quarta-feira, 3 de julho de 2019

Os 40 anos de Jazz Carnival, de Azymuth


Estamos no ano de 1979. Após lançar dois discos e alçar carreira internacional, com participações e festivais como o de Jazz de Montreaux, a banda instrumental brasileira Azymuth entrava em estúdio para gravar o terceiro disco do grupo.


Denominado "Light as a Feather" (traduzindo, leve como uma pena), o disco mantinha a pegada de Jazz com muito groove e funk e pitadas de misturas de ritmos brasileiros, em uma mescla que só o Azymuth sabia fazer. O disco contou com nove faixas, com destaque para "Partido Alto", Fly Over the Orizon (Vôo Sobre o Horizonte) e Light as a Feather, que dá título ao álbum.


Nas gravações em estúdio, ao final do trabalho, com todas as faixas foram definidas e gravadas, já no final da programação, os integrantes do Azymuth decidiram, em conjunto com o produtor Toninho Barbosa, gravar uma última faixa, meio que de forma despretensiosa. Em entrevista para o programa "Segue o Som", da TV Brasil, o baterista da banda, Ivan Conti "Mamão" conta como se deu o diálogo para a gravação da última faixa: "vamos fazer um 'sarro', tocar uma música alegre. Aí cada integrante da banda deu a sua contribuição, entrou com um pedaço". Mamão emenda: "a última faixa do disco tinha menos qualidade, porém, a música acabou com mais de 10 minutos e no final deu o maior pé!".


De fato, Mamão tem razão. A música, que acabou sendo nomeada como "Jazz Carnival", levou o Azymuth à 19ª posição no Hit Parade da Inglaterra, com as vendas do disco Light as a Feather chegando à marca de 250 mil cópias vendidas na Europa.


Ainda em entrevista para o programa "Segue o Som" da TV Brasil, o baixista Alex Malheiros dá mais detalhes sobre a faixa Jazz Carnival e a origem do nome da música: "a sonoridade tinha muita relação com a Disco Music, que estava em evidência na época. E no meio da música a gente colocou um surdo doido, aí acabou sendo um Jazz e um Carnaval, portanto, Jazz Carnival". Mamão ainda ressaltou que a participação da percussionista Aleuda foi preponderante para o sucesso da faixa.


Mamão conta mais uma curiosidade sobre a gravação de Jazz Carnival: "o Zé (José Roberto Bertrami, maestro arranjador e tecladista da banda, morto em 2012) me emprestou um teclado que eu acabei quebrando todo (risos). Como não existia Pad de bateria na época, fazíamos alguns efeitos com o teclado tocando com a baqueta da bateria".




A banda inglesa Jamiroquai mandando um cover de Jazz Carnival em 1992



No fim, o resultado foi surpreendente, uma Jam Session animada, com elementos de Jazz, Funk, Groove, uma levada Disco Music misturada com a batida do carnaval, uma faixa "alto astral" que influenciou muitos músicos, inclusive a banda inglesa Jamiroquai, que no início da carreira sempre mandava um cover de Jazz Carnival nos seus shows.



Confira abaixo o Azymuth, na formação atual (Mamão na bateria, Alex Malheiros no baixo e Kiko Continentino nos teclados) tocando Jazz Carnival, no London Jazz Festival em 2016.









Nenhum comentário:

Postar um comentário