quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Claudio Girotto, um campeão brasileiro nas duas e quatro rodas



Na história do esporte a motor mundial tivemos alguns casos de pilotos que tiveram carreiras sólidas e bem sucedidas tanto no automobilismo quanto no motociclismo de competição. Aqui, posso citar alguns nomes, como por exemplo o inglês John Surtees, tetra-campeão do mundial de motovelocidade e campeão pela Ferrari na Fórmula 1, no ano de 1964. Mike Hailwood, também inglês, que venceu quatro títulos na motovelocidade e correu por um bom tempo na Fórmula 1 é outro bom exemplo e muitos outros.



Aqui no Brasil, destaco o piloto Claudio Girotto, que foi campeão brasileira nas duas e quatro rodas. Girotto enfrentou adversários de peso em sua jornada no motociclismo de competição nacional, como por exemplo contra Antônio Jorge Neto, Marco Greco, Denísio Casarini, Walter “Tucano” Barchi, Adu Celso, só para citar alguns. Na motovelocidade, sagrou-se tricampeão brasileiro, bicampeão latino americano, além de vencer um título paulista e vencer por três vezes a tradicional taça Centauro. Destaco o grande feito de Girotto quando venceu nomes de peso como Johnny Cecotto, Barry Sheene e Carlos Lavado na ocasião da Copa Brasil de Motociclismo, uma prova internacional de motociclismo realizada no autódromo de Interlagos em 1980. Claudio Girotto chegou a disputar provas do mundial de motovelocidade, na categoria 350 cilindradas, mas não chegou a completar uma temporada inteira. Também disputou a tradicional prova de longa duração Bold´ Or, na França.












Girotto na edição da Bold´Or de 1982



Depois de realizar uma belíssima carreira no motociclismo de competição, Claudio Girotto buscou um novo desafio, que era realizar a transição para o automobilismo. Girotto ingressou na Stock Car brasileira em 1982, mas foi no Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos que o piloto teve destaque, disputando todas as temporadas do certame, de 1983 a 1994. Girotto foi campeão em 1991, quando fez dupla com Paulo Gomes. Também obteve boas classificações nos campeonatos de 1988, quando foi terceiro, em 1993, quando foi vice-campeão e em 1994, quando foi o quarto colocado no campeonato daquele ano, em parceria com Rodolfo Pousa.



Já no ano de estreia do campeonato, em 1983, Girotto venceu sua primeira corrida em Tarumã, em dupla com Giuseppe Marinelli com um Fiat Spazio/147 da equipe Sada/Localiza. No ano seguinte, 1984, disputando com um VW Voyage, Girotto conquistou um terceiro lugar em dupla com Josué de Melo Pimenta nas 12 Horas de Goiânia, além de um sexto lugar na última prova da temporada, as 12 Horas de Interlagos.



Em 1985, Girotto fez dupla com Ingo Hoffmann e passou a utilizar o VW Gol. Os melhores resultados foram dois quintos, nas 12 Horas de Goiânia e nos 500 Quilômetros de Tarumã. Em 1986, a parceria com Ingo continuou, mas agora o carro era um VW Passat. Conquistaram uma pole position, nos Mil Quilômetros de Brasília e venceram a prova. Ainda conquistaram mais um terceiro lugar, nas 3 Horas de Interlagos.




VW Passat de Ingo e Girotto



Para 1987, Girotto trocou seu parceiro na pilotagem do VW Passat. Agora, quem seguiria ao seu lado seria o piloto José Romano "Coelho". A dupla conseguiu seu melhor resultado nas 2 Horas de Jacarepaguá, com uma segunda colocação.




O bonito VW Passat de Girotto e José Romano na temporada de 1987



A temporada de 1988 traria uma boa mudança para Girotto, que pilotaria para a equipe oficial da Ford, de Luis Antônio Greco. Girotto pilotou o Escort turbo e terminou a temporada como terceiro colocado na tabela de pilotos, com 71 pontos conquistados. Foram duas vitórias no ano - nas 2 Horas de Interlagos e nas 2 Horas de Tarumã - além de diversos pódios.






Foram dois anos de Girotto na equipe Greco-Ford



Girotto permaneceu na equipe Greco-Ford em 1989, e agora ganhou a parceria do piloto carioca Paulo Júdice na pilotagem do Escort. O melhor resultado para a dupla foi um quinto lugar nos 500 Quilômetros de Cascavel. Judice e Girotto mantiveram a parceria para 1990, mas fora da equipe Greco. Pilotaram um VW Gol e o melhor resultado veio em Interlagos, com uma terceira posição.




O VW Gol de Girotto e Judice na temporada de 1990



Então, chega a temporada de 1991. Girotto de junta a Paulo Gomes na pilotagem de um VW Voyage. Foi um ano de muita batalha pelo título do Brasileiro de Marcas e Pilotos, principalmente contra as duplas Guga Ribas / Silvio Crema e Toninho da Matta / Gunnar Volmer. Paulão e Girotto conquistaram duas vitórias (Brasília e Interlagos), dois segundos lugares (Tarumã e Curitiba) e dois terceiros lugares (Interlagos e Jacarepaguá). Terminaram o ano com 92 pontos conquistados e a taça do título brasileiro.




O Voyage dos campeões de 1991, Claudio Girotto e Paulão Gomes



A parceria Girotto e Paulão Gomes foi desfeita para a temporada de 1992. Girotto seguiu com a dupla feita com Sérgio Palhares, pilotando um Ford Escort, tendo como melhor resultado uma terceira colocação em Tarumã. No final do ano, para auxiliar a dupla Andreas Mattheis e Paulo Júdice na disputa pelo título, integrou a equipe dos cariocas na etapa final em Interlagos, pilotando um VW Voyage em dupla com Egídio "Chichola" Micci, e venceu a etapa.




O Voyage vencedor da última temporada de 1992 em Interlagos, quando Girotto fez dupla com Egídio Chichola



Para 1993, Girotto integrou a equipe Boettger do Sul do país. Começou a temporada pilotando o VW Apollo da equipe e depois trocou para um Ford Escort 1993. Sua parceria em 1993 começou com Gastão Weigert, mas por conta da disputa do título de pilotos, eles se separaram no transcorrer da temporada. Girotto teve ao seu lado na temporada, além de Weigert, os pilotos Vinicius Batschauer, Walmir “Hisgué” Benavides e Paulo Gomes. Com um cartel total de duas vitórias - na primeira etapa em Tarumã e na terceira etapa em Curitiba - e diversos pódios, Girotto foi vice-campeão com 73 pontos conquistados.




Girotto e Weigert




Girotto foi o vice-campeão de 1993 com este Ford Escort da equipe Boettger



A temporada de 1993 foi mesmo especial para Claudio Girotto. Além do vice no Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, ele venceu a tradicional prova Cascavel de Ouro. Em dupla com o piloto Lourenço Barbato, Girotto levou o Aldee-Volkswagen Cupê da equipe Caloi para a vitória, depois de largar na pole position e ter uma briga direta com o Puma pilotado pela dupla Jair Bana e Tadeu Kowalczuk.




O Aldee cupê vencedor da Cascavel de Ouro 1993 com Girotto e Barbato



Na temporada de 1994, Girotto mudou de equipe e disputaria o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos ao lado de Rodolfo Pousa, em um Ford Escort 1992. Foi um bom ano para Pousa e Girotto, que venceram a segunda etapa em Interlagos e ainda conquistaram alguns pódios, terminando a temporada na quarta colocação entre os pilotos com 65 pontos conquistados.



O lindo Escort de Girotto e Pousa



Esta foi a última temporada de Cláudio Girotto no automobilismo de competição profissional. A partir daí, ele passou a cuidar da carreira no kart do filho André e também dos negócios da família. Já tinha entrado para a história do esporte a motor brasileiro, por ter sido campeão nacional tanto no motociclismo quanto no automobilismo. Um feito digno de registro e celebração.



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