sábado, 19 de fevereiro de 2022

Do Fundo do Baú - 12 Horas de Curitiba de 1994


O piloto de motovelocidade e construtor de automóveis Almir Donato criou um dos principais carros de corrida da historia do automobilismo brasileiro: o Aldee Coupê. O carro, inicialmente criado para ser um esportivo de rua - era chamado Aldee GT 1.8 Street, com motorização Volkswagen AP - fez sucesso mesmo nas pistas, com o desenvolvimento competente de Almir.


Os bólidos de Almir Donato alcançaram o sucesso logo no começo de sua vida útil, no início da década de 90, e especialmente em provas de longa duração, como as Mil Milhas Brasileiras. Seus carros foram e ainda são largamente usados nas pistas brasileiras até hoje, inclusive a sua outra grande invenção, o Aldee Spyder.


E foi um modelo Aldee Coupê o vencedor da segunda edição das 12 Horas de Curitiba, realizada no ano de 1994. O carro vitorioso foi especialmente preparado pelo piloto cascavelense Pedro Muffato e recebeu um motor Volkswagen Spiess utilizado na Fórmula 3 na década de 90. Muffato convocou os pilotos Flávio Trindade e Gastão Weigert para a maratona no Autódromo Internacional Raul Boesel.


O Aldee Coupê com motor Volkswagen de Fórmula 3, o carro vencedor das 12 Horas de Curitiba de 1994


O trio conquistou a pole position e mostrou ali que seriam os grandes favoritos. Seus concorrentes eram, em sua maioria, outros Aldees, além de Fuscas Speed 1.600, GM Opalas, VW Passats e até uma Alfa-Romeo GTV ano 1973, totalizando um grid de 37 carros.


A largada foi dada à meia-noite e o trio do Aldee amarelo com motor de Fórmula 3 dominou amplamente a prova, vencendo a corrida na classificação geral, após 401 voltas completadas no circuito de 3.707 metros. Foi a primeira vitória de Pedro Muffato em 10 anos. "Fiquei uma década sem vitórias", revelou aliviado o "Muffatão" à equipe de reportagem da revista Quatro Rodas.


O domínio da trinca Muffato/Weigert/Trindade foi tanto que eles cruzaram a linha de chegada com 12 voltas de vantagem para o segundo colocado, o Japamóvel, um curioso Voyage encurtado, criação de João Noboru Mita, o "Japa".


Flávio Trindade, Gastão Weigert e Pedro Muffato comemorando a vitória



A corrida teve alguns incidentes e sustos, como por exemplo o incêndio de grandes proporções no Aldee da trinca Eduardo Homem de Mello / Jairo Sabatini / Toni Garcia. Sabatini estava na condução do carro na madrugada quando o motor explodiu. O piloto esqueceu de desligar a bomba elétrica e o corte de combustível ao deixar o carro. Como resultado, irrompeu-se um incêndio de grandes proporções, acabando com o carro. Outro susto envolveu a piloto Suzane Carvalho, que teve uma quebra na curva do Pinheirinho. O piloto Oscar Branco não conseguiu frear a tempo e acertou seu Gol em cheio.


O estrago no Aldee da trinca Eduardo Homem de Mello / Jairo Sabatini / Toni Garcia


Foi mais uma prova de longa duração que entrou para a história do nosso automobilismo. Os 15 mil expectadores presentes no Autódromo de Curitiba presenciaram uma ótima corrida, com todos os "ingredientes" obrigatórios para uma corrida de endurance.


Segue o resultado final da prova:


1º - Pedro Muffato / Gastão Weigert / Flávio Trindade - Aldee Coupê-VW Spiess - 401 voltas

2º - João Noboru Mita "Japa" / Ivan Franco / Júlio Machado - Japamóvel-VW

3º - Reikdal / Brito - Aldee Coupê

4º - Fiorezi / Fiorezi / Lopes - Aldee Coupê

5º - Ribeiro / Carta / Panico - Volkswagen Gol

6º - Aragão / Cláudio / Branco - Volkswagen Voyage

7º - Giublin / Marzalek / Scopel - Ford Escort

8º - Batistela / Kaminski / Gans - Volkswagen Passat

9º - Bornemann / Moraz / Lopes - Volkswagen Passat

10º - Dalicani / Iglesias / Tadeu - Volkswagen Passat







O Japamóvel em uma das paradas de boxes da prova













sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

500 Km de São Paulo de 2022 será realizado em setembro


Silvio Zambello avisa que os 500 Km de São Paulo de 2022 serão disputados em Interlagos, entre os dias 1 a 7 de setembro, com a corrida sendo realizada no feriado de Independência do Brasil - como sempre foi nos primórdios da prova. O evento estará repleto de provas preliminares e as inscrições para a prova serão abertas a partir do próximo mês.





sábado, 12 de fevereiro de 2022

Mais um carro da história do automobilismo nacional de volta às pistas


Hoje a equipe Big Power postou em suas redes sociais um GM Omega branco sendo reformado na oficina do time em São Paulo. Ao ver as fotos do carro, logo identifiquei, pelas cores e adesivagem, tratar-se de um Omega Stock Car do piloto Carlos Cunha, que disputava a categoria B no final da década de 90.


Eu já tinha visto esse carro na etapa inaugural da Stock Car Brasil, da temporada de 2014, em Interlagos. Na ocasião, o carro estava exposto junto de outros carros históricos, e cheguei a realizar umas fotos. Depois, em 2021, esse carro apareceu para ser leiloado com diversos outros carros de corrida históricos, inclusive alguns daqueles que estavam expostos lá em 2014. Todos estes modelos eram do Museu Jorm, que foi desmobilizado após a morte do seu dono, há três anos. A curadoria deste museu era realizada por Paulo "Loco" Figueiredo, especialista do assunto.


Agora, o carro está sendo preparado para voltar às pistas, pelas mãos da tradicional equipe Big Power. É mais um carro histórico do nosso automobilismo de volta às competições.



O Omega Stock Car de Carlos Cunha, clicado por mim na primeira etapa da Stock Car Brasil de 2014






Aqui o carro disponível para leilão, depois da desmobilização do Museu Jorm








As fotos dos stories da equipe Big Power, da data de hoje, mostrando o carro em reforma



Um Corsa da Copa Metrocar de volta para as pistas

 

No fim de semana passado, assistindo às provas da Super Liga de Automobilismo em Interlagos, especificamente na etapa da categoria Força Livre, um GM Corsa amarelo me chamou a atenção na pista. Ao olhar com mais detalhes as fotos realizadas pelo fotógrafo Caique Roberto, comecei a desconfiar de que se tratava de um carro clássico.


A minha desconfiança era de que aquele Corsinha era um exemplar da extinta Copa Corsa Metrocar,  categoria monomarca do pequeno hatch da Chevrolet, realizada no final dos anos 90 e início dos anos 90 com grids cheios e muito sucesso entre pilotos e público. O que me chamou a atenção, além da pintura amarela com faixas vermelhas e verdes, foram alguns detalhes no carro, como por exemplo os para-choques da época, sem alterações, além das capas de plástico no lugar dos faróis dianteiros, as molduras das caixas de roda, além do aerofólio da tampa traseira. Esses detalhes me fizeram acreditar de cara que ser tratava de um carro daquele campeonato. O número 55 no carro me fez ter a convicção de que se tratava, enfim, do carro utilizado pelo piloto Paulo Salustiano, na temporada de 2001 da Copa Corsa Metrocar.


Como o carro estava sendo cuidado pela equipe OtoCity na corrida do fim de semana passado, resolvi contatar o Otávio Carmacio, chefe, dono e idealizador da equipe Oto, para tirar essa dúvida. E o meu trabalho de "Sherlock Holmes" estava correto. O carro era mesmo um Corsa da Copa Metrocar. Otávio nos deu mais detalhes, na conversa que tivemos hoje: "o carro estava com motor 1.4 e 1 bico para gasolina da época. Ele andou até derreter pistão, hoje subiu minha receita OTO que é 2.0 original com câmbio de 1.4. O carro também estava com pneus slick´s aro 13, passei uma nova suspensão e pneus radiais aro 14."


Para finalizar, as fotos do carro, a primeira com Paulo Salustiano pilotando em 2001, e as fotos feitas no fim de semana passado, na etapa da Força Livre. Mais um trabalho de investigação do blog finalizado com sucesso!




O Corsinha pilotado por Paulo Salustiano na temporada de 2001 da Copa Corsa Metrocar, na época com patrocínio da Arisco



O Corsa atualmente, disputando a etapa da Força Livre da Liga Paulista, no fim de semana passado



MC Tubarão vem com carro novo para o Endurance Brasil


Nesta semana foi divulgada nas redes sociais da equipe gaúcha MC Tubarão uma foto da projeção do novo carro da equipe para a temporada de 2022 do Endurance Brasil. Trata-se de um protótipo Sigma P1 G4, porém em versão aberta e inédita, com a posição do piloto sentado mais ao centro do carro, e com o halo instalado.




O carro será equipado com motor Ford Duratech 4 cilindros, 16 válvulas e 2 litros, turbo-alimentado, com um câmbio de 6 marchas e mudanças feitas através de borboletas no volante. O carro está pintado, na projeção, na cor preta com as faixas vermelhas, esquema de cores já utilizados nos carros da equipe em anos passados.


É mais uma novidade importante para a temporada do Endurance Brasil, que promete ser muito interessante neste ano de 2022.



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

As novidades da equipe MC Tubarão para 2022


Uma postagem nas redes sociais revelou algumas novidades da equipe gaúcha MC Tubarão para a temporada de 2022. E são boas novas: o time voltará a construir um protótipo totalmente exclusivo para a disputa das provas de endurance - principalmente na temporada do Império Endurance Brasil - e também um novo carro para a disputa do Superturismo Gaúcho, com carenagem do Ford GT40. Reproduzo abaixo o texto da postagem da MC Tubarão e a foto divulgada pela equipe.







Estamos muito felizes em divulgar a primeira foto de um novo e enorme desafio!

Vamos colocar novamente em prática o que sempre foi a essência da equipe e um sonho do nosso mestre Carlinhos de Andrade: a construção dos próprios carros.

Essa história começou em 1996, com o Tubarão I e, agora, o nosso 11º carro da série Tubarão conta com a parceria da empresa @sigma_p1 em toda a parte de chassis e aerodinâmica.

O projeto vem sendo conduzido desde a metade de 2021 e vamos para a parte final da execução. Nosso objetivo é estarmos presentes na primeira etapa do @imperioendurancebrasil em 26 de março, em Goiânia. Temos muito trabalho pela frente, mas com a certeza de que vamos dar o nosso máximo para disputar esta prova na categoria P1.

Ao fundo da imagem, está um outro projeto que está sendo realizado visando o @superturismo2021

Será um carro todo construído por nossa equipe, com uma carenagem do lendário Ford GT 40, que fez sucesso recentemente no filme Ford x Ferrari.


Agora, é aceleração total e pé no fundo em 2022!



Mil Milhas Brasileiras - simplicidade versus modernidade


Um total de 56 anos separam as edições das Mil Milhas Brasileiras disputadas em 1966 - vencidas por Camilo Christófaro e Eduardo Celidônio - e em 2022 - vencidas por Aldo Piedade Jr. Beto Ribeiro e Jindra Kraucher. Nas fotos abaixo, é possível observar o contraste da simplicidade da Carreteira #18 vencedora de 1996 e a modernidade do protótipo Sigma P1 G4, o campeão da edição de 2022.
















Mais um Fórmula Ford à venda no Brasil


Depois dos dois Fórmula Ford disponíveis para venda na loja Old is Cool, mais um monoposto foi encontrado para negociação, dessa vez pelo pessoal do Raros & Achados. Trata-se de um modelo que sagrou-se vice-campeão da temporada de 1989, ano em que o piloto Tom Stefani levou a taça de campeão brasileiro de Fórmula Ford.


O carro - um modelo JQ/Reynard, está equipado com motorização Volkswagen AP 1.600 cm³, rendendo uma potência de 135 cavalos, acoplado a um câmbio de 5 velocidades. A carenagem e sua pintura estão em excelente estado de conservação e preservam o lay-out utilizado naquela temporada. As lindíssimas rodas também são de época, e estão montadas nos pneus slicks Pirelli P-Zero - quem arrematar o bólido ainda leva um jogo sobressalente de pneus.


Segundo o anúncio, o carro está em perfeito funcionamento e a pedida é de R$ 98 mil. Para quem se interessou, o contato é: (11) 9-8117-7070.


















A história inusitada de um Buggy que quase participou das 24 Horas de Daytona


O ano era 1970. Na edição das 24 Horas de Daytona daquele ano, um fantástico line-up de carros tomou parte da prova, como por exemplo os poderosos Porsche 917K, Ferraris 512S e 312P, Matra V12, só para citar os modelos da categoria esporte-protótipos. Porém, um simpático carrinho foi inscrito para participar daquela que seria a décima edição dessa importante prova de longa duração americana: um Buggy, desses que encontramos comumente em cidades praianas, andando nas areias e dunas com muita desenvoltura. Seria no mínimo pitoresco ver o simpático carrinho nas retas e curvas e principalmente na parte inclinada do traçado de Daytona.


O carro em questão era o Desert Volkswagen GS, produzido por uma pequena empresa americana liderada por Jon Krogsund, que também iniciou os trabalhos da equipe como piloto nos primeiros treinos em Daytona. O buguinho estava pintado de vermelho, foi inscrito com o numeral 44 e foi equipado com um simples santo-antônio atrás da cabeça do piloto, além de um pequeno pára-brisas. Nenhuma proteção adicional foi instalada, e era possível ver uma boa parte do corpo do piloto no trabalho da pilotagem. O motor era o tradicional Volkswagen refrigerado a ar, de quatro cilindros opostos dois-a-dois (boxer), com 1.700 cm³ de deslocamento.


O buguinho dividindo a pista com um Chevy Camaro



O buguinho foi enquadrado na categoria Protótipos (!), uma vez que, por tratar-se de um modelo fora-de-série, não se encaixava nos regulamentos FIA Grupo 1, 2, 3, 4 e 5, de carros de produção regular. Seus concorrentes na categoria seriam, por exemplo, os poderosos Ford GT40 e Matra V12. Mais um fato pitoresco nesta história!


O valente carrinho foi para os primeiros treinos, através da pilotagem do proprietário da fábrica, Jon Krogsund - estavam inscritos no carro ainda os pilotos norte-americanos Jim McDaniel e Steve Pieper. Pela tímida desenvoltura nas curvas e retas de Daytona, todos que acompanhavam as atividades de pista prendiam a respiração assistindo o buguinho em seu treinamento. E logo houve um incidente na pista - uma colisão na parte mista do circuito -, entre o bugue e o poderoso Porsche 917K, pilotado naquele momento pelo suíço Jo Siffert, que ficou furioso e pediu para a equipe formalizar uma reclamação junto à direção de prova, sob a alegação de que o carro era muito lento e que deveria ser excluído da prova.


A insólita imagem do bugue Desert GS à frente do Porsche 917K


O mais impressionante é que os comissários desportivos consideraram o incidente normal e indeferiram a reclamação da Porsche. Todavia, o fato foi o estopim para que o dono e piloto do carro, Jon Krogsund, retirasse o buguinho ali mesmo do fim de semana de prova, dando fim à aventura do insólito carrinho nas 24 Horas de Daytona de 1970. Pesou também na decisão, além do desempenho do carro, o fato de Krogsund ser também um representante de vendas não só da Volkswagen, mas também da Porsche nos Estados Unidos - o empresário não queria ter mais uma indisposição com os alemães e colocar, assim, em risco a sua parceria comercial.


Jon acabou por frustrar a todos que acompanhavam a prova, pois seria no mínimo curioso ver o buguinho dividindo curvas com protótipos e super-esportivos nas 24 Horas de Daytona.