terça-feira, 24 de agosto de 2021

A prova da Omega Stock Car Brasil no oval de Jacarepaguá em 1996


Os mais jovens talvez não saibam, os mais velhos talvez não lembrem, mas tivemos no país um circuito oval. Foi no Rio de Janeiro, no Autódromo de Jacarepaguá, que em 1995 começou a ser construído um circuito de quatro curvas e duas grandes retas, com três quilômetros de extensão, para sediar etapas brasileiras da Fórmula Indy. Era uma época de invasão de pilotos e patrocinadores brasileiros na categoria, embalados pelo sucesso de Emerson Fittipaldi, que naquela época já tinha um título no campeonato de 1989 e duas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis.




O circuito oval de Jacarepaguá



A primeira corrida no oval de Jacarepaguá – que, diga-se, de oval só tinha o nome, pois a pista não possuía curvas inclinadas e exigia freadas fortes e reduções de marcha nas curvas 1 e 3 – foi no ano de 1996 – dia 17 de março, para ser mais preciso - e foi sucesso de público, carente de eventos internacionais de automobilismo desde que a Fórmula 1 deixou de ser sediada no fantástico circuito misto do Rio, em 1989. E logo no primeiro ano da primeira corrida da Fórmula Indy no país, tivemos a fantástica vitória do brasileiro André Ribeiro, o que causou uma apoteose nas arquibancadas lotadas.


Seguindo a trilha da história, a prova brasileira no oval de Jacarepaguá foi realizada nos anos de 1997 (vitória de Paul Tracy), 1998 (vitória de Greg Moore), 1999 (vitória de Juan Pablo Montoya) e 2000 (vitória de Adrian Fernandez). Depois disso, não houve mais corridas da Indy por lá e o circuito foi praticamente abandonado.


Era esperado que, com a construção do oval no Rio de Janeiro, as categorias nacionais passariam a disputar etapas na pista, gerando uma “escola” de pilotos para uma futura carreira nos Estados Unidos, bem como o desenvolvimento de equipes, engenheiros e mecânicos para trabalhar com este tipo de prova, em que pese o circuito não fosse um oval na sua essência, em comparação com as pistas dos Estados Unidos. Mas não foi o que aconteceu: o automobilismo nacional não comprou essa ideia, e tivemos apenas uma corrida realizada no oval de Jacarepaguá de carros nacionais.


Foi a Stock Car brasileira, que em 1996, realizou a única corrida de uma categoria nacional no Oval de Jacarepaguá. A prova foi realizada no domingo, depois da corrida da Fórmula Indy, e não contou pontos para a temporada daquele ano, ou seja, foi um evento extra-campeonato.




A Omega Stock Car Brasil largando para sua única prova em um circuito oval



Os carros da Stock Car foram a primeira vez para a pista em uma quarta-feira, dia 6 de março de 1996, em uma sessão de testes de pneus. O treino também foi utilizado como teste do pavimento da pista, como prévia para avaliação dos organizadores, uma vez que as chuvas de verão na capital carioca haviam atrapalhado o processo final de cobertura asfáltica da pista. A presença dos Omegas da Stock Car testando lá foi de suma importância para a realização do evento da Fórmula Indy.




Wilson Fittipaldi Jr em ação no oval carioca - foto gentilmente cedida pelo jornalista Paulo "McCoy" Lava





Adalberto Jardim, o mais rápido no primeiro treino da programação do fim de semana da Stock Car no oval de Jacarepaguá




Mas nem tudo foram flores na corrida da Stock Car no oval do Rio de Janeiro. A prova chegou a ter sua realização ameaçada quando, no primeiro treino do fim de semana, realizado na quinta-feira, dia 14 de março, o vazamento de óleo de alguns carros sujou a pista. Os diretores da corrida da Fórmula Indy mostraram preocupação, mesmo sentimento dos dirigentes da Stock. Edson Novaes, diretor da categoria brasileira, falou sobre o episódio para o jornal O Estado de São Paulo: "não podemos correr riscos, qualquer sujeira pode prejudicar a prova da Indy." Neste primeiro treino, Adalberto Jardim foi o mais rápido, seguido de Wilsinho Fittipaldi Jr.






Depois de ser oficialmente cancelada no sábado, a prova foi finalmente realizada na tarde do domingo, após a corrida da Fórmula Indy. Depois de 29 voltas, a vitória ficou com o piloto Djalma Fogaça, (Equipe Axe/Lipton Ice Tea / Mattheis), que completou a prova em 31min54s049. A segunda colocação foi de Carlos "Carlão" Alves (Equipe Delco Freedom) e em terceiro chegou Nilson Vicentini. A melhor volta ficou com o piloto Fausto Bessa (Equipe JF Racing), com o tempo de 57s144 e média de 188,996 Km/h de velocidade.



Djalma Fogaça rumando para a vitória


Fogaça entrou para a história como o único piloto a vencer uma corrida de uma categoria nacional no oval de Jacarepaguá. O feito ficou esquecido no tempo, tanto que são raras as fotos desta prova extra-campeonato da Stock Car e imagens dos treinos e corrida são inexistentes.




Djalma Fogaça comemorando o triunfo



Apesar de ter acontecido apenas uma corrida em Oval, a Stock Car costumeiramente realizou em sua história - e ainda realiza - provas em "anéis externos" de circuitos no país. A primeira corrida nesse formato, e valendo pelo campeonato, ocorreu em 1991, no anel externo da pista de Brasília - lembrança do meu irmão Ricardo Sarmento.


Na ocasião, a Stock Car brasileira utilizava o Chevrolet Opala com motorização de seis cilindros e kit aerodinâmico denominado "Lumina", para descaractarizar o modelo da General Motors, que deixou de apoiar oficialmente a categoria naquela época. A prova no anel externo do circuito da capital federal compôs a quinta etapa do campeonato de 1991.


Ingo Hoffmann conquistou a pole positon com a melhor volta na marca de 1min03s717 e média de 164,923 Km/h, no traçado de 2.919 metros do "semi-oval", composto por cinco curvas - quatro para a direita e uma para a esquerda. Mas a vitória foi conquistada por Adalberto Jardim, que completou as 56 voltas em 1h01min41s e média de 159,001 Km/h. Paulo de Tarso Marques finalizou a corrida na segunda posição e Wilsinho Fittipaldi Jr. foi o terceiro. A melhor volta da corrida foi de Ingo Hoffmann.




Adalberto Jardim, o primeiro vencedor de prova em anel externo da Stock Car brasileira



Ao longo da história, a Stock Car brasileira realizou mais provas em anéis externos, em circuitos como Curitiba, Goiânia e também em Brasília. Depois de três anos, na temporada deste ano a Stock Car voltou a realizar uma prova em anel externo: foi em Curitiba, na ocasião em que Daniel Serra e Átila Abreu foram os vencedores.

10 comentários:

  1. Fazer preliminar com a F1 é uma tremenda roubada, ao menos aqui no Brasil. Todos os envolvidos são segregados a um canto qualquer do autódromo e, diante do espetáculo maior, ninguém dá a mínima para a preliminar, o que é uma pena.
    Nos meus tempos de Jornal da Tarde, por ocasião do GP do Brasil de 1992, o chefe de reportagem substituto (o titular estava em licença médica) deixou um recado na pauta da cobertura do GP - claramente direcionado a mim, que insistia em colocar um registro pequeno que fosse da estreia da F-Chevrolet no Brasil, como preliminar do GP: "A Fórmula Chevrolet só terá alguma nota em caso de morte".

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    1. Boa tarde meu Amigo.
      Coisas de Brasil.
      Na Globolixo, mostram tudo dos jogadores de futebol.
      O que o cara faz nas horas de folga, o que gosta de comer, brincando com o filho, passeando de carro, tocando pagode e por aí vai.
      O Esporte Espetacular deveria mudar o nome para Futebol Espetacular.
      Automobilismo infelizmente não tem valor nenhum aqui nesse País.
      Graças à DEUS, que ainda existem Pilotos e Jornalistas apaixonados pelo Esporte que ainda mantém o Automobilismo vivo.
      Mesmo com muita dificuldade.
      Grande abraço.....

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  2. Nossa kkkkk... é a mais pura verdade... Nas pesquisas para escrever os especiais do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, eu descobri o quanto pilotos e equipes sofreram quando a categoria fez preliminar do GP do Brasil em Jacarepaguá: os boxes ficaram relegados ao fundo das arquibancadas do retão; foi um festival de copos e sacos de urina na cabeça de pilotos e mecânicos... lamentável!

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    1. Boa tarde meu Amigo.
      Acompanho sempre o seu Blog.
      As Mil Milhas são um Patrimônio Nacional.
      Apesar de não ter valor nenhum para imprensa e para o público em geral, a corrida continua sendo a paixão de quem Ama o Automobilismo.
      Fico muito feliz quando vejo aqui no seu Blog que participaram da corrida Fuscas, Brasílias, Voyages e Opalas.
      Isso mostra que não importa o carro dos Pilotos.
      O que importa é o Amor pelo Automobilismo e pela Mil Milhas.
      Sou Caminhoneiro, mas um dia ainda sonho participar dessa corrida fantástica que faz parte da nossa História.
      Obrigado pelo Blog e por não deixar nossa história morrer.
      Grande abraço.....

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  3. Carelli, a etapa da Stock no Rio de Janeiro em 2000 (acho que a quarta ou quinta do campeonato) deveria ter acontecido no "oval". Era a primeira corrida da categoria que seria transmitida ao vivo pela Globo. Eu estava lá. Na sexta e no sábado, dias lindos, um baita sol. No domingo... chuva no melhor estilo Adelaide 1989 e 1991 ou Spa-Francorchamos 2021. Como a previsão do tempo já apontava para essa possibilidade, tirou-se do colete uma solução imaginada dias antes pelos promotores e pela direção de prova: usar um traçado "transgênico", um simulacro de oval. Foram usadas as duas retas do oval, mas os pilotos percorriam as curvas Sul e Norte do traçado misto (as curvas do oval ficaram como áreas de escape). Um horror, mas era o possível nas circunstâncias. E as duas corridas (rodada dupla) aconteceram sem maiores sustos nem acidentes.

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    1. Panda, fantástico! Muito obrigado por lembrar desse detalhe. Lembro de ter assistido essa corrida no Esporte Espetacular ao vivo. Grande abraço!

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    2. Boa tarde mais uma vez.
      Essa eu realmente não me lembro.
      Mas vou pesquisar sobre essa corrida.
      Como eu disse antes, Graças à DEUS que ainda existem apaixonados pelo Esporte que lutam para o Automobilismo não morrer.
      Grande abraço.....

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  4. Ahhh ganhou pq alguns não correram ou não aceitaram correr.
    Problema deles, já dizia o velho ditado, quem tem .. tem medo.
    Eu como não tinha nada com isso, fui, vi e venci .
    Aliás, ganhei todas disputada em ovais no Brasil, 100%, só teve uma e o troféu tá bem guardado aki em casa.
    Sensação única vencer nessa pista.
    De quebra anos antes tbem ganhei a primeira corrida de Fórmula Chevrolet no Brasil, preliminar do GP Brasil F1 em 92.
    Um ano antes venci de F.Opel a preliminar do GP de Imola na Itália, aquela q o Prost rodou na volta de apresentação.
    Tá vendo como sou fera ? Kkkk
    Abraço a todos e parabéns pela reportagem !

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  5. Boa tarde !!!!!
    Cara, não acredito que estou lendo um comentário escrito pelo próprio "Monstro" ou "Lenda" Djalma Fogaça.
    Um cara que já Pilotou tudo e venceu em tudo também.
    Desde Fórmula até Caminhão.
    Época em que os Pilotos eram Homens e não meninos.
    Que DEUS abençoe muito Você e sua Família.
    Serei sempre seu fã.
    Grande abraço.....

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    1. Caramba, to eu aki em 2023 vendo esse comentário kkk. Muito obrigado pelo carinho, grande abraço 👊

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