricação: Itália
Motor: V8 Ford, 5 litros
Potência: 500 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h




- Lamborghini Diablo J GT1
Categoria: GT1
Fabricação: Itália
Motor: V12 Lamborghini, 5.7 litros
Potência: 664 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 338 Km/h




- Bugatti EB110 SS Group GT1
Categoria: GT1
Fabricação: França
Motor: V12 Bugatti Quadriturbo, 3.5 litros
Potência: 650 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 355 Km/h




- Honda NSX GT2
Categoria: GT2
Fabricação: Japão
Motor: V6 Honda, 3 litros
Potência: 380 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 290 Km/h




- Lister Storm GTS
Categoria: GT1
Fabricação: Inglaterra
Motor: V12 Jaguar, 7 litros
Potência: 560 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: 330 Km/h




- SARD MC8-R Toyota
Categoria: GT1
Fabricação: Japão
Motor: V8 Toyota Biturbo, 4 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: N/D




- Lotus Espirit GT1
Categoria: GT1
Fabricação: Inglaterra
Motor: Lotus Type 918 V8 Biturbo, 3,5 litros
Potência: 500 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h




- Alpine A610 Renault Turbo
Categoria: GT1
Fabricação: França
Motor: V6 Renault PRV Biturbo, 3 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h




- Toyota Supra GT LM
Categoria: GT1
Fabricação: Japão
Motor: Toyota 3S-GTE Turbo, 4 cilindros em linha, 2.1 Litros
Potência: 650 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade Máxima: N/D




- Renault Sport Spider V6
Categoria: GT1
Fabricação: França
Motor: V6 Renault PRV Biturbo, 3 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h




- Morgan Plus 8 GTR
Categoria: GT2
Fabricação: Inglaterra
Motor: Rover V8, 5 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: N/D




- Gillet Vertigo GT2 V de V
Categoria: GT2
Fabricação: Bélgica
Motor: Ford Cosworth Turbo, 2,2 Litros
Potência: 300 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: N/D




- TVR Cerbera GT
Categoria: GT2
Fabricação: Inglaterra
Motor: TVR Speed Eight V8, 4,5 litros
Potência: 420 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: N/D




- Ferrari F355 GT
Categoria: GT2
Fabricação: Itália
Motor: Ferrari V8, 3,5 litros
Potência: 380 cavalos
Câmbio: 6 marchas
Velocidade máxima: N/D




- VBM 4000 GTC
Categoria: GT2
Fabricação: França
Motor: V6 Renault PRV Biturbo, 3 litros
Potência: 600 cavalos
Câmbio: 5 marchas
Velocidade máxima: 300 Km/h






quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Pré temporada agitada na Copa Truck


Mais um anúncio de mudanças na Copa Truck foi realizado ontem. Através das páginas oficiais do Instagram, o piloto Beto Monteiro, a equipe RM Competições e a própria Copa Truck anunciaram os novos pilotos dos caminhões Volkswagen/MAN. Além de Beto, Paulo Salustiano também passa a fazer parte da equipe, agora de forma definitiva, uma vez que "Salu" já havia feito algumas etapas pela equipe de Renato Martins e Débora Rodrigues.

Resta agora aguardar o anúncio da nova equipe de Felipe Giaffone.






terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Mudança importante na Copa Truck


No último sábado, em sua conta pessoal no Instagram, o piloto Felipe Giaffone anunciou, depois de 12 anos, deixa em 2019 a equipe Volkswagen/MAN (RM Competições), de propriedade de Renato Martins e Débora Rodrigues.






Tudo indica que Giaffone fará parte da nova equipe TMG, liderada pelo engenheiro Thiago Meneghel, que também possui uma estrutura na Stock Car Brasil. A equipe já adquiriu caminhões da marca Iveco, da antiga estrutura da equipe ABF (de propriedade de Neusa Navarro Félix).

Giaffone havia anunciado anteriormente mais uma decisão para 2019, a de deixar a posição de comentarista na Rede Bandeirantes de Televisão para as provas da Fórmula Indy, depois de mais de 10 anos ocupando essa cadeira.


Projeto 2020 da Stock Car Brasil


Começamos 2019 aqui no blog com novidade! No Instagram da Giaffone Racing, foi divulgado há 5 dias um "teaser" animado, em terceira dimensão, do novo chassi tubular da Stock Car Brasil, que segundo a postagem, será utilizado a partir de 2020. Na postagem não são adiantadas informações como motorização e câmbio que serão utilizados, se os atuais ou se teremos outras opções.

A notícia vem no ano em que o atual chassi da Stock Car, o JL09, completa 10 anos de bons serviços prestados à principal categoria nacional.