sábado, 31 de dezembro de 2011

Homens especiais


O ano de 2011 ficará marcado no mundo do automobilismo como um ano em que três excepcionais pilotos nos deixaram. Gustavo Sonderman, na Copa Montana, Dan Wheldon na Fórmula Indy e Marco Simoncelli na MotoGP.


Em comum entre estes três homens estão predicados especiais, como carisma, humildade e talento para aquilo que faziam. Qualquer perda no automobilismo é sempre sentida. Mas a perda destes três pilotos em especial foi muito dolorida e ainda não foi superada totalmente no mundo do esporte a motor.


No caso de Sonderman, o que me resta é muita revolta. Os dirigentes nada fizeram de efetivo para melhorar a segurança da categoria, o que é no mínimo uma vergonha para o automobilismo nacional. É bom lembrar que, em 2007, Rafael Sperafico perdeu a vida no mesmo local e com o mesmo carro. Ou seja, de lá para cá, a categoria continuou a utilizar o mesmo chassi, sem evoluções no quesito segurança. A medida paliativa foi utilizar a chicane na subida do café, com o intuito de matar a velocidade no local. Mas essa chicane mostrou-se ineficaz e até perigosa em algumas situações, como por exemplo em um acidente na Copa Linea com o piloto José Vite, que bateu de frente com o muro da arquibancada.




Enfim, nada disso trará o Gustavo Sonderman, piloto excepcional e de um caráter exemplar, de volta. Tivemos o privilégio de assistir os treinos do sábado anterior ao acidente e ver o Gustavo fazendo o que melhor sabia fazer: acelerar fundo, ir ao limite com sua pilotagem técnica em Interlagos.


Marco Simoncelli era quase que unanimidade entre os aficcionados pelo motociclismo. Sua figura de sorriso fácil e seus cabelos que lhe deram a alcunha de “urso do cabelo duro” conquistavam a simpatia de qualquer mortal. Em cima da magrela, não fazia feio: era rapidíssimo e agressivo, o que lhe rendeu algumas desavenças dentro da pista. Jovem, ainda tinha muita carreira pela frente e, com certeza, num futuro muito próximo, ainda faria dupla com seu compatriota, Valentino Rossi, na italiana Ducatti. Mas não foi assim que o destino quis. Seu acidente pode ser classificado como uma fatalidade. Ironia do destino, seu amigo Rossi envolveu-se nele, porém sem culpa para o italiano.




Estamos em Indianápolis, maio de 2011. Dan Wheldon, que não vinha fazendo a temporada completa da Fórmula Indy, vence na última volta, de forma espetacular, após uma batida no muro do líder, J. R. Hildebrand, as 500 Milhas de Indianápolis. Foi a sua segunda vitória em Indy na carreira do piloto inglês, que por todo o ano trabalhou no desenvolvimento do chassi Dallara para 2012. A última prova do ano da Indy, em Las Vegas, era para ser de muita festa e alegria pelo encerramento do ano e também pela premiação especial. Existia a possibilidade da participação de pilotos convidados, porém somente Wheldon candidatou-se a participar. Na volta 12, a fatalidade: metade do grid envolve-se em uma batida múltipla. Vários carros decolam, entre eles o do australiano Will Power e o de Wheldon, que infelizmente voou de encontro às telas do alambrado, de cabeça para baixo. O carro perdeu toda a parte do santoantônio, que protege a cabeça do piloto. Foi um choque fatal.



Neste finzinho de ano, faço essa singela homenagem a estes homens especiais, corajosos, que fazem falta nas pistas pelo mundo.


Um feliz 2012 a todos e um ano novo cheio de realizações!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vai para Le Mans, Rubens!


As vagas disponíveis na Fórmula 1 para 2012 são escassas. Há uma vaga a definir na Williams, na Hispania e na Marussia. O resto já está garantido. Quem possuir grana garante o assento, porém, há muitos candidatos, com ou sem grana, para apenas 3 vagas.

Um destes candidatos é o brasileiro Rubens Barrichello. Com 19 anos de carreira, Rubens ainda deseja continuar a disputar a categoria máxima do automobilismo por pelo menos mais uma temporada. Porém, como já falamos, a concorrência é forte e numerosa e suas chances a cada dia tornam-se mais remotas.

Acompanhei a carreira de Barrichello bem de perto, desde sua estréia em 1993, pela equipe Jordan. Lembro que ele destacou-se neste ano no GP da Europa, que foi disputado no circuito inglês de Donington Park. Com chuva, Barrichello mostrou habilidade e chegou a estar em terceiro lugar, mesmo com um carro mediano como o Jordan-Hart,  antes de abandonar por uma falha mecânica. Essa corrida foi vencida por Ayrton Senna, que fez uma das largadas mais espetaculares, saindo de 5º para o 1º lugar na primeira volta, debaixo de chuva.

Em 1994, a Jordan evoluiu e Rubens chegou a conquistar um pódio (em Ainda, Japão, GP do Pacífico) e uma pole-position (GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps). O brasileiro ficou na 6ª posição do campeonato, com 19 pontos. Em 1995 e 1996, um declínio no desempenho de Rubens. Neste período, apenas um pódio conquistado e algumas boas atuações com o Jordan-Peugeot.



Em 1997, Barrichello muda de equipe. Vai para a estreante Stewart, do tricampeão escocês Jackie Stewart, apoiada oficialmente pela Ford, fornecedora do propulsor. Em Mônaco, novamente embaixo de chuva, Barrichello conquista fantástico 2º lugar, atrás apenas de Michael Schumacher, de Ferrari. O ano de 1998 não foi generoso com Barrichello e a equipe Stewart. Com um carro pouco competitivo, Rubens apenas marca pontos e fica na esperança de que o time escocês projete um carro melhor para 1999.

E as esperanças de Barrichello foram concretizadas. A Stewart faz um carro competitivo, que permitem ao brasileiro e ao seu companheiro, o inglês Johnny Herbert, disputar poles, pódios e até vitórias (Herbert venceu em Nurbürgring, em uma confusa corrida). Barrichello termina o ano com um saldo mais do que positivo: 3 pódios (3º lugar em Ímola, Magny-Cours e Nurburgring), além de uma pole-position em Magny-Cours.

Rubens Barrichello renasce na carreira e fecha contrato com a Ferrari para ser companheiro de Michael Schumacher, a partir de 2000. Logo em seu primeiro ano, Rubens vence seu primeiro GP, na Alemanha, circuito de Hockenheim. Foi uma bela demonstração de pilotagem do brasileiro, que partiu da 18ª posição e recuperou-se, correndo nas últimas voltas de pista molhada com pneus slicks, de pista seca. Foi uma vitória com “V” maiúsculo, muito comemorada pela equipe e pelo piloto. Barrichello correu pela Ferrari de 2000 a 2005. Conquistou dois vice-campeonatos e nove vitórias, porém as atenções da equipe estavam voltadas para o alemão Michael Schumacher, que neste período, conquistou 5 títulos.

De 2006 a 2008 Barrichello corre pela Honda, porém a equipe não consegue construir carros competitivos e o brasileiro amarga péssimos resultados. Quando parecia que sua carreira estava prestes a acabar, Barrichello corre pela equipe Brawn GP, em 2009, vence duas corridas e chega a disputar o título com seu companheiro de equipe, o inglês Jenson Button. Depois, Barrichello muda-se para a Williams, que não tem mais o desempenho de outrora, e amarga as posições intermediárias das corridas em 2010 e 2011.
Caso não consiga vaga para o ano que vem na Fórmula 1, gostaria muito de ver Rubens Barrichello pilotando, por exemplo, no Mundial de Endurance. Barrichello tem experiência, é muito talentoso e veloz e, com certeza, teria uma rápida adaptação com os protótipos. Acredito que qualquer das equipes oficiais de Endurance, como a Peugeot e a Audi, gostaria de ter na sua relação de pilotos o brasileiro. Rubens traria consigo muito know-how técnico (não podemos esquecer que Rubens acompanhou 19 anos de evolução técnica e tecnológica da principal categoria de automobilismo do mundo), para aprimorar e desenvolver o equipamento ao seu limite, além da sua “mão-de-obra” mais do que especializada, uma pilotagem ao mesmo tempo técnica e agressiva.


Neste contexto, ainda haveria um outro desafio a Rubens Barrichello. Ser o primeiro brasileiro a vencer uma das mais importantes provas da história do automobilismo, ao lado das 500 milhas de Indianápolis e do GP de Mônaco: as 24 Horas de Le Mans. Vencer por si só a legendária prova de longa duração já seria um grande feito. Ser o primeiro brasileiro a fazê-lo, seria de fato entrar definitivamente para a história. Então, vai aqui o meu apelo: Vai para Le Mans, Rubens!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Arquivos do Celular - Bela baratinha





Esse é difícil de ver por aí: Pontiac Solstice, flagrado na Avenida do Estado, São Paulo (SP).

domingo, 4 de dezembro de 2011

O Kart de 2 lugares

É difícil explicar em palavras a quem nunca andou a sensação de correr de Kart, seja em uma pista veloz, como é o caso do Kartódromo Schincariol em Itú, seja em uma pista seletiva, com subidas, descidas, curvas de alta e de baixa, como na Granja Viana. Mas vou tentar contar para vocês como é pilotar um Kart no limite.
A primeira sensação que impressiona é a velocidade, principalmente porque o piloto senta-se praticamente no chão. E essa velocidade impressiona tanto em passagem de reta (e o efeito do vácuo também funciona no Kart) quanto em tomada de curva.
Reginaldo nos coloca dentro do Kart, na pista da Grana Viana, neste vídeo feito em 2007
E as curvas são contornadas com rapidez graças à direção com reações curtas, rápidas e diretas. Apesar de dura, um pequeno movimento da direção já é suficiente para mudar a trajetória do kart.
Mas nada se compara ao contorno de curvas de alta velocidade em um kart. Como não há sistema de suspensão, conseqüentemente não há o tradicional "rolling", que é o balanço da carroceria na transferência de peso, em contorno de curva. Então, escorregar nas 4 rodas é algo comum na pilotagem de um Kart, com algumas pitadas de saídas de traseira, devidamente eliminadas com o contra-esterço e trabalho nos pedais. São nas curvas de alta que mais sentimos a atuação da força G e o trabalho de jogar o peso do corpo contrariamente ao contorno da curva é importante para uma boa performance.
Quando chove, a pilotagem torna-se pura sensibilidade. As tomadas de curva mudam e o spray de água passa a fazer parte do cenário. Como não há assoalho a água sobe pelo banco e molha praticamente todo o corpo, fazendo com que a visibilidade fique bem comprometida.
Enfim, apenas com palavras, como disse anteriormente, não basta para repassar as sensações da pilotagem de um Kart em seu limite. Assim, poderia existir um Kart de 2 lugares, assim o "passageiro" poderia experimentar todas essas sensações incríveis.