Os quartos dos garotos apaixonados por carro nos anos 80 e 90 tinham uma característica em comum: suas paredes adornadas por pôsters de supercarros, como Porsche 959, Lamborghini Countach, Cizeta V16 e a Ferrari F40, talvez o modelo mais recorrente e o preferido entre a garotada.
E foi o desenho marcante da F40 que inspirou as formas do Aurora 122-C, um projeto de esportivo nacional fora-de-série que nasceu já no canto do cisne das pequenas fábricas de automóveis brasileiras, que teve o seu auge nos anos 70 e 80, época de importações de veículos proibidas por aqui.
O Aurora foi idealizado e projetado por Oduvaldo Barranco, que contou com o auxílio de mais dois engenheiros argentinos. Foram três anos de trabalho no desenvolvimento do esportivo, que consumiram 3 milhões de dólares em orçamento.
O desenho é a grande marca do Aurora
O desenho da carroceria foi claramente inspirado na Ferrari F40 e em sua construção foi empregada a fibra de vidro, material largamente utilizado pelos pequenos fabricantes nacionais. As linhas do Aurora são um dos grandes destaques do esportivo. Seus traços encantam e seguem modernos até os dias atuais.
A motorização escolhida foi de origem GM: foi adotado o bloco do motor de 2 litros do Monza, porém com seu miolo alterado. Foi utilizado um virabrequim de curso maior e bielas com medidas diferenciadas. O comando de válvulas continuou com duas válvulas por cilindro e a alimentação era realizada por um carburador de corpo duplo. Para melhorar o desempenho, foi instalada uma turbina da marca Garret, modelo 357 T3. Assim, com turbo-alimentação, o propulsor debitava 214 cavalos de potência.
As rodas exclusivas eram de 15 polegadas e de tala 8, montadas em pneus de medidas 235 perfil 50 na dianteira e 265 perfil 50 na traseira. A suspensão era independente nas quatro rodas e para parar, o Aurora dispunha de freios a disco ventilado nas quatro rodas.
No interior do esportivo, uma central eletrônica permitia o comando da climatização interna e fornecia informações como hora e temperatura externa. Os bancos era revestidos em couro e com formato que favorecia a condição esportiva. O toque de requinte vinha com o carro em forma de acessório: um conjunto de malas feitas especialmente para o modelo, que atendiam a deficiência da inexistência de um porta-malas. Para fechar, o painel com mostradores iluminados em cor clara e um volante de pegada esportiva, de três raios, resumiam o habitáculo do Aurora, de estilo requintado.
Mescla de requinte e esportividade no interior do Aurora
O desempenho do Aurora foi aferido pela revista Quatro Rodas, em sua avaliação em matéria publicada na edição de junho de 1992. A velocidade máxima atingida foi de 203,9 Km/h e um 0 a 100 Km/h em 8s98. Segundo a revista, foram os melhores indicadores entre os modelos nacionais até então. Em 1992, o preço do Aurora 122-C era de 130 milhões de cruzeiros, a moeda da época. Em valores atuais, o modelo custaria mais de 300 mil reais.
Com produção reduzida a três exemplares entre 1992 e 1993, a vida do Aurora foi curta nas ruas. Mas teve uma sobrevida nas pistas. Um dos exemplares produzidos foi convertido em carro de corrida e participou de diversas edições das Mil Milhas Brasileiras (já em 1992 e posteriormente em 1994, 1998, 2001 e 2002, conforme registros da matéria no Blog das Mil Milhas, no link a seguir: Protótipo Aurora, do meu irmão Ricardo Sarmento) e também da edição de 1997 dos 500 Quilômetros de Interlagos.
O carro de competição está até hoje preservado por Silvio Zambello, piloto e organizador dos 500 KM de Interlagos, conforme relato do próprio em entrevista ao Podcast Fuel Press, do canal no Youtube Garage Sete. O carro ainda preserva a motorização Alfa-Romeo, com preparação bi-turbo.
O Aurora na edição de 1994 das Mil Milhas Brasileiras
Mais um capítulo importante da história do automobilismo nacional devidamente registrado! Meus parabéns, irmão, seu blog há muito tempo é uma referência para nós, apaixonados pelo carros e corridad.
ResponderExcluirValeu meu irmão!!
ResponderExcluirTenho todos os moldes a venda
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