sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Campeonato Brasileiro de Marcas

Foi anunciada nesta semana a realização, em 2011, de um campeonato nacional de marcas, organizado pela Vicar (a mesma empresa que cuida da Stock Car brasileira). O calendário será composto por 8 provas e os carros terão a configuração de câmbio sequencial e terão em torno de 300 cv de potência. Os modelos utilizados serão sedãs.

Se pudesse dar uma dica para o pessoal da Vicar para a formatação desse novo campeonato, dira a eles para buscarem inspiração nos campeonatos de Superturismo da década de 90.


Com envolvimento oficial de diversas marcas de automóveis, de diversos países, estes campeonatos eram muito competitivos e ótimos pilotos competiam neles, inclusive ex-pilotos de Fórmula 1. Apenas para citar alguns nomes e dar a dimensão dos "botas" que corriam, segue uma breve lista: Gabrielle Tarquini, Emanuelle Pirro, Tierry Boutsen, Ricardo Patrese, Jaques Laffite, Gianni Morbidelli, Stefano Modena, Karl Wendlinger, Nigel Mansell e por aí vai.
Existiam campeonatos de Superturismo na Inglaterra (o famoso BTCC), França, Itália, Alemanha (conhecido como STW - esse era o que trazia mais público para os autódromos), Espanha, Japão, Austrália e África do Sul. Existiu até um campeonato Sul-Americano de Superturismo, disputado entre 1997 e 1999, com participação de pilotos brasileiros como Ingo Hoffman (BMW), Cacá Bueno - que inclusive foi campeão em 1999 (Peugeot), Beto Giorgi (Opel/GM e Ford) e Flávio "Nono" Figueiredo (Opel/GM e BMW).
O regulamento técnico era bastante rigoroso e proporcionava um excelente equilíbrio entre as diferentes marcas e configurações (tração dianteira, traseira e nas quatro rodas). Os motores obrigatoriamente deveriam ser de dois litros e as equipes poderiam utilizar rodas e pneus de qualquer marca, desde que respeitadas as medidas oficiais previstas no regulamento.
Algo que também era destaque nos campeonatos de Superturismo era o visual dos carros, algo que dá para "sentir" nas fotos mais abaixo:
Dodge Stratus (tração dianteira) - venceu o campeonato norte americano de 1997 com David Donohue. Um modelo chegou a disputar o campeonato Sulamericano de Superturismo.




Ford Mondeo (tração dianteira) - único modelo que não utilizava motor de 4 cilindros em linha. Era equipado com um V6 que tinha um som espetacular. O Neozelandês Paul Radisich venceu dois festivais europeus de Superturismo, em 1993 e 1994, com o primeiro modelo. Já Nigel Mansell disputou o BTCC em 1997 e 1998 com o segundo modelo. Em 2000, o suíço Alain Menu venceu o BTCC com o segundo modelo.







Alfa-Romeo 155 TI / 156 (tração dianteira) - preparado pela Alfa Corse, divisão esportiva da marca italiana, venceu no campeonato italiano com Nicola Larini em 1992 e levou também um campeonato inglês com Gabriele Tarquini, em 1994. Como o principal objetivo da Alfa Corse na época era o DTM, o modelo de Superturismo não teve o desenvolvimento que merecia. Fabrizio Giovanardi venceu em 1998 e 1999 com a evolução da 155, a 156 .







Audi A4 (tração nas 4 rodas) - aí está o grande bicho papão do Superturismo. O A4 ganhou campeonatos na Inglaterra (Frank Biela em 1996), Itália (Emanuele Pirro em 1995 e Rinaldo "Dindo" Capello em 1996) e Alemanha (Emanuele Pirro em 1996 e Christian Abt em 1999).




BMW 318i / 320i (tração traseira) - A famosa "série 3" da marca da Bavária também venceu diversos campeonatos. Na Alemanha, venceu em 1994 com o venezuelano Johnny Cecotto, em 1995 com Joachim Winkelhock e em 1998 novamente com Johnny Cecotto. Na Itália, Roberto Ravaglia venceu em 1993 e Emanuele Naspetti foi campeão na temporada de 1997.







Honda Accord (tração dianteira) - a Honda disputou mais fortemente o inglês e o alemão de Superturismo. Mas foi no campeonato norte americano de Superturismo que o modelo japonês foi campeão, com o estadunidense Randy Pobst em 1996. Em 1997, a equipe foi campeã de construtores.





Mazda Xedos 6 (tração dianteira) - disputou o inglês de Superturismo entre 1992 e 1994, mais destacadamente com o inglês David Leslie. O modelo japonês não obteve bons resultados.






Nissan Primera (tração dianteira) - o Nissan Primera, na segunda versão, venceu dois campeonatos ingleses, com o sueco Rickard Rydell em 1998 e em 1999 com o francês Laurent Aiello.








Peugeot 405 / 406 (tração dianteira) - com o modelo 406, a Peugeot venceu em 1997 com Laurent Aiello. Cacá Bueno venceu o Sulamericano de Superturismo em 1999 com o modelo francês.







Renault 19 / Laguna (tração dianteira) - o modelo 19 não fez tanto sucesso, porém seu sucessor, o Laguna, assombrou os campeonatos de Superturismo com boas performances, assim como o Audi A4. O modelo francês era preparado pela Williams, uma parceria que era feita também na Fórmula 1. O modelo francês venceu em 1997 o britânico de Superturismo com o suiço Alain Menu.






Toyota Corona (tração dianteira) - o modelo japonês, que na Inglaterra é chamado de Carina, assim como o compatriota Mazda Xedos, não obteve bons resultados. Um modelo chegou a disputar o Sulamericano de Superturismo, vencendo provas.




Vauxhall / Opel Vectra (tração dianteira) - com o primeiro modelo venceu em 1992 com Tim Harvey e em 1995 com John Cleland. O brasileiro Flávio "Nonô" Figueiredo chegou a disputar uma prova em 1997 pela equipe de fábrica, no campeonato britânico (veja a foto, o modelo vermelho e branco).






Volvo 850 / 850 Wagon / S40 (tração dianteira) - a marca sueca foi a única que colocou uma perua na disputa de um campeonato de Superturismo. Foi no inglês, na temporada de 1994. Os modelos suecos chegaram a vencer provas, mas não fizeram frente a outros modelos.








2 comentários:

  1. Esses sim eram carros de corrida genuínos, o oposto destes franksteins da stock car. Merecem o apelido do Gordini da década de 60, que dizia " desmancha sem bater ".

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  2. O Sul Americano de Super Turismo acho que tinha em 1995. A Record que até transmitia a competição com direito a uma etapa na Argentina, que foi preliminar a corrida da Fórmula 1, que ocorreu no mesmo dia. Cheia de acidentes, como o Gp da Argentina de Fórmula 1 que ocorreu. Lembro que quem transmitiu a corrida na época foi o Edgar de Mello Filho, que um ano antes narrou a Nascar pela Manchete.

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