sexta-feira, 16 de abril de 2021

Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos – Temporada de 1984

 

O ano de 1984 chega e em seu começo muitos rumores sobre a nova temporada do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos são discutidos no meio do automobilismo nacional. A boa presença de patrocinadores e o envolvimento das fábricas nacionais de automóveis passava a atrair notoriedades para o campeonato. Uma dessas estrelas era Emerson Fittipaldi, que desde que abandonara a Fórmula 1 como piloto e chefe de equipe, mais à frente, em 1982, vinha fazendo participações esporádicas em certames menores, como o Superkart aqui no Brasil no ano de 1983, por exemplo. Emerson estava no Brasil no início de 1984, mais precisamente no Rio de Janeiro, testando para a equipe Spirit-Hart no circuito de Jacarepaguá. Nessa altura uma possível volta de Emmo para a Fórmula 1 estava cada vez mais distante. Perguntado pelo Estadão no início de fevereiro sobre correr no Marcas ou até mesmo na Stock Car brasileira em 84, Emerson respondeu: “por enquanto não tem nada definido, mas a ideia é basicamente essa”.


No início de março, estava praticamente fechada a participação de Emerson no Brasileiro de Marcas, ao lado do seu irmão Wilsinho, na mesma equipe. O esquema da participação dos Fittipaldi estaria ligado à Fiat, que prepararia um Oggi, o novo carro da marca italiana para o campeonato. Inclusive, foi lançada uma versão de homologação, a CSS, que teve uma tiragem limitada de 300 unidades.



Outras presenças importantes estavam em vias de confirmação. Pela Volkswagen, Chico Serra estava em negociação nesta altura com a Volkswagen, para correr em um Passat feito pelo preparador Vinicius Losacco. Serra acabou fechando contrato com a Fiat. Ingo Hoffmann também acertava a sua participação no Marcas, novamente pela Chevrolet, com o Chevette preparado com modificações no motor, adotando o cabeçote do Monza. Iremos falar mais para frente nesta postagem, com mais detalhes, sobre a preparação deste motor.


A Volkswagen vinha com forte apoio às equipes para a temporada e negociava nesta altura com as duplas Armando Balbi/Toni Rocha, Luis Otávio Paternostro/Toninho da Matta e Jaime Figueiredo/Xandy Negrão. A temporada iniciaria em Interlagos, com a prova de 6 Horas, no início do mês de junho, a primeira de sete etapas no ano.


O regulamento técnico, que tanto trouxe discussões e polêmicas com suas constantes mudanças em 1983, para a temporada de 84 teria mais uma alteração. O peso mínimo dos carros foi delimitado em 675 quilos para os modelos com motorização de 1.300 centímetros cúbicos e 750 quilos para os modelos de 1.600 centímetros cúbicos.




6 Horas de Interlagos – 09/06/1984



A programação em São Paulo previa treinos livres a serem realizados na quinta-feira, o classificatório para a sexta e a corrida com largada às 16h do sábado. Os treinamentos teriam duas sessões, sendo uma de dia e outra a noite. Na classificação, a pole ficou com o VW Voyage da equipe carioca Refricentro, da dupla Armando Balbi e Toni Rocha, com o tempo de 3m31s09. Egídio Chichola e Paulo Júdice ficaram como segundo tempo e em terceiro, mais um carro da Volkswagen, da dupla Toninho da Matta e Luis Otávio Paternostro. Emerson Fittipaldi com Fiat Oggi conquistou a quinta colocação no grid e em sexto, mais um Fiat, de Zeca David e Egon Hertzfeldt. A dupla paulista Paulo Gomes e Fabinho Sotto Mayor, também de Oggi, ficaram com a sétima colocação.













Na largada, Jaime Figueiredo assumiu a ponta da prova, seguido do Voyage de Toninho da Matta e de Chichola. Emerson e Chico Serra vinham na sequência com os Fiats. Egídio Chichola logo abandonou a disputa na frente quando rodou e acertou o muro na curva 3. Jaime levava o seu Voyage na liderança com propriedade, seguido dos Fiats. Ingo Hoffmann trazia seu Chevette em uma ótima quinta colocação. Na volta 20 Emerson abandonou a corrida com problemas de cambio do seu Oggi.


Na volta 30 Jaime parou nos boxes para realizar o reabastecimento e a troca com Xandy Negrão. A liderança passou para Chico Serra seguido do Fiat da dupla Clemente de Farias e José Junqueira. Mas, infelizmente, logo a corrida seria paralisada pela direção de prova.


O motivo da bandeira vermelha com apenas duas horas de prova disputadas foi a total desorganização na área de boxes e nas cercanias da pista. Muitas pessoas credenciadas invadiam perigosamente a área do pit-lane. Foram vendidas credenciais para acesso aos boxes dos torcedores, mas a organização dessa ação não foi muito bem coordenada. Os boxes mais pareciam um mercado em dia lotado. A tragédia era questão de tempo. E ela quase aconteceu: no momento em que os carros seguiam para os boxes para realização do reabastecimento e troca de pilotos, o Escort de Camilo Christófaro Jr., ao desviar de um espectador, perdeu o controle e acabou atropelando o Diretor da prova, Roberto Luis Skortizaru, que quebrou as pernas. Foi a gota d´água para o cancelamento da prova.




As equipes que optaram pelo Chevette padeciam da falta de apoio da fábrica





Emerson Fittipaldi em ação com seu Oggi





Paulão Gomes e seu Fiat Oggi, dividido com Fabinho Sotto Mayor



Mas o show de problemas não parou por aí. Os carros foram recolhidos mas não ficaram sob regime de parque fechado. O resultado é que várias equipes realizaram alterações nos carros, o que acabou por reforçar ainda mais a finalização da corrida. Emerson Fittipaldi, assustado com toda essa confusão, falou para a Folha de São Paulo: “é uma pena que, na hora em que as fábricas investem e tornam a profissão de piloto de competições viável no país, a organização de corridas seja entregue a amadores”. Algumas equipes também estavam indignadas e, no calor da emoção, prometiam entrar na justiça pela anulação da prova.


A Confederação Brasileira de Automobilismo e a CBA abriram uma comissão de inquérito para investigar e apurar responsabilidades pela bagunça em Interlagos. Representantes das marcas, pilotos, Federação e imprensa foram convocados para participar dessa comissão. Os principais fatos a serem investigados seriam as invasões de boxes e pista, o descontrole na venda e distribuição de credenciais ao público, além do atropelamento ocorrido na pista de box. Já o recurso impetrado por algumas equipes para cancelar a prova foi indeferido e o resultado final após duas horas de prova, mantido.


Como se não bastasse toda essa confusão, as marcas Fiat, Ford e GM protestavam pela decretação de irregularidades por parte da Volkswagen nos seus Voyages. O fato é que o carro de produção tinha um câmbio de apenas 4 velocidades naquele ano e então foi elaborada uma relação de marchas diferenciada para buscar uma melhor performance. As concorrentes reclamaram bastante, alegando que o câmbio era praticamente de um “Hot Car”, categoria com regulamento e preparações diferenciadas.




Fiat Oggi dos vencedores, Chico Serra e Wilson Fittipaldi Jr



Resultado Final:


1º - Chico Serra / Wilson Fittipaldi Jr. – Fiat Oggi (Equipe Sultan / Alpi) – 30 voltas
2º - Clemente de Farias / José Junqueira – Fiat Oggi (Equipe Banco Bandeirantes)
3º - Xandy Negrão / Jaime Figueiredo – VW Voyage (Equipe Vodka Kovak)
4º - Marcelo Toldi / Hélio “Horácio” Matheus / Mário Covas Neto – Fiat Oggi (Equipe Galileo/Le Coq Hardy)
5º - Marcos Troncon / Júlio Caio Marques – GM Chevette
6º - Edgard Mello Filho / Luís André Ferreira – Fiat Oggi (Equipe Milano)
7º - Luis Otávio Paternostro / Toninho da Matta – VW Voyage
8º - Cláudio Mueller / Victor Steyer – Ford Escort (Equipe Motorsport)
9º - Baby Magaglio / Renato Naspolini – Fiat Oggi (Equipe Jotavê / Jun Veículos)
10º - Luis Evandro Águia / Fábio Crespi – Ford Escort (Equipe Bantec)





O gaúcho João Campos e seu Fiat Spazio/147








O Escort de Fabio Crespi e Luis Evandro Águia













500 km de Brasília – 24 de junho de 1984



Depois de toda a confusão ocorrida na etapa de Interlagos, era de se esperar um fim de semana mais tranquilo em Brasília, onde seria disputada a segunda prova da temporada, os 500 Km de Brasília. Nos treinos livres, a Volkswagen foi melhor com Jaime Figueiredo e Luis Otávio Paternostro. Clemente de Faria vinha na cola com o Oggi e em terceiro o Ford Escort de Alex Dias Ribeiro. Ingo Hoffmann foi bem além das possibilidades de seu Chevette e ficou com a quinta colocação.


A pole position ficou com o Voyage da dupla Paulo Judice e Egídio “Chichola”, com a melhor volta em 2m27s47. Ao seu lado mais um Voyage, de Toninho da Matta e Luis Otávio Paternostro. O domínio da Volkswagen foi comprovado com a terceira colocação do grid, conquistada pelo Voyage de Armando Balbi e Toni Rocha e o quarto lugar de Jaime Figueiredo e Xandy Negrão. O primeiro Fiat apareceu apenas na quinta colocação, com o Oggi de Paulo Gomes e Fabinho Sotto Mayor. Os carros das equipes Sultan tiveram problemas mecânicos na classificação e ficaram para além do décimo lugar. Ingo mais uma vez tirava leite de pedra e era o melhor Chevette na classificação, com a nona colocação no grid. A Ford não foi bem e o melhor Escort classificou-se em décimo lugar com Alex Dias Ribeiro e Ruyter Pacheco. O domínio da Volkswagen, como era de se esperar, foi objeto de protesto e reclamação das demais marcas.







A boa performance da Volks se manteve na corrida e a marca conquistou uma dobradinha nos 500 Km de Brasília. A vitória ficou com Xandy Negrão e Jaime Figueiredo e o segundo colocado foi Toninho da Matta e Luis Otávio Paternostro. A dupla Ingo Hoffmann e Marcos Gracia levou uma excelente terceira posição com o Chevette.


Jaime Figueiredo relatou que a corrida foi bem tranquila: “tocamos sem forçar o motor, com muita folga” contou o carioca. A dupla do Voyage número 70 efetuou uma parada de box e finalizou a corrida com uma boa vantagem de mais de 1 minuto para o Voyage segundo colocado. Para uma boa parte dos competidores – apenas 36 carros dos 61 que largaram finalizaram a prova – a corrida foi bem desgastante. Os Fiats, por exemplo, sofreram com a caixa de câmbio e uma terceira marcha que se mostrou muito problemática.


O panorama do campeonato agora mostrava a Volkswagen como líder entre as marcas e Figueiredo e Xandy como líderes entre os pilotos, com 26 pontos conquistados.



Resultado final:


1º - Xandy Negrão / Jaime Figueiredo – VW Voyage (Equipe Vodka Kovak) – 92 voltas
2º - Luis Otávio Paternostro / Toninho da Matta – VW Voyage
3º - Ingo Hoffmann / Marcos Gracia – GM Chevette
4º - Jan Balder / Fausto Dabur – Volkswagen Voyage
5º - Walter “Tucano” Barchi / Valdir Florenzo – Ford Escort
6º - Lian Duarte / Paulo Garcia – Ford Escort



















Após o final da prova, o piloto português Pedro Queiroz Pereira, popularmente chamado de “PQP”, formalizou uma reclamação sobre irregularidades nos motores e câmbios dos três melhores VW Voyages classificados na corrida. As investigações ficariam para o intervalo entre os 500 Km de Brasília e a próxima prova do campeonato, as 12 Horas de Goiânia, a ser realizada em agosto.



12 Horas de Goiânia – 04 de agosto de 1984



Equipes e pilotos chegaram para a terceira etapa do campeonato em Goiânia com a informação de que a reclamação sobre irregularidades nos Voyages em Brasília foi julgada como procedente pelo Tribunal Especial da Confederação Brasileira de Automobilismo e a vitória foi confirmada para os terceiros colocados nos 500 Km de Brasília, Ingo Hoffmann e Marcos Gracia. Foi a primeira e única vitória de um Chevette na história do Brasileiro de Marcas e Pilotos.


Nesta altura, rolavam rumores que as marcas Fiat, Ford e GM, vendo o domínio da Volks, poderiam abandonar a competição. Na pista, os treinos classificatórios viram a conquista da pole position pela dupla Ingo Hoffmann e Marcos Gracia, a primeira do Chevette e uma mostra de que o desenvolvimento do carro da Chevrolet já surtia efeito. Já os Fiats enfrentavam problemas de performance e largariam mais atrás em um grid que contaria com 56 carros inscritos.




Xandy Negrão e Jaime Figueiredo e o Voyage vencedor




Fiat Oggi da dupla gaúcha Fornari/Hoerlle



Com largada à meia-noite, a prova em Goiânia teve mais uma vitória da Volkswagen, com a dupla líder do campeonato Xandy Negrão e Jaime Figueiredo. Após largar em quinto, a dupla do Voyage número 70 já passou na segunda posição na volta 2 e assumiram a liderança na volta 17. A constância nos tempos de volta e as paradas de boxes eficientes foram os fatores decisivos para a vitória. Paulão Gomes e Fábio Sotto Mayor conseguiram uma ótima segunda colocação com o Fiat Oggi e Claudio Girotto em dupla com Josué de Melo Pimenta fecharam o pódio, de Voyage. Cláudio Mueller e Victor Steyer foram os melhores de Escort, com a quinta colocação e Marcos Troncon com Júlio Caio Marques, na oitava colocação, foram os melhores de Chevette.








Resultado final:


1º - Xandy Negrão / Jaime Figueiredo – VW Voyage (Equipe Vodka Kovak) – 376 voltas
2º - Paulo Gomes / Fábio Sotto Mayor - Fiat Oggi
3º - Claudio Girotto / Josué de Melo Pimenta - VW Voyage
4º - Luis Otávio Paternostro / Toninho da Matta – VW Voyage
5º - Cláudio Mueller / Victor Steyer – Ford Escort
6º - Sérgio Louzão / Denísio Casarini - Ford Escort
7º - Walter “Tucano” Barchi / Valdir Florenzo – Ford Escort
8º - Marcos Troncon / Júlio Caio Marques - GM Chevette
9º - João Carlos "Capeta" Palhares / Murilo Pilotto - Fiat Oggi
10º - Amadeu Rodrigues / Paulo Sarmento - VW Voyage




Mil Quilômetros de Brasília - 08/09/1984


O circo do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos desembarcou em Brasília para uma prova de mil quilômetros, a segunda corrida na capital federal no ano. A pista plana favoreceu os Volkswagens. A pole position ficou com o Voyage de Egídio "Chichola" e Paulo Júdice, com o melhor tempo em 2m26s31. Eles não só conquistaram a segunda pole nessa pista no ano mas também melhoraram o tempo de volta em relação à prova realizada em junho. Os Volkswagens dominaram o grid de largada: em segundo, Rogério dos Santos - o "Jegue" e Dimas de Mello Pimenta, terceiro Armando Balbi e Toni Rocha e em quarto Luis Otávio Paternostro e Toninho da Matta.














Em mais uma corrida do ano com largada à meia-noite, os líderes do campeonato Xandy Negrão e Jaime Figueiredo não enfrentaram grandes dificuldades nas mais de oito horas de prova e venceram mais uma corrida em 1984. Foi mais um domínio da Volkswagen, com a segunda colocação de Rogério dos Santos / Dimas de Mello Pimenta e Armando Balbi / Toni Rocha em terceiro. Negrão e Figueiredo abriam vantagem no campeonato de pilotos, com 46 pontos conquistados. A Volkswagen liderava entre as marcas.



Resultado final:


1º - Xandy Negrão / Jaime Figueiredo – VW Voyage (Equipe Vodka Kovak) – 183 voltas
2º - Rogério dos Santos / Dimas de Mello Pimenta - VW Voyage
3º - Armando Balbi / Toni Rocha - VW Voyage
4º - Anor Friedrich / Leonel Fiedrich - VW Voyage
5º - Sérgio Louzão / Denísio Casarini - Ford Escort




12 Horas de Guaporé - 29/09/1984


A quinta etapa do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos seria disputada no circuito de Guaporé, Rio Grande do Sul, onde temos sempre a garantia da presença do grande público gaúcho, que é apaixonado e invariavelmente acampa nas cercanias da pista por todo o fim de semana de corridas. Churrasco e cerveja aos montes são os ingredientes tradicionais que movem os gaúchos em um fim de semana de disputas.


Na pista, uma ótima lista de inscrição contava com 61 carros, sendo 21 Fiat Oggis, 12 Volkswagen Voyages, 17 Ford Escorts e 11 GM Chevettes. Porém, uma linha de corte deveria ser realizada nos treinos classificatórios pois a pista, pela sua extensão, só comportaria 45 carros no grid. Segue a lista de inscrição dos pilotos, separado por marca e modelo de carro:


Fiat Oggi:

Emerson Fittipaldi (SP) / Wilson Fittipaldi Jr. (SP)
Atila Sipos (SP) / Chico Serra (SP)
Fábio Sotto Mayor (SP) / Paulo Gomes (SP)
Jorge de Freitas (RJ) / César Pegoraro (RS)
Pedro Bartelli (RS) / Silvio Zambello (SP) / Giuseppe Marinelli (SP)
Ricardo S. Oliveira (SP) / Walter Soldan
Jorge Cecílio Filho (GO) / Cairo Afonso (GO)
José David (SP) / Egon Ertzfeldt (RS)
Edgard Mello Filho (SP) / Luis Alberto Ferreira (SP)
João Campos (RS) / Carlos Alberto Petry (RS)
Murilo Pilotto (RJ) / João Carlos Palhares (RJ)
Fernando Monta (RJ) / Constantino Andrade (RJ) / Pedro La Roq (RJ)
Hélio Horácio Matheus (SP) / Marcelo Toldi (SP)
José Junqueira (MG) / Clemente Faria (MG) / Vinicius Pimentel (MG)
Baby Magaglio (SP) / Renato Naspolini (SC)
Roberto Sávio (SP) / Dedé Gomez (SP)
Renato Conil (RS) / Janjão Freire (RS)
Alfredo Guaraná Menezes (SP) / Walter Travaglini (SP)
Evaldo Quadrado (RS) / Luis Carlos RIbas (RS)
Antonio Fornari (RS) / Paulo Hoerlle (RS)
Nelson Silva (RJ) / José Coelho Romano (SP)


Volkswagen Voyage:

Luis Otávio Paternostro (SP) / Toninho da Matta (MG)
Anor Friedrich (RS) / Leonel Fiedrich (RS)
Xandy Negrão (SP) / Jaime Figueiredo (RJ)
Jan Balder (SP) / Fausto Dabur (SP)
Rogério dos Santos (PE) / Dimas de Mello Pimenta (SP)
Egídio "Chichola" MIcci (SP) / Paulo Júdice (RJ)
Cláudio Girotto (SP) / Josué de Melo Pimenta (SP)
Dárcio dos Santos (SP) / Ernesto Pereny (SP)
Laércio Justino (GO) / Ananias Justino (GO)
Armando Balbi (RJ) / Toni Rocha (RJ)
Paulo Sarmento (RJ) / Amadeu Rodrigues (SP)
Hélio Massa (SP) / Marcos Galasso (SP)


Ford Escort:

Alex Dias RIbeiro (DF) / Ruyter Pacheco (DF)
Camilo Christófaro (SP) / Roberto Galafassi (SP) / Neimer Helal (SP)
Arthur Bragantini (SP) / Fábio Grecco (SP)
Cláudio Mueller (RS) / Victor Steyer (RS)
Aloisio Andrade Filho (SP) / Ciro Aliperti (SP)
Afonso Rangel (PR) / Paulo de Tarso (PR) / José Faust (PR)
Beto Nogueira (SP) / Caetano Aliperti (SP)
Sérgio Louzão (SP) / Denísio Casarini (SP) / Charles Marzanasco (SP)
Lian Duarte (SP) / Paulo Carcasi (SP)
Luis Evandro Águia (SP) / Fábio Crespi (RJ)
Walter Bernardes (MG) / Rodrigo Castro (MG) / Cairo Fontes (GO)
J. "Balinha" Jr. (SP) / Pedro França (RJ)
Walter Grosso (SP) / Edmilson Santilli (SP) / Ensio Abbruzzin (SP)
Edmar Ferreira (SP) / Roberto Jacobi (SP)
Euzébio Hernandes Neto (SP) / Ernesto Zogbi (SP)
Walter "Tucano" Barchi (SP) / Waldir Florenzo (SP)
Nelson Barro (RS) / Robeto Laude (RS)


Chevrolet Chevette:

Ingo Hoffmann (SP) / Marcos Gracia (DF)
Amadeo Campos (SP) / J. P. Chateubriand (SP)
Reinaldo Campelo (SP) / Edson Graczyk (SP)
Afonso Giaffone Jr. (SP) / Edson Yoshikuma (SP)
Marcos Troncon (SP) / Júlio Caio Marques (SP)
Alencar Jr. (GO) / José Carlos Dias (SP) / Zéca Salsicha (SP)
Thales Polis (SP) / Carlos Dudu Romeo (SP)
Luis A. Massa (SP) / José R. Cardarelli (SP)
Pedro Queiroz Pereira (RJ) / Carlos Abdala (SP)
Marechal Spinelli (SP) / Armando C. de Souza (GO)
Edgard Vaz (SP) / Eduardo Celidônio (SP)



Nos treinos livres, os Voyages da equipe Vodka Kovak/Jornal da Tarde foram mais rápidos. O melhor tempo ficou com a dupla Paternostro / da Matta, que cravou 1m27s00 na pista gaúcha. As provas de classificação seriam realizadas em quatro baterias. E os mais rápidos dos treinos livres garantiram a pole position, com o tempo de 1m25s37, melhorando a marca. Na segunda posição o Chevette da dupla Pedro Queiroz Pereira, o "PQP" e Carlos Abdala, que cravaram 1m25s45. Chichola e Paulo Júdice foram os terceiros mais rápidos, com o tempo de 1m25s46.


A largada foi dada à meia-noite de sábado para domingo e o grande desafio para a madrugada em Guaporé foi uma densa neblina que baixou no autódromo, trazendo com ela uma forte baixa de temperatura. A bruma foi tão forte que, por falta de visibilidade, 10 carros colidiram no final da reta. Cesár "Bocão" Pegoraro levou a pior e saiu do acidente com uma luxação no braço, resultado da forte pancada que sofreu. A prova teve de ser interrompida por questões de segurança. Até então a liderança da prova estava com a dupla Arthur Bragantini e Walter "Tucano" Barchi, com Escort.






Fiat Oggi da dupla Silvio Zambelo e Giuseppe Marinelli











Quando a situação melhorou, às seis e meia da manhã, já com sol no céu de Guaporé, a nova largada foi dada. No avançar da manhã, os Voyage foram melhorando de posição, na medida em que o ritmo de prova foi aumentando. Neste momento, com vinte carros em disputa (nove Voyages, oito Fiats, dois Escorts e um Chevette), o público presente em Guaporé foi presenteado com belas brigas na pista.


E a vitória ficou com a equipe Refricentro e o seu Voyage pilotado pela dupla carioca Armando Balbi e Toni Rocha, depois de nove horas de prova. Na segunda posição uma dupla da casa, os irmãos Anor e Leonel Friedrich, também com um Voyage. A Fiat obteve um bom resultado com os gaúchos Renato Conil e Janjão Freire, na terceira colocação, de Oggi. Em quarto finalizaram Xandy Negrão e Jaime Figueiredo, que avançaram ainda mais na liderança do campeonato de pilotos.














Resultado final:


1º - Armando Balbi / Toni Rocha - Volkswagen Voyage (Equipe Refricentro) – 364 voltas em 9h02min04s07 - média de 124,093 Km/h
2º - Anor Friedrich / Leonel Fiedrich - Volkswagen Voyage (Equipe Galgos Brancos)
3º - Renato Conil (RS) / Janjão Freire (RS) - Fiat Oggi (Equipe Taurus/Havoline/Jardim Itália)
4º - Xandy Negrão / Jaime Figueiredo – Volkswagen Voyage (Equipe Kovak/Rodão)
5º - Hélio Matheus / Walter Soldan - Fiat Oggi (Equipe Fiat/Arisco)
6º - Marcos Troncon / Ronaldo Ely - Chevrolet Chevette (Equipe Rodão)
7º - Egídio "Chichola" Micci / Paulo Júdice - Volkswagen Voyage (Equipe Kovak/Rodão)
8º - Toninho da Matta / Luiz Otávio Paternostro - Volkswagen Voyage (Equipe Kovak/Rodão)
9º - Silvio Zambello / Marcelo Toldi / Giuseppe Marinelli - Fiat Oggi (Equipe Sada/Localiza)
10º - Paulo Gomes / Fabio Sotto Mayor - Fiat Oggi (Equipe Metalpó)
11º - Jan Balder / Fausto Dabbur - Volkswagen Voyage (Equipe Cinzano)
12º - Walter Gross / Edmilson Santilli / J, Cerchiai Jr. - Ford Escort (Equipe Camisas Hércules/Expresso Araça-Moto Esporte
13º - Valter Oliveira / Luiz "Pitoco" Rosenfeldt - Ford Escort
14º - Hélio Massa / Roque Bruxel / Charles Novaes - Volkswagen Voyage (Equipe Confecções Holanis/Odilon Center)
15º - Luiz Evandro Águia / Marcelo Aiquel - Ford Escort (Equipe Bantec)
16º - José "Zeca" David / Egon Herzfeldt - Fiat Oggi (Equipe Milano/Fiat)
17º - Paulo Sarmento / Amadeu Silva - Volkswagen Voyage (Equipe Ren TV/Unasa/Eneas Franco/Atlantic)
18º - Jorge de Freitas / Cezar "Bocão" Pegoraro - Fiat Oggi (Equipe Sada/Localiza)
19º - Armando Braga Filho / Jorge Cláudio Schuback / Fábio Crespi - Volkswagen Voyage (Equipe Disnave/Refricentro)
20º - Edgard Mello Filho / Luiz Alberto Ferreira - Fiat Oggi (Equipe Milano/Fiat)




Armando Balbi e Toni Rocha, os vencedores em Goiania




12 Horas do Rio de Janeiro - 10/11/1984


Chegamos à penúltima etapa do campeonato de 84 com a expectativa da definição do título de pilotos e também das marcas, que vinha sendo liderado pela Volkswagen, com 171 pontos conquistados. A Ford vinha em segundo com 99 pontos. Entre os pilotos, a briga estava concentrada entre Xandy Negrão / Jaime Figueiredo e Armando Balbi / Toni Rocha, todos de Voyage. Nesta etapa não teríamos a presença de Emerson Fittipaldi, que deixaria a pilotagem do seu Fiat Oggi para Nelson Balestieri. Emmo estaria em Las Vegas, para a disputa da última etapa da Fórmula Indy.


Nos treinos classificatórios, o forte calor da capital carioca foi um dos fatores que atrapalhou os trabalhos de pilotos e equipes. Após o final das sessões, a melhor volta ficou com o Voyage da dupla Rogério dos Santos, o "Jegue" e Dimas de Melo Pimenta, virando 2m22s81. Em segundo mais um Voyage, de "Chichola" e Paulo Júdice, com o tempo de 2m22s87. Os postulantes ao título largariam respectivamente em quinto (Armando Balbi/Toni Rocha) e oitavo (Xandy Negrão/Jaime Figueiredo).




Fiat Oggi de "Bocão" Pegoraro









Com largada às 11h da manhã e bandeirada final à meia-noite e cinco, a dupla líder do campeonato Xandy Negrão e Jaime Figueiredo venceram a corrida e garantiram o título entre os pilotos. Com os bons resultados do Rio, a Volkswagen também venceu o título entre as fábricas. A dupla Armando Balbi e Toni Rocha, a única que poderia brigar pelo título, abandonaram a corrida na volta número 150, às voltas com problemas no motor do seu Voyage. A ordem de equipe para passagem da dupla vencedora assegurar a vitória e o título criou um mal estar para o campeão de 1983, Toninho da Matta, que ficou irritado com o pedido. O campeonato de marcas até o momento estava assim: Volkswagen: 206 pontos (campeã); Ford: 121 pontos; Fiat: 106,5 pontos.






Armando Balbi e Toni Rocha




12 Horas de Interlagos - 01/12/1984


A última etapa do campeonato de 84 seria palco de uma das mais fortes demonstrações de um protesto já realizado no automobilismo nacional. A dupla Ingo Hoffmann e Marcos Gracia, que tanto lutaram com o desenvolvimento do Chevette, por toda a temporada, conquistaram a pole position e, em forma de protesto, após a volta de apresentação, não alinharam no grid e levaram o carro para os boxes. Todos os presentes no autódromo não entenderam, mas Ingo fez questão de explicar: "isso é o nosso protesto contra a GM, que não tem dado o menor apoio para desenvolvermos o Chevette, que tem condições de disputar de igual para igual com os demais carros da categoria". Ingo abandonaria da Chevrolet para correr pela Volkswagen em 1985.









Alheios a todos estes acontecimentos, os demais competidores seguiram com a corrida, debaixo de bastante chuva na maior parte do percurso. Na madrugada, um acidente envolveu cinco competidores (Alex Dias Ribeiro, Toninho da Matta, Paulo Carcasci, Chichola e Rogério dos Santos). Ao final das 12 Horas de prova, mais uma vitória da Volkswagen, dessa vez do Voyage dos gaúchos e irmãos Anor e Leonel Friedrich. A Ford conseguiu um ótimo resultado com a segunda posição da dupla Aloisio Andrade Filho e Ciro Aliperti Jr.


Resultado final:


1º - Anor Friedrich / Leonel Fiedrich - VW Voyage - 185 voltas
2º - Aloisio Andrade Filho / Ciro Aliperti Jr. - Ford Escort
3º - José Junqueira / Clemente de Farias / Vinícius Pimentel - Fiat Oggi
4º - Luiz Alberto Ferreira / Edgard Mello Filho / Silvio Zambello - Fiat Oggi
5º - Paulo Hoerlle / Miguel Fornari - Fiat Oggi
6º - Cláudio Girotto / Josué de Melo Pimenta - Volkswagen Voyage




O Voyage dos irmãos gaúchos Friedrich, os vencedores em São Paulo













O VW Voyage dos campeões de 1984, Xandy Negrão e Jaime Figueiredo





Curiosidade - O Chevette "Misto Quente"


Em busca de uma melhor performance para o Chevette - e com pouco apoio de fábrica - o time oficial adotou uma solução pitoresca: instalar o cabeçote do Monza no bloco do Chevette. Com a mudança, o motor que normalmente atingia 6.000 giros, passou a virar a 7.500 rotações e a velocidade máxima foi alçada a 198km/h. A potência ficou por volta de 130 cavalos. O Chevette então ganhou o apelido de "Misto Quente". O problema era que, com esta mudança, a durabilidade foi sacrificada e o reflexo foram inúmeros abandonos nas corridas de longa duração do campeonato. As boas performances ficaram, mesmo, nas provas de classificação.






O motor do Chevette com o cabeçote do Monza





O problemático Chevette de Ingo Hoffmann





Observação: as fotos aqui reproduzidas foram localizadas na Internet. Se você conhece ou é o autor das mesmas, peço por gentileza entrar em contato com o blog para registrarmos os devidos créditos. Obrigado!

13 comentários:

  1. Parabéns Rodrigo muito legal sua publicação época muito legal do automobilismo brasileiro Horácio matheus

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  2. Olá, parabéns pelos posts! Sabe quem pilotava o Chevette 16, o Escort 47 e o Escort 84, além do Voyage 14?

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  3. Que sensacional!!!! Lembro bem da GM alegando participar da preparação dos Opalas da Stock e não dos Chevettes foguetes de Marcas. Foi o campeonato de turismo mais bacana que tivemos!!

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    1. Verdade, foi o certame de turismo mais especial que tivemos! Abraço!

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  4. Ótimo resgate, Carelli. Aguardo as próximas temporadas.

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    1. Panda!! Que honra ter você por aqui!! Muito obrigado, logo menos tem mais! Abraço!!

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  5. Passando pra parabenizá-lo pela altíssima qualidade das informações e do material postado. Se me permite definir assim, diria que "é do Carelli"!!!!
    Muitos carros do BM&P, D3 e Stock acabaram sendo adquiridos por pilotos aqui de SC.
    Abraço

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    1. Obrigado Francis! Muito interessante essa sua informação, o que nos leva a pensar que carros históricos ainda podem estar na ativa! Sensacional! Grande abraço!

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  6. Show àquele abraço gaúcho sensacional show

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  7. Parabens pela pesquisa do Bras de marcas dos anos 80 Abraço. Luiz Evandro Águia

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