Foi com muito prazer e entusiasmo que estivemos presentes na edição 2020 das Mil Milhas do Brasil, prova que não era realizada em nosso calendário automobilístico desde 2008. Com a realização encabeçada por Elione Queiroz, a prova, em seu retorno, contou com um grid de poucos carros em disputa, mas não deixou de ser histórica e de ter a sua história, que vamos buscar reproduzir nesta postagem / matéria.
Acompanhamos a prova desde o seu treino de aquecimento, realizado às 20h do sábado, e que teve trinta minutos de duração. Logo após, tivemos uma prova de regularidade com uma incrível variedade de carros clássicos, como prévia da principal atração da noite.
Mas antes, participamos da visitação dos boxes, programada para as 21h até as 22h30. Foi um momento ímpar onde conseguimos acompanhar toda a preparação prévia das equipes em cima dos carros, a expectativa dos pilotos e presenciar as discussões de estratégias para a prova. Uma ação muito marcante para o fã de automobilismo e que era possível comprando um ingresso de 50 reais. É o preço de uma pizza aqui em São Paulo, e que nas Mil Milhas deu acesso à visitação, às arquibancadas e diversos outros espaços para acompanhar a prova. Um excelente custo benefício.
Aproveitando, acredito ser importante falar sobre a parte de estrutura da prova, que na minha avaliação, mereceu uma boa nota. Comprando o passe de estacionamento, por módicos 20 reais, foi possível estacionar o carro nas dependências do autódromo, na parte interna, passando pelo túnel e também na parte externa, no entorno da reta dos boxes. Com esse passe, foi disponibilizado um adesivo que, colado no vidro do carro, além de permitir esse trânsito pelo autódromo, permitia também sair do local e voltar, sem restrições. Além disso, tivemos toda a parte de banheiros abertos e com toda a estrutura necessária (água, sabão, papel higiênico e limpeza), em diversas partes de Interlagos. A parte de alimentação também esteve presente, porém este item não avaliamos, pois levamos alimentos para consumo durante a prova.
A pole position para a prova ficou com o protótipo MRX Tubarão da trinca Mauro Kern, Paulo Sousa e Tiel de Andrade. A equipe gaúcha tinha boas expectativas para a prova e estava credenciada para isso, pois é especialista em endurance.
O protótipo da equipe gaúcha MC tubarão, o pole position da prova
Pelos auto-falantes do autódromo, o carioca Kaká Ambrósio fazia as vezes de mestre de cerimônia, municiando todos os presentes com informações importantes sobre a prova. Foi nesse momento que Elione Queiroz confirmou a realização das Mil Milhas de 2021 para a tradicional data da prova, no dia 25 de janeiro, aniversário de cidade de São Paulo.
Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, os pilotos saíram para duas voltas de apresentação e aquecimento. Lá na frente, como carro-madrinha, a presença ilustre de um McLaren 570S GT4, que competirá nesse ano no Endurance Brasil. A largada seria lançada e nós acompanhamos a partida das arquibancadas da reta principal.
Dada a bandeira verde, o protótipo MRX Tubarão, nas mãos de Tiel de Andrade, manteve a ponta e nas primeiras voltas começou a abrir vantagem aos GT´s, a Mercedes AMG e a Ginetta G55, que começavam uma disputa que se prolongaria por boa parcela da corrida. Mais atrás, o Cobalt V8 do time Absoluta travava uma boa briga com os protótipos MRX das equipes Motorcar e Dobilas Racing.
Infelizmente, com poucas horas de prova, o protótipo da MC Tubarão abandonou a prova com problemas mecânicos. A partir daí, a briga pela liderança geral da prova ficou polarizada entre a Mercedes Benz AMG GT da equipe Autlog e a Ginetta G55. Chegava a madrugada e com ela foi possível presenciar cenas belíssimas de freios incandescentes e o espetáculo dos faróis contornando o tradicional traçado paulista.
O que ninguém esperava era que, na calada da madrugada, com uma leve névoa sobre Interlagos, teríamos uma belíssima disputa pela liderança, protagonizada pelos GT´s. Nem parecia uma prova de 12 horas de duração. No miolo do circuito, a Ginetta, mais equilibrada levava vantagem. Nos trechos rápidos e de reta, sobressaia o desempenho da Mercedes AMG GT. Foi uma madrugada espetacular!
Essa disputa só não se estendeu mais pela manhã de domingo pois infelizmente o Mercedes-Benz teve problemas de freios que o alijaram diretamente da disputa. Aliado a este fato, a Ginetta manteve um excelente ritmo de prova e não vinha enfrentando problemas mecânicos. Apenas um princípio de incêndio em um pit stop pela manhã, rapidamente contornado, assustou a equipe.
Problemas de freios alijaram a Mercedes AMG GT da disputa direta pela vitória
Por falar em problemas mecânicos, a manhã de domingo cobrou o preço da prova longa. Vários abandonos aconteceram neste período da corrida. O protótipo MCR da equipe LF Servidone teve ótimo desempenho durante a madrugada mas pela manhã teve problemas mecânicos. Recolheram para os boxes e ficaram um bom tempo por lá. Tentaram voltar para a corrida mas o desempenho não era mais o mesmo. Após algumas voltas, recolheram em definitivo.
A beleza e o mistério da madrugada, elementos sempre presentes nas Mil Milhas Brasileiras
O Cobalt V8 da equipe Absoluta Racing, que chegou a ocupar posições de frente na prova, com um ritmo constante de corrida, foi mais um que sucumbiu na manhã de Interlagos. O Chevrolet Omega da equipe Big Power, que por boa parte da prova mostrou resistência, força e constância (chegou a ocupar a terceira posição em dado momento da madrugada) passou a apresentar avarias mecânicas. Ao lado do protótipo Aldee Spyder Race #73 do LT Team, faziam um esforço hercúleo para completar a prova. Foi nesse momento em que a prova chegou a ter 4 carros em disputa na pista.
Ao fim das mais de 11 horas de prova, a vitória na classificação geral ficou mesmo com a Ginetta G55 do trio Ésio Vichiese, Stuart Turvey e Renan Guerra. A Mercedes AMG GT finalizou na segunda posição e o protótipo MRX do time Motorcar, na terceira colocação. O resultado final completo segue abaixo:
1º - Ginetta G55 - Stillux Ginetta Racing Team - Ésio Vichiese / Stuart Turvey / Renan Guerra - Categoria GT4
2º - Mercedes-Benz AMG GT - Equipe Autlog Racing - Flavio Abrunhoza / Leandro Ferrari / Renato Braga / Marcelo Brisac - Categoria GT4
3º - Protótipo MRX - Equipe Motorcar Racing - Gustavo Simon / Rafael Cardoso / Rafael Simon / Sérgio Cardoso - Categoria P3
4º - Protótipo Aldee Spyder Race - Equipe LT Team - José Vilela / Pipa Cardoso / Tinoco Soares - Categoria P4
5º - Chevrolet Omega Stock Car - Equipe Big Power - Evandro Camargo / Ciro Paciello / Álvaro Vilhena - Categoria TN3
6º - Protótipo MCR - Equipe LF Servidone - Marcelo Servidone / Jorge Machado / Luiz "Nenê" Finotti - Categoria P3
7º - Chevrolet Cobalt Stock Car V8 - Equipe Absoluta Racing - Ney Faustini / Ney Roberto Faustini / Marcos Phillipi - Categoria GT3 Light
8º - Protótipo Aldee Spyder Race - Equipe LT Team - Sérgio Martinez / Eduardo Pimenta / Luiz Cesar Oliveira - Categoria P4
9º - Chevrolet Astra Stock Car V8 - Equipe TransNew - Marcos Fernandes / Ricardo Rodrigues / Valter Fernandes / Ricardo Domenech - Categoria GT3 Light
10º - Protótipo MRX - Equipe Dobilas Racing - Carlos Antunes / Yuri Antunes / Lucas Marotta / Mauro Auricchio - Categoria P4
11º - Chevrolet Vectra Stock Car V8 - Equipe 2GO Racing - Edras Soares / Juarez Soares / Leandro de Almeida - Categoria GT3
12º - Protótipo MRX Tubarão - Equipe MC Tubarão - Mauro Kern / Paulo Sousa / Tiel de Andrade - Categoria P2
O vencedor das Mil Milhas do Brasil 2020, Ginetta G55
Transmissão pela Fox Sports e Portal High Speed Brazil - a Fox Sports através do canal Fox Sports 2 transmitiu a largada e momentos posteriores e as horas finais da prova. Com narração de Téo José e comentários de Edgard Mello Filho, foi um show de transmissão, com narração e comentários recheados de vigor, empolgação e o respeito que uma prova no naipe das Mil Milhas merece. Show também foi a cobertura do Portal High Speed Brasil, que transmitiu a prova na íntegra.
Por fim, gostaria de registrar aqui a felicidade de poder acompanhar in loco mais uma Mil Milhas Brasileiras e também ressaltar e parabenizar o trabalho que a organizadora Elione Queiroz e equipe realizaram para que a prova fosse realizada. Em que pese o grid magro de competidores, a escassez de público (e também infelizmente muitos comentários maldosos), é de se admirar a volta da realização desta importante corrida. E como muito bem disse o piloto Pedro Pimenta nas suas redes sociais, "as Mil Milhas do Brasil agora estão no mapa do mercado do automobilismo nacional". Que venha a edição de 2021, tenho plena certeza que teremos mais adesões de competidores, equipes e patrocinadores, e que a seqüência da prova agora estará garantida. E nós estaremos lá para conferir.
Boa matéria, Rodrigo. Espero que um dia essa prova retome a sua plenitude.
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