domingo, 25 de abril de 2010

Meus nacionais preferidos - Gol GTI - um esportivo puro-sangue

O VW Sedan, mais conhecido por aqui como Fusca, foi o modelo de maior sucesso da indústria automobilística nacional. Produzido por aqui desde a década de 50, no final dos anos 70 o besouro já demonstrava sinais de envelhecimento, principalmente perante uma concorrência de modelos que a cada ano se mostrava mais moderna. A própria Volkswagen, ao trazer o Passat em 1974, o primeiro modelo com motor refrigerado a água da filial brasileira, já era um sinal da busca por produtos com melhor tecnologia.

Para substituir o Fusca, a fábrica alemã então passou a desenvolver um modelo totalmente novo, mas que pudesse manter as mesmas características de robustês, manutenção barata e apelo popular. Passa, então, a projetar o que de início foi nomeado projeto BX. Um hatch, desenvolvido na plataforma do Passat e inicialmente equipado com o motor 1.300 boxer refrigerado a ar do Fusca, de linhas retas, é apresentado ao público em 1980.



O Gol seria vendido com os motores a ar do Fusca (inclusive o 1.6) até 1984, quando o primeiro modelo esportivo foi lançado. Era o Gol GT, que trazia o motor AP 1.8, refrigerado a água, do Santana, que rendia 99 cv de potência. O modelo era bem equipado: faróis de milha de longo alcance, rodas exclusivas em aro 14, montadas em pneus de medidas 185 e perfil 60, volante esportivo do Passat TS, conta-giros e os fantásticos bancos Recaro.


Foi um imediato sucesso, principalmente entre o público jovem, que via o modelo como um sonho de consumo, ao lado do já consagrado Escort XR3 (que inclusive tinha a primazia de ter uma versão conversível). Mas a Volkswagen não pararia por aí. Em 1987, veio a primeira grande reestilização do Gol. Agora seus para-choques eram envolventes, o grupo ótico dianteiro e traseiro foi totalmente redesenhado, ganhando um aspecto mais moderno. O modelo esportivo passava a se chamar GTS e o modelo ganhava aerofólio e era dotado do motor AP 1.8S.


Mas em 1988, a Volkswagen inovaria de vez, passando a produzir o primeiro carro nacional com injeção eletrônica de combustível. Era o Gol GTI, o supra-sumo em esportividade no final dos anos 80 e vinha equipado com o motor AP 2.0 e injeção da Bosch. Era uma época farta em modelos nacionais esportivos: além do GTI, a Chevrolet tinha o Kadett GS (depois viria o excelente GSI e a versão conversível), o Uno 1.5R (depois seria lançado o modelo 1.6R), além do já citado Ford Escort XR3. A própria Volks mantinha em paralelo o Gol GTS, com o motor 1.8 carburado. Era preciso sempre inovar para se manter à frente da forte concorrência. E nisso a fábrica alemã sabia fazer com maestria.


O Gol GTI passou a ser o preferido do público mais jovem. Ele fazia parte do imaginário da adolescência da minha época. Não preciso nem dizer aqui que eu também sonhava com o modelo. E não era para menos. Além do motor 2.0 injetado, que garantia potência de sobra e agilidade, o estilo era bem esportivo: aerofólio na cor do carro, antena no teto, faróis de milha de longo alcance e de neblina integrados ao pára-choques, os maravilhosos bancos Recaro esportivos, que remetiam às pistas de corrida, além dos freios a disco que agora passavam a ser ventilados, além das rodas de liga leve calçadas com pneus 185 de aro 14 e perfil baixo. Só era oferecido na exclusiva cor azul marinho, com os pára-choques e molduras laterais pintados de cinza. Essa combinação sacramentou o Gol GTI como um mito entre os esportivos nacionais.


Em 1991, a Volks realiza a última reestilização do modelo batizado popularmente como "quadrado", da primeira geração. O grupo ótico dianteiro agora apresenta uma linha mais fina e o capô ligeiramente em forma de cunha. O GTI passa a oferecer outras cores de carroceria e passaria a ser equipado com as famosas rodas "orbital", uma marca do modelo.


Em 1994, o Gol passaria por sua primeira grande reestilização. O modelo ganharia contornos mais arredondados em suas linhas e logo foi popularmente apelidado de "Gol bolinha". Então, a Volks lançava o que pode se considerar o melhor GTI já produzido. Era o 2.0 16 válvulas. Com o bloco do motor e câmbio da Audi e cabeçote do Golf, este modelo rendia 141 cavalos e ultrapassava a barreira dos 200 Km/h.


O modelo mantinha o estilo esportivo dos seus antecessores, como vocês podem conferir nas fotos. Começava pelo capô, que ganhava uma bolha, um ressalto para acomodar o cabeçote multiválvulas. E não parava por aí: aerofólio com brake-light integrado à tampa traseira, spoilers laterais e minissaias, painel com grafismos exclusivos e fundo branco, freios ABS (opcionais), rodas de liga leve aro 15 montadas em pneus de medida 195, bancos Recaro em couro bi-color e CD Player, estes dois últimos opcionais.


Infelizmente esta foi a última versão GTI fabricada pelo Volkswagem. A partir dos anos 2000, as versões de esportivos nacionais em nada se comparavam às épocas anteriores. Sinônimo de esportividade, hoje em dia são apenas modelos com adesivos diferentes, um ou outro apêndice aerodinâmico a mais. E só. Nada de motores mais potentes, visual mais agressivo. Infelizmente, os esportivos nacionais de hoje perderam a identidade. Característica que o Gol nas suas versões GT, GTS e principalmente a GTI tinham de sobra.

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