quarta-feira, 12 de maio de 2010

70 anos de Interlagos


Estava apreensivo. Mal conseguia dormir. Foi uma noite de sábado agitada. Ao chegar no autódromo, no domingo bem cedinho, o coração batia mais forte. Ao olhar a pista pela primeira vez, fiquei impressionado. Primeiro, por ver aquela pista que sempre via na TV e nas revistas especializadas. Segundo, pelo tamanho do traçado visto de cima das arquibancadas, as grandes retas e todas as sequências das curvas. Um arrepio foi a resposta do corpo à emoção de ver pela primeira vez a pista de Interlagos.


Isso foi em 1994, em uma etapa do Chevrolet Challenge, onde corriam a Stock Car (na época com os Omegas) e as extintas Fórmula Chevrolet e Copa Corsa, além é claro do show de acrobacias do Carlos Cunha. Depois disso, fui diversas vezes ao templo. Sempre, ao cruzar os portões, o sentimento de emoção é o mesmo.


O circuito original tinha mais de 8 quilômetros de extensão. Era um traçado rápido, seletivo, técnico e elogiado pelos principais pilotos da época. Era comparado aos melhores circuitos do mundo. As principais provas, como as Mil Milhas, os 500 Km e os campeonatos nacionais e regionais traziam sempre grande público ao autódromo, que ainda tinha uma modesta estrutura.

A primeira grande reforma no circuito foi feita no final da década de 60. A intenção era receber uma etapa do mundial de Fórmula 1. Para tanto, era preciso receber uma prova extra-campeonato, para homologar a pista. O sucesso de Emerson Fittipaldi ajudou a trazer a categoria máxima a Interlagos. Em 1972, a Fórmula 1 corria uma prova que não valia para o campeonato, mas que serviria para certificar a pista paulista. Esta prova foi vencida por Emerson Fittipaldi, com a mítica Lotus preta e dourada da John Player Special.


Interlagos, então passaria a receber todo o ano o Grande Prêmio do Brasil. Foi em Interlagos que o falecido piloto José Carlos Pace conseguiu a sua única vitória na Fórmula 1. Com um Brabham-Ford, em 1975 Pace alcançou o lugar mais alto do pódio, ao lado de ninguém menos que Emerson, o segundo colocado. Pace morreria dois anos mais tarde em um acidente de avião em Mairiporã. A justa homenagem foi dada ao piloto logo depois. A pista em que ele conseguiu a vitória de sua vida passaria a ter o seu nome: Autódromo José Carlos Pace.

No final da década de 70, o Fórmula 1 foi seduzida pelo Rio de Janeiro e o seu moderno Autódromo de Jacarepaguá. O Grande Prêmio do Brasil passaria a ser disputado na cidade maravilhosa, e assim foi até o final da década de 80, quando Interlagos passou por uma profunda reforma, que retalhou seu maravilhoso traçado pela metade. Com 4 quilômetros, a pista estava pronta para receber Ayrton Senna, Alain Prost, Nelson Piquet e Nigel Mansel, os principais pilotos da época. O Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 nunca mais sairia de São Paulo.
Outras grandes reformas, como o moderno asfalto, aplicado à pista em 2007 que mitigou de vez as famigeradas ondulações, as novas e grandes arquibancadas no final da reta dos boxes e a nova cobertura do paddock, certificou Interlagos como um dos melhores circuitos da temporada, de acordo com a avaliação da FIA.

Em 2006, por conta do evento Quatro Rodas Experience, conseguimos, eu e meus colegas Tarcísio e Reginaldo, andar de carro no traçado de Interlagos. Foi, novamente, uma emoção ímpar. Andar em uma pista que foi palco de emoções, vitórias, derrotas, alegrias, tristezas, presenciou a pilotagem dos principais pilotos do mundo, máquinas históricas, corridas épicas, grandes acidentes, ultrapassagens arrojadas. Foi realmente um momento único sair do box e acelerar pela reta oposta, em busca do restante do traçado.


Hoje, dia 12 de maio de 2010, o velho Interlagos faz 70 anos. Longa vida e muitas corridas por muito mais de 70 anos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário