sexta-feira, 16 de abril de 2021

Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos / Copa Shell (1983 - 1994) - introdução

 

Durante toda a década de 80 e início dos anos 90 o país experimentou a realização de um campeonato de automobilismo com status nacional que foi um tremendo sucesso de público e também entre os profissionais do esporte a motor do Brasil. Foi o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, que contou com a participação maciça dos principais pilotos do país, grandes equipes, o apoio das fabricantes de automóveis aqui instaladas e o suporte de grandes patrocinadores, interessados na boa exposição de mídia (jornais, revista e televisionamento em dado momento) que o evento poderia trazer. Por bons anos teve o status de melhor campeonato de automobilismo do país.



O Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos surgiu no ano de 1983, criado pela Confederação Brasileira de Automobilismo em um momento em que a crise do petróleo mundial já estava enfraquecida. As quatro fábricas de automóveis instaladas no país estariam presentes no campeonato. O regulamento inicial previa a inscrição de carros com até 1.600 centímetros cúbicos de capacidade volumétrica dos motores e os modelos teriam de ser de produção regular. O público aficionado poderia assistir em disputa nas pistas carros como os Volkswagens Gol, Voyage e Passat, Fiat 147/Spazio, Oggi e Uno, Chevrolet Chevette e o Ford Corcel II (posteriormente substituído pelo Escort). A identificação com o “carro que está na sua garagem” foi um dos principais apelos da categoria para angariar seu público e lotar as arquibancadas pelos autódromos em todo o Brasil.








O envolvimento oficial das fábricas garantiu um excelente aporte de tecnologia e apoio para as equipes que tomaram parte do campeonato. Para as indústrias, era a oportunidade de utilizar uma ótima plataforma para desenvolvimento do produto e ferramenta de marketing, no melhor estilo "vença no domingo e venda na segunda". Muitos concessionários credenciados montaram equipes. Os anunciantes, assistindo todo esse movimento, passaram a comprar cotas de patrocínios nas equipes. A indústria de auto-peças também não quis ficar de fora de toda essa onda e também chegou junto, em busca de um laboratório de desenvolvimento de seus produtos. Por fim, as estrelas maiores do espetáculo não poderiam faltar: os pilotos. E tivemos os melhores do país participando do Brasileiro de Marcas e Pilotos, por toda a sua existência.



Ao longo dos mais de 10 anos de sua existência, o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos teve altos e baixos. Em dado momento houve polêmicas mudanças de regulamento - parte por pressão dos fabricantes e equipes; não havia um melhor controle dos organizadores e da CBA e também não havia um regulamento que garantia com efetividade o balanço de performance entre os diferentes modelos. O campeonato teve uma curva ascendente que no auge contou com o regulamento que permitia motores turbo-alimentados. Os grids estavam cheios, com participação de ótimos pilotos do país. A decadência chegou nos últimos anos, principalmente a partir de 1992, com grids mais escassos e esvaziamento do apoio das fábricas nacionais, o que também afugentou patrocinadores e pilotos. Por fim, o fortalecimento da Stock Car brasileira, principalmente a partir do ano de 1994 com a chegada do Ômega e o surgimento da Fórmula Uno em 1992 ajudaram infelizmente a "matar" a categoria. Nem a possibilidade - não concretizada - de receber modelos importados a partir de 1995 (com futura probabilidade da adoção do regulamento do Superturismo D2 - FIA, o que ocorreu em 1997 com o Sul-Americano SUDAM) conseguiu manter o campeonato "de pé".



O Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos teve novas edições posteriores. A segunda fase foi disputada entre 2004 a 2009, com o regulamento do Grupo "N" de marcas e a terceira fase, de 2011 a 2018, contou com carros sedãs médios produzidos no Brasil (Honda Civic, Chevrolet Astra e Cruze, Toyota Corolla, Mitsubishi Lancer e Renault Fluence), utilizando motores padronizados - com preparação do estúdio argentino Berta -, de 300 cavalos de potência e câmbio sequencial. Mas, na minha avaliação, nenhuma dessas reedições angariou o mesmo charme e importância da primeira fase deste campeonato multimarcas.



Os primeiros anos do campeonato contaram com provas de média duração, normalmente com 6 horas de disputa, mas também de 12 Horas, 500 e Mil Quilômetros. Cada carro contaria com uma dupla de pilotos para revezamento. A primeira corrida da história do campeonato foi disputada no Autódromo de Interlagos, ainda em seu traçado clássico de quase 8 quilômetros, no dia 5 de junho do ano de 1983. A prova seria noturna, com largada às 21 horas e chegada por volta das 3 horas da manhã. A dupla Luis Otávio Paternostro e Xandy Negrão entrou para a história como sendo os primeiros vencedores da história da categoria, com um Fiat 147/Spazio. A Fiat, com um bom conjunto e um carro que permitia fácil acerto, se destacou nesta primeira temporada e conquistou o título de pilotos com o mineiro Toninho da Matta, um dos grandes pilotos do país e um verdadeiro especialista em carros de tração dianteira.









Em reverência a este importante certame do nosso automobilismo, o blog irá contar a história completa, dividida em capítulos. Em cada postagem vamos revisar e reportar cada uma das temporadas que foram disputadas, de 1983 até 1994, em um esforço para realizar um resgate histórico. Na próxima postagem, apresentaremos o campeonato de 1983.







7 comentários:

  1. Participei do campeonato em 1983, gostaria lembrar o calendário das provas, em especial os 1000 km de Brasília.

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  2. Meu nome: José Carlos Cantanhede, " CATANHA"

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  3. Automobilismo em Bsb acabou por conta do Sr Piquet, participei de algumas categorias, Speed, Turismo, Corsa ; lembro de vários pilotos marcantes da época: Tarrafas[meu professor] Serginho Serterra, Juscelino Sarkis, e vários outros, tomara que reagiram pelo menos o autódromo pra encontro dos "véins"

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    1. Qual ano da Speed vc correu? Corri em algumas provas de 91 a 93.

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  4. Sensacional, participei dos campeonatos de 84 a 87, dando suporte pela Brosol, tenho várias lembranças pra colaborar

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