sábado, 10 de julho de 2021

Quando o Fiat Tempra quase foi para as pistas brasileiras


Após o sucesso de crítica, público e entre os pilotos da Fórmula Uno, uma das melhores categorias monomarca do Brasil, que estreou em 1992 e em sua primeira temporada encheu os grids país afora, a Fiat programou a entrada de mais uma categoria no automobilismo nacional: a Fórmula Tempra.


A ideia era utilizar o modelo duas portas do mais novo carro brasileiro da marca italiana – inclusive, essa versão era oferecida apenas aqui no Brasil. O responsável por desenvolver e “colocar de pé” a categoria foi Fábio Greco, que a partir de 1993 passou a tocar a Greco Competições depois que seu pai, a lenda Luis Antônio Greco, infelizmente nos deixou em dezembro de 1992.




A projeção em desenho de como seria o Fórmula Tempra



A Greco Competições já cuidava da Fórmula Uno e para a nova categoria com os Tempras, utilizaria o mesmo esquema: automóveis idênticos e motores equalizados e sorteados. A previsão para disputar a temporada completa de dez etapas era de um gasto de 60 mil dólares para cada piloto. A Fiat daria o auxílio providencial: despesas com transporte, combustível e inscrições teriam o subsídio da marca italiana, que ainda venderia o Tempra aos pilotos a preço de custo. A Fórmula Tempra seria disputada juntamente com a Fórmula Uno, criando assim uma fabulosa plataforma de marketing de seus produtos, além de fomentar o automobilismo nacional.


No aspecto técnico, o motor do Tempra, de 16 válvulas, preparado geraria uma potência de 200 cavalos, com aproximadamente 26 Kgfm de torque. O escapamento utilizado seria um 4 em 1 e o câmbio teria as relações de marcha semelhantes ao carro de produção, com 5 velocidades. Os pneus utilizados seriam slicks da marca Goodyear, montados em rodas de aro 15 polegadas e o carro teria freios a discos nas quatro rodas. A velocidade máxima estimada para o Tempra de corrida era de 230 Km/h.




A Greco Competições chegou a montar um modelo para realização dos testes iniciais



A previsão era a categoria estrear no ano de 1994. A Greco Competições chegou a montar um carro para realização dos primeiros testes. Mas, infelizmente, a Greco Competições não pôde seguir com seus desenvolvimentos e a Fórmula Tempra não vingou. A Confederação Brasileira de Automobilismo, na pessoa de seu presidente à época, Reginaldo Bufaiçal, vetou a realização da categoria alegando que a concorrência entre a Fórmula Tempra e a Ômega Stock Car seria “danosa para o automobilismo nacional”. 


Bufaiçal deu sua palavra sobre o assunto à reportagem da Revista Quatro Rodas, na edição de setembro de 1993. Aspas para ele: "não, definitivamente não. O surgimento da Fórmula Tempra não passa de especulação. a CBA é a dona de todos os campeonatos e, enquanto eu for presidente da entidade, não teremos uma nova categoria de campeonato nacional. Nem Fórmula Tempra, nem Fórmula Kadett ou Escort. Como arranjaríamos calendário para tudo isso? Em nenhum lugar do mundo existem seis categorias só de velocidade, e recebo por mês dez pedidos de novas categorias. Além do mais, vai faltar piloto. Temos apenas 110 corredores disputando provas de turismo, sendo 65 só na Fórmula Uno, que é o evento automobilístico de maior sucesso. A Fiat já o detém. Ela quase acabou com a Stock Car e o Brasileiro de Marcas e Pilotos e - ainda bem - fizemos esses campeonatos sobreviverem. Hoje a Fiat está muito bem servida, assim como a Ford e a General Motors. A única montadora que ainda não participa de qualquer evento é a Volkswagen. Por isso, a CBA está aberta à Volks para receber apoio aos campeonatos de Fórmula 3 e Marcas e Pilotos. Se a Fiat estiver disposta a ver o Tempra nas pistas, podemos até ´estudar´ uma categoria com motor 2 litros no campeonato de Marcas e Pilotos. Agora, quanto à monomarca para o Tempra, a resposta é definitiva: não!".


Uma pena, pois com certeza teríamos mais uma categoria forte no nosso automobilismo. Desde então, nunca vimos – pelo menos nas minhas pesquisas – o Fiat Tempra nas pistas brasileiras.


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