Nesta última década, pudemos presenciar, no cenário das competições a motor, três espetaculares quebras de recordes de títulos que serão difíceis de serem superadas na história. Michael Schumacher na Fórmula 1, Sebastien Loeb no Mundial de Rali e Valentino Rossi na Motovelocidade conquistaram, cada um, sete títulos nas suas modalidades.
Pudemos presenciar todas estas conquistas e temos ainda o privilégio de vê-los em atividade, um no ápice da carreira (Loeb), um tentando retomar seus anos de glória (Schumacher) e outro em busca de novos desafios (Rossi).
Michael Schumacher deixou uma aposentadoria sólida de 3 anos após sagrar-se 7 vezes campeão da categoria máxima do automobilismo para encarar principalmente dois desafios. O primeiro é pessoal: voltar à atividade em uma categoria tão exigente e disputada como a Fórmula 1, depois de 3 anos, exige grande empenho tanto técnico como físico. O outro desafio é ser o principal piloto de uma equipe estreante. Por mais que a Mercedes tenha toda a estrutura técnica da campeã de 2009 Brawn GP, trata-se de um time novo, onde há uma grande ansiedade por bons resultados.
Para piorar a situação da volta de Schumy à Fórmula 1, aparentemente ele não se adaptou ao carro da Mercedes. Seu estilo de pilotagem e sua forma de acertar o carro tendiam para um carro mais "traseiro", porém o modelo alemão tem a tendência de sair de frente nas curvas. Os engenheiros até alteraram a distância entre-eixos do carro para tentar ajudar Schumacher, porém aparantemente não deu resultado.
A vida de Schumacher não está fácil na temporada 2010. Nico Rosberg, seu companheiro de equipe vem seguidamente sendo mais rápido, tanto nas corridas quanto nas classificações. O filho de Keke Rosberg de longe faz a melhor temporada da sua carreira e está fortalecido dentro da equipe, bem diferente do que se imaginava no início do ano, quando Schumy era a grande estrela e aposta do time alemão.
Schumacher foi o piloto que melhor soube utilizar e administrar os modernos recursos disponíveis em um bólido de Fórmula 1. Constantemente alterava as configurações do carro durante uma volta (como a carga dos freios, por exemplo) e tirava grande proveito disso, sempre utilizando o máximo do limite de performance do carro. Aliado à inteligência na utilização dos recursos eletrônicos, também foi mestre nas decisões estratégicas de paradas para reabastecimento e troca de pneus. Foi ele o inventor das voltas rápidas, de tanque vazio e pneus gastos, antes das paradas nos boxes, com a intenção de ganhar tempo sobre os adversários.
Schumacher ganhou sete títulos mundiais (5 pela Ferrari, o que o fez tornar-se o grande ídolo dos tifosi italianos), quebrou o recorde de cinco conquistas até então inatingível do argentino Juan Manuel Fangio e mesmo depois de entrar para a galeria dos grandes do esporte, resolveu voltar à ativa. "Estava sentindo falta de tudo isso", disse o alemão em entrevista no início da temporada. Talvez ele só não imaginava que a temporada de retorno fosse tão difícil e de fracos resultados. De qualquer forma, é um privilégio para torcedores e imprensa do mundo todo ver na ativa um heptacampeão mundial.
Para ser um grande piloto de rali de velocidade e obter vitórias, não basta apenas ser rápido. É necessário ter uma série de qualidades e fatores ao seu favor. É importante ter confiança e entrosamento com seu navegador. É ele quem vai dizer que você pode pisar fundo depois de uma descida íngreme e uma curva fechada, com um penhasco ao seu lado. Para ser rápido em um rali, as informações precisas repassadas pelo navegador são de suma importância.
Ter uma equipe eficiente, com bons técnicos, engenheiros e mecânicos e também um bom equipamento disponível é uma das chaves para o triunfo. Principalmente em um campeonato mundial de rali, onde as fábricas envolvem-se com o intuito de não só promover sua marca mas também desenvolver diversas soluções para utilização nas produções em série. Ou seja, a concorrência é forte.
O francês Sebastien Loeb teve até então na sua carreira no WRC todo esse conjunto citado anteriormente e com ele foi sete vezes campeão, sempre correndo com a Citroen e contando com a parceria do navegador Daniel Elena. Mas Loeb tem um diferencial. Ele consegue se adaptar e ser rápido em diversos tipos de pisos e ambientes, sejam eles gelo, terra, saibro, lama ou asfalto. Enfrentou pilotos de calibre como Tommi Makinen e Peter Solberg, ganhou campeonatos com larga vantagem mas também com diferenças apertadíssimas, foi campeão por equipes privadas e também oficiais de fábrica. Ou seja, é um piloto que se adapta a diversas situações e, com esta característica, é o recordista de conquistas do Mundial de Rali.
O "Doutor", como é apelidado Valentino Rossi, é um sujeito descontraído, de bem com a vida. Nas entrevistas e aparições dos fins de semana, sempre tem uma tirada engraçada, uma brincadeira e invariavelmente está de bom humor. Todo este clima muda quando o italiano veste o grosso macacão e seu capacete multicolorido e "torce os cabos" em sua máquina.
Valentino é um piloto rapidíssimo, agressivo, seus adversários sofrem quando ele está atrás, pronto para dar o bote. O cara simplesmente não dá sossego! Ver Valentino frear, reduzir marchas e fazer uma tomada de curva, seja ela de baixa, média ou de alta velocidade, é algo mágico, bonito e empolgante.
Os números de sua carreira impressionam: foi campeão das 125 e 250 cilindradas (categorias de acesso) e venceu 7 vezes o campeonato mundial de motovelocidade (3 conquistas com a Honda e quatro com a Yamaha, sua atual equipe). Conquistou 123 vitórias, 58 poles e 83 voltas mais rápidas. Ao lado do também italiano Giacomo Agostini, é um dos principais pilotos de moto do mundo.
Este ano não foi tão bom assim para Rossi. Uma fratura na perna tirou o italiano de algumas etapas e o alijou da disputa pelo título. Enfrentou também um osso duríssimo de roer dentro da equipe oficial da Yamaha. O espanhol Jorge Lorenzo em excelente fase e mais maduro e competitivo, sagrou-se campeão antecipado da temporada 2010.
A partir do ano que vem, o "Doutor" terá em sua carreira um grande desafio: fazer campeã a equipe de seu país, a Ducati. Valentino parece estar migrando de equipe na hora certa. As motos vermelhas estão ganhando provas neste final de temporada, com Casey Stoner, numa mostra de evolução. Rossi encontrará uma moto rapidíssima, mas que carece ser desenvolvida e acertada, pois ainda é muito "arisca". Mas isso não é problema, pois pelo visto, pelo talento e motivação do "Doutor", ele ainda tem muita lenha para queimar.
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