sexta-feira, 17 de abril de 2020

A última do Opala



Ainda no assunto Stock Car, lembro aqui da última prova da categoria realizada com os Chevrolet Opala, em Interlagos, no ano de 1993. Para o ano seguinte, a principal categoria do automobilismo nacional traria o novíssimo Ômega para as pistas.

Nesta etapa, coube ao então jovem piloto Luiz Fernando Baptista, filho do conhecido preparador Baptista, vencer as duas baterias e ser o último piloto vitorioso com o Chevrolet Opala na história. Hoje, Batistinha segue o legado do pai e lidera a oficina preparadora aqui em São Paulo.

Nesta última etapa estava em disputa também o título da temporada de 1993. Depois de muita luta, Adalberto Jardim perdeu o título para a dupla Ingo Hoffmann/Ângelo Giombelli.





A felicidade de Batistinha, sendo cumprimentado por Ingo Hoffmann no pódio





O Opala vencedor da última corrida do modelo na Stock Car





Batistinha liderando o pelotão


Grama virou zebra e zebra virou pista!



E falando em Ômega Stock Car, revirando o meu arquivo de fotos da categoria em meu computador, achei este registro de disputa de posição entre Djalma Fogaça e Adalberto Jardim, na segunda perna do "S do Senna", em uma das etapas de Interlagos no ano de 1994. Nessa disputa, a grama virou zebra e a zebra virou pista. Sensacional!




Adalberto Jardim (esquerda) e Djalma Fogaça - disputa quente!




A primeira vez a gente nunca esquece



A madrugada do dia 09 para o dia 10 de julho de 1994 (sábado para domingo) foi de muita ansiedade. O sono não vinha, o frio na barriga crescia a cada avanço de hora. Foi difícil dormir mesmo. A expectativa de assistir pela primeira vez uma corrida ao vivo no autódromo de Interlagos deixava eufórico o adolescente de 13 anos, aficcionado por carros e automobilismo.


Essa euforia havia crescido em mim quando chegou em casa, entregue pelo carteiro, a edição de junho de 1994 da revista Quatro Rodas. Dentro da revista, em uma página de propagando do evento entitulado "Chevrolet Challenge", havia dois ingressos para a etapa paulista da Ômega Stock Car e da Fórmula Chevrolet. Era o ano da estréia do Chevrolet Ômega na Stock. Os grids estavam cheios, tanto na Stock Car quanto na Fórmula Chevrolet. Os anos anteriores de crise na principal categoria de turismo do país, principalmente depois da retirada do apoio oficial da GM, estavam ficando para trás. No final do ano, ainda estrearia mais uma categoria com apoio oficial da Chevrolet e que integraria o evento "Chevrolet Challenge": a Copa Corsa.




Esta propaganda de página cheia da Quatro Rodas, acompanhada de ingressos foi o estopim para a primeira vez em um autódromo



Bom, voltamos então ao domingo, 10 de julho de 1994. Ao chegar no autódromo naquela manhã ensolarada de inverno, a partir da arquibancada "A", vi pela primeira vez o traçado do autódromo de Interlagos. A imensidão do traçado me fascinou de primeira.


O piloto-acrobata Carlos Cunha logo tratou de animar o grande público presente nas arquibancadas da reta principal com seu conhecido show. Andou em duas rodas, pulou de rampas, deu cavalos-de-pau, tudo isso usando carros de produção da Chevrolet, como Kadett, Monza, Corsa e outros.


Mas o grande impacto mesmo foi quando foi aberto o box para os Ômegas da Stock Car. O som dos motores, a velocidade, a vibração, o colorido dos carros e dos capacetes dos pilotos, tudo isso me impactou de tal forma que essa impressão toda impregnou na mente e na alma, chancelando de vez a paixão pelo automobilismo. Não tinha mais jeito, como diz Edgard Mello Filho, o "vírus do automobilismo já tinha sido encubado". A primeira vez, a gente nunca esquece!




Adalberto Jardim e seu Ômega multicolorido foram os grandes vencedores daquele fim de semana em Interlagos



Parati volta da funilaria - pára-choques ficaram zerados!


Esta semana demos uma pausa na quarentena para irmos buscar a Parati na funilaria JV & W, após a realização de pintura e correções nos dois pára-choques. O serviço, além da pintura, contemplou a instalação das garras (ou batentes, como alguns classificam) e também do encaixe dos faróis de neblina. Os frisos laterais, a grade dianteira e o friso do porta-lamas também foram pintados, igualando o padrão.

O carro ganhou um aspecto ainda mais especial, uma vez que os pára-choques já denotavam a ação do tempo. Enfim, o trabalho dos meus amigos da JV&W ficou sensacional e o resultado vocês conseguirão conferir nas fotos e no vídeo que fiz e postei em nosso canal do youtube, todos abaixo:























sexta-feira, 3 de abril de 2020

Seis veículos inusitados que disputaram o Rally Dakar



É inegável que o Rally Dakar é uma das competições automobilísticas mais duras e desafiadoras do mundo. É preciso muito mais do que coragem e preparação para disputar uma prova como esta. O Dakar virou sinônimo de "prova de desafio sobre rodas" para o mundo. Participar e sobreviver ao percurso é tão importante quanto vencer estágios ou mesmo a prova em sua categoria. Com mais de 40 anos de existência, o rally já passou por diversas mudanças de percursos, até mudou de continente, proporcionou histórias de alegrias dramas, tragédias (só lembrar que seu criador, Thierry Sabine, morreu em um acidente de helicóptero causado por uma tempestade de areia durante uma edição da prova) e viu uma série de veículos diferentes tomarem parte do desafio.

E é sobre os veículos da prova que vamos falar nesta postagem: selecionamos seis veículos inusitados que participaram do Rally Dakar em toda a sua história. Vamos detalhar cada um deles a partir de agora.



Piaggio Vespa 200E


No primeiro ano do Paris-Dakar, a companhia italiana Piaggio foi a primeira fábrica a inscrever uma equipe na história do rally. E o veículo escolhido não poderia ser mais inédito que a sua tão provada Vespa, na versão 200E. As valentes "Vespinhas" não chegaram ao final da edição de 1979, mas voltaram com 4 motonetas na edição de 1980. Fizeram apenas algumas alterações como a troca dos pneus originais pelos de "todo terreno", tanques de combustível com maior autonomia, implementos de reforços em algumas estruturas, como guidão e suspensões, e partiram para o deserto. Das 4 Vespas inscritas, duas chegaram ao final do rally, provando a fama de resistência. Não fossem as punições recebidas ao longo da prova, as "Vespinhas" poderiam até ter conseguido posições de maior destaque que o 28º e 30º lugares. Mas só o fato de terem finalizado o maior rally do mundo já foi um feito e tanto!




Deve ter sido uma experiência e tanto cruzar os desertos africanos a bordo dessas maquininhas





As quatro Vespinhas participantes da edição de 1980



DAF 3300


O caminhão da companhia holandesa DAF, em sua versão 3300 que disputou as edições de 1984 e 1985 do Rally Paris Dakar poderia receber o apelido de "tanto-faz", já que o modelo possuía uma réplica de cabine (ou boléia, como alguns gostam) na parte traseira. Ou seja, quem o via de trás, via a frente do caminhão. Mais inusitado que isso, impossível! O monstro pilotado pelo holandês Jean De Rooy, fera neste tipo de caminhão, infelizmente abandonou a prova nas duas edições em que o DAF foi equipado com esta falsa cabine.










Renault KZ 11CV


A edição de 1979 do Paris Dakar teve a participação de um veterano de 52 anos de idade, com aspecto de "calhambeque", mas que apesar de toda a sua idade, não fez feio. O Renault KZ, que já havia participado em 1927 (!) de um rally de 36 mil quilômetros de extensão em mais de 30 dias de prova, terminou a edição de 1979 na 71ª colocação. O valente carro francês foi inscrito para o Dakar no ano seguinte, mas não resistiu e abandonou a prova após seu cansado chassi ter quebrado.







Parece uma cena dos anos 20, mas o registro data de 1979




Studebaker 8x8 Proto Seiko


Enquadrado na categoria de caminhões, o veículo das fotos foi trazido para o rally em 1982. Com o patrocínio da relojoeira Seiko, o monstro de tração nas 8 rodas (portanto, equipado com 4 eixos, sendo que os dois dianteiros eram direcionais) era baseado em um veículo de prestações militares do exército dos Estados Unidos. Estava equipado com um propulsor V8 bi-turbo alimentado por diesel. O grandalhão tinha muitas funções além de participar da prova: seu vasto espaço interno dava lugar a diversas atividades paralelas à disputa, como por exemplo, recepcionar com champagne e jantar pomposo o vencedor de cada etapa do rally, além de abrigar uma sala de imprensa.








O "mamute" de 8 rodas que servia jantares luxuosos em pleno deserto - tem algo mais excêntrico e inusitado do que isso no esporte a motor?




Jules Proto I


Uma miscelânia total. Essa pode ser a definição do Jules Proto I, que disputou o Paris Dakar em 1981. A aparência era de um luxuoso Rolls Royce Corniche Coupé (importante ressaltar que mantiveram o interior luxuoso com os acabamentos em couro e madeira nobre, a cara da realeza britânica), mas era apenas a carroceria do modelo inglês. Por baixo, havia uma estrutura de Toyota Land Cruiser. O motor era um americano V8 Chevrolet "small block" de 5,7 litros e 355 cavalos de potência, e o piloto e co-piloto, franceses. O patrocínio vinha do perfume Jules, do badalado estilista Christian Dior. O carro finalizou a prova.







O "garbo e elegância" de um legítimo Rolls Royce enfrentando a dureza dos desertos mais inóspitos do mundo: contrariedade total






Jules Proto II 6x4


A aventura de 1981 encorajou os franceses a construir a segunda versão do Jules Proto para participar do Dakar em 1984. Dessa vez, construíram uma carroceria exclusiva, sem base alguma em modelos de produção. O conjunto mecânico (motorização) e estrutural foi o mesmo utilizado no Jules Proto I, o Rolls Royce Corniche. O desenho da "casca" do carro era um misto de coupé e picape, uma sacada que permitia levar os suprimentos e equipamentos sobressalentes necessários para a longa prova em sua caçamba traseira. Para terminar os aspectos técnicos, era configurado na tração 6x4, ou seja, dois de seus 3 eixos (o dianteiro e o primeiro traseiro) levavam força ao solo. Contavam novamente, também, com o apoio financeira da perfumeira Jules. Não chegaram ao final do rally, quebrando logo no começo da competição.