Depois de sete anos de realização, o campeonato monomarca da Fiat, agora denominado “Copa Banco Real Fiat de Turismo”, viveu o seu ano mais difícil. Os patrocínios demoraram a serem fechados e a temporada começou somente em agosto, com a primeira etapa sendo disputada em Tarumã. A categoria teve em 1999 as divisões Palio “A” e Palio “B” e continuou com a organização liderada por Fábio Greco, que falou para a reportagem da revista Racing sobre as dificuldades enfrentadas: “o esforço foi enorme, mas valeu a pena. Conseguimos manter a associação com a Fiat e evitar que mais uma montadora abandonasse o automobilismo nacional. Ford e Volkswagen saíram garantindo que retornariam e não voltaram.”
André Bragantini Jr. foi o grande nome da temporada
A revista Racing, em sua edição de fevereiro de 1999, publicou uma matéria com o teste no Palio do campeão de 1998, o gaúcho Waldir Buneder. Algumas informações técnicas do carro foram divulgadas na matéria, como por exemplo que o carro era equipado com o já conhecido motor de 4 cilindros, 1.600 cm³, duplo comando no cabeçote com 16 válvulas e o câmbio original de 5 marchas. Os pneus utilizados na categoria eram os Pirelli PZero de medidas 175, perfil 50 e aro 13, montados nas bonitas rodas Scorro aro 13 e tala seis, com cinco raios. Os freios eram a tambor na traseira (os mesmos originais de fábrica) e a disco ventilado na dianteira, apenas com a instalação de pastilhas de competição, da marca Cobreq. A direção não tinha assistência hidráulica. A potência àquela altura chegava em 132 cavalos, e a velocidade máxima aferida foi próxima de 200 Km/h. Nada mal para um carrinho 1.6, sem profundas preparações!
Mas o mais interessante é o relato de uma volta rápida no Palio de corrida, repleto de detalhes, do jornalista João Alberto Otazu, responsável pelo teste em Interlagos. O ensaio foi realizado logo depois de encerrada a última etapa do campeonato de 1998: "as trocas de marchas são feitas a 7.500 rpm´s. O carro tem um limitador que corta o motor a 7.600 rpm´s. Como não etava acostumado, mudava de marcha a 7.300 rpm´s, o que não impediu que passasse de giro uma vez e experimentasse o corte do motor. Neste caso, os tuchos demoram a encher e se perde tempo. O motor tem comando de válvulas um pouco mais ´brabo´. Foi feita uma recalibragem da centralina e escapamento dimensionado para as novas condições, que deixaram o motor mais ´esperto´ do que o de rua."
O jornalista Otazú testanto o Palio de corrida em Interlagos
Otazú continua: "com o carro aquecido, dei início à minha ´flying lap´. Passei na bandeirada do circuito de Interlagos a 6.000 rpm´s e ganhei mais 200 giros até a hora da freada no ´S` do Senna. Segundo cálculos do Waldir (Buneder), eu estava a 185 Km/h. O contorno do `S` é em terceira marcha, com o motor um pouco `chocho´. No final da reta oposta já estou novamente a 6.000 rpm´s . Freio e tomo a curva do Lago em terceira. Na hora em que estou fazendo a perna para a esquerda, engato a quarta, que estico até a leve freada para o Laranjinha, quando estou a 6.800 rpm´s. Percorro toda a curva em quarta e reduzo para terceira na entrada do `S´. Do Pinheirinho, sigo em linha reta, pelo meio da pista, para não fazer uma tomada de curva desnecessária, até o Bico de Pato, em segunda. Na saída, vou até a zebra do lado esquerdo e faço uma pequena tomada para o Mergulho, quando vou trocando de marcha até a quarta. Na freada para a Junção, coloco a terceira marcha e vou subindo e esticando o giro até pegar a zebra da entrada do boxe, com um traçado fechado. A quinta marcha só é engatada próximo ao início dos boxes, na grande reta." Infelizmente, os tempos de volta não foram divulgados.
O campeonato em 1999 continuou dividido em duas categorias, a Palio "A" e Palio "B". Na categoria A, o título foi disputado arduamente entre André Bragantini Jr. - o campeão - e Antônio Jorge Neto. Os dois terminaram a temporada separados apenas por 1 ponto. Na categoria B, o campeão foi Gugu Guimarães.
Classificação final do campeonato – Palio “A”:
1º - André Bragantini Jr. – 134 pontos
2º - Antônio Jorge Neto – 133 pontos
3º - Waldir Buneder – 92 pontos
4º - Marcus Peres – 73 pontos
5º - Rogério dos Santos – 68 pontos
6º - Tazio Borghesi – 62 pontos
7º - Rogério Motta – 55 pontos
8º - Beto Borghesi – 50 pontos
9º - Luiz Otávio Paternostro – 39 pontos
10º - Belmiro Jr. / Daniel Gianfratti – 26 pontos
Classificação final do campeonato – Palio “B”:
1º - Antônio “Gugu” Guimarães – 115 pontos
2º - Nélson Bazzo – 107 pontos
3º - Márcio Lott / Ricardo Feltre – 106 pontos
4º - Marcelo Darhuj – 79 pontos
5º - João Laurentys – 47 pontos
6º - Alexandre Buneder – 42 pontos
7º - Lairton Miranda – 41 pontos
8º - Rafael Cohen – 40 pontos
9º - Ricardo Patreze – 35 pontos
10º - Mauri Zacarelli – 33 pontos
E aqui terminamos o especial da Copa Fiat de Turismo, uma das principais categorias monomarca que existiram aqui no país. Quero agradecer mais uma vez o apoio do meu irmão de Maceió, Ricardo Sarmento, que me abasteceu de fotos e vídeos do seu valioso acervo, que me ajudaram muito na confecção deste especial.
André Bragantini Jr., o campeão da Palio "A"
Antônio Jorge Neto à frente de André Bragantino Jr.: a grande briga pelo título da Palio "A"
Waldir Buneder foi o terceiro colocado na temporada da Palio "A"
Palio de Gugu Guimarães, o campeão da categoria B
Palio de João Vicente Laurentys
O gaúcho Waldir Buneder comemorando uma de suas vitórias no ano
Registro de Rogério Motta na primeira etapa da temporada
João Vicente Laurentys
O campeão da categoria A, André Bragantini Jr.
Carro do piloto e ator Humberto Martins, que competiu na categoria B
Mais um capítulo da história de nosso automobilismo contado com maestria. Meus parabéns, seu blog é uma referência para todos nós que amamos o automobilismo!
ResponderExcluirMuito obrigado! Seu apoio é fundamental pra gente concretizar as matérias!
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