terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Do Fundo do Baú – Campeonato Italiano de Superturismo 1995


Os campeonatos de Superturismo, ou Grupo D-2 FIA, eram sucesso em meados dos anos 90. Com o mesmo formato e regulamento, era disputado por toda a Europa, Ásia, Oceania e América do Norte. Havia o envolvimento oficial das fábricas, excelentes pilotos tomavam parte destes campeonatos e o público comparecia às corridas em massa. Para se ter uma idéia, em 1995, o público médio do STW, campeonato de Superturismo da Alemanha, teve um público médio de impressionantes 75 mil pessoas.

No Brasil, tivemos a oportunidade de acompanhar o Campeonato Italiano de Superturismo de 1995, transmitido pela extinta Rede Manchete, no programa dominical de esportes “A Grande Jogada”, narrado pelo Edgard Mello Filho. O campeonato foi televisionado em Janeiro e Fevereiro de 1996 e foi o último evento narrado e comentado pelo Edgard pela Manchete, depois de transmitir a Nascar em 1994 e o DTM/ITC em 94/95.




O campeonato de Superturismo Italiano tinha envolvimento oficial da Audi, Alfa-Romeo, BMW, Opel, além do apoio da francesa Peugeot para os pilotos particulares. O regulamento FIA D-2 trazia em seu bojo diversas particularidades. Os carros deveriam ter motores de até 2 litros de capacidade cúbica. A potência média ficava em torno de 300 cavalos e era obrigatória a utilização de um limitador, que limitava as rotações do motor a 8.500 rotações por minuto. Com relação à suspensão, seu ponto de ataque deveria ser original, e as rodas utilizadas eram de aro 19, porém as fábricas não podiam alargar os pára-lamas. Com relação ao peso dos carros, os valores variavam de acordo com a tração de cada modelo. Para os carros de tração dianteira, o peso máximo era de 975 quilos. Para os tração nas quatro rodas, o peso regulamentar era de 1.040 quilos. Para os carros de tração traseira, inicialmente era de 1.025 quilos, porém no meio da temporada de 1995, a FIA reduziu o peso regulamentar para 1.000 quilos. Por fim, a telemetria era proibida nas provas e treinos oficiais, liberada somente nos treinos livres.


 
As Marcas

Alfa-Romeo

A Alfa-Romeo utilizava o modelo 155 TS (tração dianteira) e era representada pela equipe oficial, a Alfa Corse. Eles tinham apenas um carro para o italiano Gabrielle Tarquini, que havia sido campeão do BTCC (British Touring Car Championchip), o inglês de Superturismo em 1994, com a mesma Alfa 155, e que em 95 acumulou as funções de piloto de testes da equipe Tyrrel-Yamaha na Fórmula 1, inclusive chegando a correr na temporada após o acidente de Ukyo Katayama na largada do GP de Portugal. No meio da temporada, mais precisamente após a etapa de Mugello, a Alfa Corse deixou o campeonato para direcionar suas forças ao DTM / ITC (inclusive Tarquini passou a correr lá).



Aqui está Fabrizzio Giovanardi, com seu Alfa 155 da equipe Nordauto



A Alfa-Romeo ainda dava apoio oficial para a equipe Nordauto, que disponibilizava duas Alfas 155 para dois excelentes pilotos, o jovem Fabrizzio Giovanardi e Antonio Tamburini.



O toscano Antonio Tamburini a bordo de sua Alfa 155 da equipe Nordauto



Mais uma Alfa 155 tinha apoio de fábrica, e era a do Jolly CLub de Milão. Seu piloto era o argentino Oscar “Popi” Larrauri, que tinha experiências anteriores na Fórmula 1 e Mundial de Esporte Protótipo.



O Alfa 155 do Jolly Club de Milano, pilotado pelo argentino Oscar Larrauri

As Alfas da Alfa-Corse e da Nordauto utilizavam pneus Michelin, enquanto a Alfa do Jolly Club de Milão utilizava os pneus japoneses da Yokohama.


Audi

A Audi era representada pela Audi Sport Itália e utilizava o novíssimo modelo A4 (tração nas quatro rodas), uma evolução do modelo 80 Quattro, que havia sido campeão em 1994. Todo o trabalho de aerodinâmica do novo modelo A4 foi feito em Eisack, na fábrica da Porsche e os modelos utilizavam os pneus da Dunlop. A fábrica dispunha de dois modelos A4 para os italianos Emanuele Pirro (campeão de 94) e Rinaldo “Dindo” Capello. Na etapa de Varano a Audi trouxe um terceiro carro para a participação da italiana Tamara Vidalli, que disputava o alemão de Superturismo.



O A4 de Dindo Capello

BMW



A marca alemã era representada pela BMW Itália e utilizava o modelo 318iS (tração dianteira). Três pilotos faziam parte da equipe: os italianos Gianni Morbidelli (que em 95 correu também na Fórmula 1, na equipe Arrows), Emanuelle Naspetti e a suíça Yolanda Surer. Os carros utilizavam pneus Yokohama.



Opel


A outra marca alemã utilizava o modelo Vectra (tração dianteira) e era representada pela equipe RC Motorsports. O piloto era o jovem e rápido italiano Roberto Colciago, campeão da Fórmula 3 Italiana no ano anterior.

Renault

A equipe Renault participou da última etapa do campeonato italiano, em Vallelunga, para medir forças com as equipes oficiais, principalmente com a Audi. Os carros eram preparados pela equipe Williams de Fórmula 1. O modelo utilizado era o Laguna (tração dianteira) e os pilotos eram o suíço Alain Menu e o inglês Will Hoy, ou seja, era a equipe que disputou o inglês de Superturismo e que venceu o campeonato de marcas de 1995.



Troféu Omega de pilotos independentes



Os pilotos particulares tinham um campeonato à parte que era patrocinado pela relojoaria Omega. Abaixo a relação de marcas e pilotos que fizeram parte deste campeonato:


Peugeot 405 MI 16v (Peugeot Itália)

Mauro Trione (campeão)
Maximo Pigolli
Gianpiero Pindari
Rafaelle Fortunatto
Guido Luchetti Cigarini

O Peugeot 405 MI 16v do campeão dos pilotos independentes, Mauro Trione


Alfa-Romeo 155 TS

Gerardo Cazzago
Paollo delle Piane
Felice Tedeschi
Giovani Ognio
Gianluca Roda
Danillo Mozzi
Moreno Solli (campeão dos privados em 1994)

BMW 318iS

Rocco Peduzzi
Mario Lusuardi



Opel Vectra

Giovani Ognio


As pistas



As corridas eram disputadas em provas de duas baterias. Foram ao todo 10 etapas e 20 provas:



1ª etapa: Santa Mônica de Misano


2ª etapa: Binetto




3ª etapa: Monza




4ª etapa: San Marino




5ª etapa: Maggione


6ª etapa: Mugello




7ª etapa: Santa Mônica de Misano




8ª etapa: Enna-Pergusa




9ª etapa: Varano




10ª etapa: Vallelunga



A posição ao final do campeonato foi a seguinte:

 
1º Emanuelle Pirro (Audi A4 – Audi Sport Itália)
2º Rinaldo “Dindo” Capello (Audi A4 – Audi Sport Itália)
3º Antonio Tamburini (Alfa-Romeo 155 TS – Nordauto)
4º Gianni Morbidelli (BMW 318iS – BMW Itália)
5º Fabrizzio Giovanardi (Alfa-Romeo 155 TS – Nordauto)
6º Emanuelle Naspetti (BMW 318iS – BMW Itália)

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